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Brasileiro de coração, Soubak retorna à Europa e lamenta adeus ao churrasco

Soubak é um dos principais responsáveis pelo crescimento do handebol feminino no Brasil - Flávio Florido/UOL
Soubak é um dos principais responsáveis pelo crescimento do handebol feminino no Brasil Imagem: Flávio Florido/UOL

Rodrigo Farah

Do UOL, em São Paulo

30/05/2013 06h00

Apontado como um dos principais responsáveis pelo crescimento do handebol feminino no Brasil, Morten Soubak terá casa nova a partir de agora. O técnico dividirá o trabalho na seleção com o comando do tradicional time austríaco Hypo No. E apesar de ser dinamarquês, ele lamenta profundamente o fato de deixar o país e ter que se despedir do churrasco e da culinária verde-amarela.

“Mesmo sendo europeu, já virei brasileiro. Acostumei-me com a cultura, com os hábitos e com a vida do brasileiro”, destacou Morten, que já está no país desde 2005. “Tirando a família, vou sentir muita falta da comida brasileira, é a melhor culinária do mundo. Gosto muito do churrasco, principalmente, e das especialidades baianas, mineiras...”, completou.

Em entrevista ao UOL Esporte, Morten Soubak salientou que só aceitou comandar a equipe na Áustria pelo convênio que ela possui com a Confederação Brasileira de Handebol. O time conta com nada menos do que oito brasileiras no elenco – base da seleção, com destaque para a melhor jogadora do mundo, Alexandra Nascimento.

O técnico dinamarquês também falou sobre como dividirá as duas funções e comentou ainda sobre o interesse em transformar as atletas da equipe nacional em ícones do esporte no Brasil. Confira os principais trechos da entrevista:

UOL Esporte – Como recebeu o convite para comandar o Hypo No? E como será voltar a trabalhar em um clube novamente?
Morten Soubak
- Estou contente e feliz pela oportunidade de trabalhar no Hypo, um time de tradição. Mas é claro que um dos principais motivos é a presença das oito brasileiras na equipe. A confederação tem um convênio com o clube e isso pesou. Vou poder trabalhar no dia-dia com as meninas da seleção adulta e isso ajudará muito o nosso trabalho. Vou olhar o que acontece com elas de perto e com as outras meninas que atuam na Europa. Também poderei observar e acompanhar nossas principais adversárias.

UOL Esporte – Você voltará a viver na Europa, mas agora em uma cidade pequena, com pouco mais de 20 mil habitantes (Mödling). Precisará se readaptar à vida por lá?
Morten Soubak
– Mesmo sendo europeu, já virei brasileiro. Acostumei-me com a cultura, com os hábitos e com a vida do brasileiro. Mas é claro que já conheço o cotidiano na Europa. A grande novidade para mim será a língua alemã. Eu falava um pouco, mas me esqueci de muita coisa. Vou precisar de aulas.

UOL Esporte – E do que sentirá mais falta no Brasil?
Morten Soubak
– Da minha família, com certeza. Será algo bem intenso para mim, pois eles ficarão por aqui. Mesmo quando for trabalhar com a seleção, será tudo lá, em outubro. Vamos montar a base da seleção no Hypo No, com treinos e amistosos. Mas tirando a família, vou sentir muita falta da comida brasileira, é a melhor culinária do mundo. Gosto muito do churrasco, principalmente, e das especialidades baianas, mineiras... Até mesmo o sushi que fazem no Brasil é muito bom. Isso me fará falta.

UOL Esporte – Quando você assumirá a equipe austríaca?
Morten Soubak
- Temos ainda uma fase de treinamento até o dia 28 de julho. Depois, prossigo com o trabalho.

UOL Esporte – Você conversou com as brasileiras do Hypo No antes de aceitar a proposta?
Morten Soubak
– Não conversei antes. Depois de acertar o contrato, falei separado com elas e tivemos uma boa conversa. Também conversei com as austríacas do time que estavam aqui, pois elas poderiam achar que fosse uma situação estranha pelo contato no dia-dia que já tenho com as brasileiras. Mas agora vamos traçar o mesmo caminho e trabalharemos juntos para isso. Terei dois pensamentos, o Hypo No e o Brasil.

UOL Esporte – É comum em muitas modalidades o técnico dividir o comando de um clube e de uma seleção. Como acha que esta tarefa dupla afetará o seu trabalho?
Morten Soubak
– Sei que não sou o primeiro, não é só no handebol que isso acontece. Mas é o mesmo que se passa com um atleta. Ele tem o seu período no clube e o seu período na seleção. Vou entrar no mesmo esquema. Tenho que me cuidar e me policiar. Vou lidar com isso da melhor forma possível e aprender com o tempo a centralizar cada trabalho quando precisar. Também vou procurar conselhos de amigos e colegas que já passaram por isso.

UOL Esporte – Acha que é possível para o handebol brasileiro cultivar novos ídolos no país, mesmo com as principais atletas da seleção jogando na Europa? Qual a saída? Aumentar o marketing das jogadoras por aqui?
Morten Soubak
– Espero realmente que o Brasil possa ter uma boa Olimpíada no Rio. Se alcançarmos um bom resultado, vamos aproximar a modalidade do povo e ampliar o handebol para o Brasil inteiro. Estamos focando nosso trabalho nas Olimpíadas, mas para depois do também. Temos muitas jogadoras na Europa, é verdade, e com certeza ficam mais distantes do povo. O segredo é tentar aumentar nosso espaço na mídia. Não somos o futebol, vôlei, basquete... Estão, precisamos buscar novos canais de marketing para aproximar nossas jogadoras da torcida no país.