Fabrizio Gallas: 'Nadal tirou o coelho da cartola. E segue emocionando'
Rafael Nadal segue quebrando paradigmas. Segue nos emocionando. O que foi essa vitória desta noite em Paris ? Quando poucos esperavam - falta de confiança, problemas no pé, jogo longo anterior, confiança de Novak Djokovic - ele fez o que Carlos Moya disse. Tirou um novo coelho da cartola.
A quadra Philippe Chatrier tem algo mágico . É a sala de estar do espanhol. É onde se sente mais à vontade.
Ficar falando de tática após 59 partidas contra o sérvio é chover no molhado, ser repetitivo. Mas hoje foi fundamental a agressividade. Note o número de winners. 57 do espanhol contra 43 do sérvio. Os erros não-forçados foram 53 de Djokovic contra 43 do espanhol. Por mais que o saque não faça tanta diferença assim no piso lento, os 71% de Rafa foram fundamentais. Quando seu serviço caiu e o do sérvio aumentou no segundo, sua vida se complicou.
A situação de Nadal após perder aquele segundo set após ter 3 a 0 e duas quebras e uma parcial tão desgastante, com todo o cenário apresentado, dava o norte nebuloso para o espanhol. Mas ele foi buscar seu melhor nível.
A vitória representa muito para Rafa. A cada jogo ele vem dando mostrar que pode estar disputando seu último Roland Garros. No fundo ele deve ter a decisão tomada, só não anunciou oficialmente. O que nos resta saber é quando. Se vencer o torneio meu sentimento é que possa anunciar uma aposentadoria ou imediata ou até o final do ano. Suas palavras nas últimas entrevistas para a imprensa são desanimadoras sobre o futuro. Talvez por isso ele esteja com uma motivação e fôlego a mais como vimos hoje.
Nadal hoje manteve viva a chama do 22º Grand Slam e evitou que o sérvio rumasse ao empate do 21 - por mais que ele comente não se interesse tanto por esse recorde.
O que é mais importante são os exemplos que Nadal dá e Djokovic também. Não fosse a luta do sérvio e o mental, o jogo teria terminado em três sets bem mais rápidos.
Exemplo para as crianças, adolescentes, postulantes a tenistas e exemplo na vida como um todo. Resiliência, luta, nada estar perdido, você ser capaz de dar a volta por cima mesmo contra tudo e contra todos.
Ah. Ainda temos uma semifinal por jogar. São dois dias de descanso. Fato importante para Rafa encarar o saque de Zverev que tende a ser na sessão diurna e favorável ao alemão.
E o Alcaraz hein ? Aprendeu a lição. Começou jogando mal, com erros e pagou caro. Com toda badalação em cima, em grande parte criada pela imprensa, terá que voltar e trabalhar ainda mais. Os Grand Slams são diferentes, não permitem deslizes. O status de gênio e comparações com Nadal foram devidamente reduzidos após o que aconteceu hoje.
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