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ANÁLISE

China é número 1 do quadro de medalhas paralímpico desde Atenas-2004

Xinyi Wang (prata), Liwen Cai (ouro) e Guizhi Li (bronze): pódio fechado da China dos 100m costas - Buda Mendes/Getty Images
Xinyi Wang (prata), Liwen Cai (ouro) e Guizhi Li (bronze): pódio fechado da China dos 100m costas Imagem: Buda Mendes/Getty Images

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, de São Paulo

31/08/2021 18h41

A China caminha para fechar os Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 com uma performance impressionante sobre o segundo colocado no quadro geral de medalhas. Mais uma vez. Afinal, no sétimo dia do total de 12, já são 132 (62 de ouro, 38 de prata e 32 de bronze) contra 80 da Grã-Bretanha (29 de ouro, 23 de prata e 28 de bronze). E os chineses ainda competem com uma delegação menor que a do Brasil —251 atletas (a maioria mulheres, 132, e 119 homens), contra 259 de brasileiros. Os britânicos levaram pouco menos: 228.

Desde Atenas-2004, quando pulou da sexta colocação de Sydney-2000 para o topo da tabela de medalhas, a supremacia chinesa é tão grande quanto o leque de explicações para essa liderança disparada.

Analistas internacionais fazem observações das mais diversas sobre a situação do país que teria entre 60 e 100 milhões de pessoas com alguma deficiência, do total de quase 1,4 bilhão de chineses. Como a participação em competições paralímpicas desde 1950. Ou o fato de Deng Pufang, filho do ex-líder Deng Xiaoping e usuário de cadeira de rodas, ter presidido a Federação Chinesa para Pessoas com Deficiência (tradução para o português da sigla CDPF, em inglês) e aprovado várias leis para melhorar a qualidade de vida nesse segmento da população (essa não é das explicações mais aceitas, pelo tanto de denúncias de corrupção que já envolveu).

Muitos acreditam que a garimpagem de talentos seja parecida à dos atletas olímpicos, nos moldes da antiga União Soviética, para participações internacionais. E que o objetivo seja passar a imagem de que a China cuida de sua população como um todo, não deixando as pessoas com alguma deficiência de lado. Assim, se teria facilitado a transição para uma economia "mais livre" de mercado, iniciada com Deng Xiaoping, afastando a crença de que essas pessoas seriam incapazes ou improdutivas, como eram vistas à época do comunismo "mais puro" de Mao Zedong.

Wenjuan Huang e Jingian Mao, do tênis de mesa da China - John Walton - PA Images/PA Images via Getty Images - John Walton - PA Images/PA Images via Getty Images
Wenjuan Huang e Jingian Mao, do tênis de mesa da China
Imagem: John Walton - PA Images/PA Images via Getty Images

Mas também há desconfiança de que, mostrando a imagem de atletas poderosos, o governo procure se eximir de políticas que ofereçam maior assistência às pessoas com alguma deficiência, "empurrando" assistência e cuidados à sociedade em geral e familiares em particular com a mensagem de que todos têm chance de conseguir sucesso por seu esforço pessoal, ou com apoio de seu entorno, sem depender de políticas públicas. Os campeões paralímpicos, assim, envergonhariam quem não seguisse seu exemplo.

Primeira participação: 1984

Vice-presidente da CDPF, Wang Xinxian faz questão de dizer que os paralímpicos não são atletas profissionais, que só estão no esporte competindo em grandes eventos pelo apoio econômico de suas famílias. E que, por isso, outros tantos considerados excelentes ficam fora das delegações.

De toda forma, se na China as pessoas com deficiências têm ou não politicas voltadas a elas, a performance em Jogos Paralímpicos é tradicionalmente arrasadora. Sempre no topo do quadro de medalhas.

Desde que passaram a participar das Paralimpíadas, os chineses já têm 1.163 medalhas no total, sendo a maior parte de ouro: 502 (com 378 pratas e 283 bronzes). Foram 22 medalhas em Stoke Mandeville/Nova York-1984, e 43 em Seul-1988. Depois da baixa em Barcelona/Madri-1992, com 31, a China vem num crescendo: 39 em Atlanta/1996; 73 em Sydney-2000; 141 em Atenas-2004; 211 em Pequim-2008; 231 em Londres-2012 e 239 no Rio-2016.

Seguir no topo em Tóquio-2020 já é definitivo. Se for com menos medalhas do que no Rio-2016, a justificativa está pronta: as dificuldades e a falta de competições durante a pandemia. Apesar de a chefe de missão Zhang Haidi ter dito, na chegada a Tóquio, que os chineses treinaram muito forte.