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Piloto mais rápido do Brasil atinge 500 km/h em menos de 5 segundos

Paulo Anshowinhas

Do UOL, em São Paulo

03/12/2013 12h00

“Falta pista no Brasil para acelerar”, reclama o empresário Sidnei Frigo, o Grandão, de 42 anos, maior ídolo brasileiro de dragsters, hexacampeão de arrancada e único piloto brasileiro a participar do Circuito da NHRA (National Hot Road Association), principal entidade da modalidade.

Morador do interior de São Paulo e dono de uma fábrica de papelão, Grandão faz bonito nas pistas. Com seu dragster modelo Top Fuel, já atingiu mais de 500 km/h em menos de cinco segundos em competições nos Estados Unidos. Com um motor de incríveis 4 mil HP (cavalos de força), de 16 válvulas (V8) e movido por uma mistura de nitrometano, o poder da explosão desse “foguete” sobre rodas é capaz de causar um impacto de força de até 5 G. Na corrida, o piloto experimenta uma força contrária igual a cinco vezes o seu peso.

Apesar dos riscos inerentes a tamanha velocidade, Grandão diz que não vê grandes riscos no esporte.

“Pilotar kart é muito mais perigoso, porque não tem Santo Antonio para proteger de colisões ou capotamentos e não tem cinto de segurança tão seguro quanto nos dragsters”, defende-se ao lembrar que utiliza um cinto de sete pontas.

“Meu maior medo foi quando minha esposa capotou”, revela Grandão, que conta que até os filhos de 10 e 14 anos praticam o esporte. Cada um deles tem sua própria máquina, mas com potências menores, que não chegam a 200 km/h.

Para o mecânico Alexandre Pacheco, de 34 anos, que acompanha Grandão e a equipe da Artivinco Racing há cerca de 10 anos, os dragsters são veículos “dóceis” devido sua estabilidade. Apesar disso, os veículos só são capazes de parar com o auxílio de potentes paraquedas.

“Os funny cars são muito mais perigosos” conta Alexandre, que atribui o risco aos motores posicionados na parte dianteira e por serem fechados, o que dificulta a saída do piloto em caso de incêndio ou colisão.

Para conseguir melhorar sua classificação e abrir espaço para novos talentos da alta velocidade nacional, Grandão tem planos de abrir sua própria pista na cidade de Itatiba, no interior de São Paulo.

“Dependo apenas de licença ambiental”, diz o empresário que tem todos os seus custos bancados por sua empresa de produção de embalagens, a Artivinco. Os valores são tão altos quanto a velocidade dos carros. Um modelo Top Fuel, como o que Grandão mantém nos Estados Unidos, custa US$ 500 mil (cerca de R$ 1,2 milhão), isso sem falar em combustível, e manutenção de uma equipe de competição ativa para participar de ao menos 10 provas pelos Estados Unidos - o que lhe garantiu inclusive ser nomeado como um dos seis melhores pilotos estreantes no circuito da NHRA em 2013.

Neste ano, nos dias 12 e 15 de dezembro, Sidnei Grandão já convida o público brasileiro para assistir a sua próxima prova, que será realizada no Autódromo Internacional de Curitiba com o Festival Brasileiro de Arrancada. Mesmo sendo considerado um dos favoritos, Grandão não perde o ritmo. “Acelerar é preciso”, dispara.