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Criatividade garante mensagem de inclusão na abertura das Paralimpíadas

Denise Mirás

Colaboração para o UOL, de São Paulo

24/08/2021 10h51

Com roteiro inteligente e criativo, sob o tema "Nós temos asas", o espetáculo que preencheu o Novo Estádio Olímpico de Tóquio com cores das bandeiras de todos os países garantiu, por meio da dança e da interpretação, que a mensagem de inclusão fosse repassada ao mundo durante a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos-2020.

Andrew Parsons, o brasileiro que presidente o Comitê Paralímpico Internacional (CPI), lançou a campanha "Nós somos 15%" para os participantes, como exemplos de motivação e capazes de mudar a vida de um bilhão de pessoas com deficiência - ou 15% da população mundial - com cenas gravadas em diferentes países.

O jogo de luzes - que pintaram o estádio como uma tela multicolorida bem aproveitada em seus espaços - antecedeu uma apresentação de dança inspirada na animação "Vidas ao Vento" para a apresentação do tema "Nós temos asas". Na "pista do para-aeroporto", a atriz representando uma monoasa aprende que pode voar, do seu jeito, a partir de outros seis atores com diferentes deficiências, interpretando "aeronaves" diversas. E hesita.

Seguindo um roteiro inteligente e criativo, a apresentação cria expectativa - há interrupção para discursos de abertura, com presença do Imperador Narohito, hasteamento de bandeiras e juramentos, mais um misto de espetáculo de magia com banda de rock e dançarinos com figurinos futuristas - antes de, finalmente, a atriz-monoasa-de-13-anos se decidir pela decolagem ao som do solo de guitarra, com luzes simulando o voo, antes do acendimento da pira, por três atletas paralímpicos.

Pela cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020, ficou claro que as medidas de segurança contra a covid-2019 ficaram mesmo ainda mais restritivas, depois da edição olímpica: não se viu o descuido da falta de máscaras, por exemplo, entre as delegações - e o distanciamento também foi mais respeitado. No desfile, uma mostra da diversidade das populações do planeta, chamaram atenção ainda o cuidado e a elegância dos uniformes e trajes típicos (sempre muito esperados) dos países.

Evelyn Oliveira e Petrúcio Ferreira, porta-bandeiras nas Paralimpíadas - Marko Djurica/Reuters - Marko Djurica/Reuters
Evelyn Oliveira e Petrúcio Ferreira foram os porta-bandeiras do Brasil na cerimônia de abertura das Paralimpíadas
Imagem: Marko Djurica/Reuters

Clodô e Verônica, destaques

Mas o grande trunfo da SporTV, para driblar a sensação estranha de uma apresentação em meio à pandemia, foi convocar o "Tubarão" Clodoaldo Silva, nadador supercampeão, e Verônica Hipólito, do atletismo, uma das mais expressivas representantes do movimento paralímpico brasileiro.

Os dois, muito descontraídos, preencheram o vazio em que o evento poderia ficar com informações importantes para o público em geral, histórias interessantes e muito bom-humor, sob o comando do narrador Sérgio Arenillas.

Clodoaldo participou de cinco edições, com sucesso maior na natação de Sydney-2000 e de Atenas-2004. Com 14 medalhas em Jogos Paralímpicos (6 ouros, 6 pratas e 2 bronzes), hoje é empresário e palestrante. Verônica brilhou, não apenas com esclarecimentos ao público, informações técnicas, sobre atletas de destaque no desfile, e ainda contando histórias dela mesma, vividas dentro do esporte paraolímpico.

Os porta-bandeiras pelo Brasil foram Evelyn Oliveira, da bocha, e Petrúcio Ferreira, da classe T47, o "Bolt" dos paraolímpicos, que "passou mico" na sambadinha e até teve de parar para atender Tamiru Tenisse pedindo selfie - o corredor etíope, que foi refugiado no Brasil, "já é da família", segundo Verônica.