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Fã de sertanejo, Gómez se espelha em Arce e projeta vida longa no Palmeiras

Cesar Greco/ Ag. Palmeiras
Imagem: Cesar Greco/ Ag. Palmeiras

04/03/2019 14h36

A escolha de Gustavo Gómez pelo Palmeiras se provou correta em menos de um ano. Emprestado pelo Milan (ITA) desde julho, o zagueiro já se acostumou ao clube, virou fã de sertanejo e foi peça-chave na conquista do título brasileiro do ano passado. Não à toa o paraguaio já ensaia ficar mais tempo no Alviverde, talvez seguindo os passos de um compatriota que é também um exemplo: Chiqui Arce.

Suas boas atuações já despertaram o interesse de um clube mexicano, que se mostrou disposto a pagar R$ 75 milhões pelos direitos econômicos do zagueiro. Mas a tendência é que o Palmeiras exerça a "compra obrigatória", que está prevista em contrato caso Gómez atue em mais da metade dos jogos no seu período de empréstimo (entre julho passado e o meio deste ano). O Alviverde deve investir 6 milhões de euros no total (1,5 milhão pelo empréstimo, mais 4,5 milhões na compra).

"As conversas [com os mexicanos] seguramente foram com meu representante; eu não me meto. Cheguei há pouco tempo, há seis meses, não é momento de falar disso. Quero fazer o melhor para o Palmeiras me contratar, para ficar muito tempo aqui. Como todos sabem, no meu contrato está estipulada uma porcentagem de jogos [para ser comprado], e eu trabalho para que isto aconteça para seguir aqui no Palmeiras", diz Gómez.

Confira a entrevista com o zagueiro:

A que se deve a identificação tão rápida ao Palmeiras?

Gustavo Gómez: Desde que cheguei, falei que a adaptação foi muito boa, graças aos companheiros, ao corpo técnico e ao clube, que dá tudo. Estou muito feliz pelo rendimento também, espero seguir neste caminho e dar o melhor sempre para o Palmeiras. É muito mais fácil a adaptação quando te tratam bem, o companheiro dá apoio nos treinos e nos jogos. A estrutura do Palmeiras é muito boa e isto ajuda. Por isso agradeço tanto.

O que você já sabia do Palmeiras quando começou a negociar e o que te surpreendeu quando chegou?

Antes de vir, sabia que passaram paraguaios como o Arce, um jogador histórico, e também antes de vir eu falei com Lucas Barrios, que falou como era o clube. Isto facilitou a minha chegada. O Alexandre [Mattos, diretor de futebol] me deu toda confiança para vir, também, e a verdade é que estou muito contente de tomar a decisão [de fechar com o Palmeiras].

Gómez - Cesar Greco/Ag. Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Muitos veem semelhança entre o seu estilo de jogo e o do Gamarra. Você concorda?

Obviamente fico contente por me compararem a um jogador como o Gamarra. Fez uma grande carreira, mas eu sempre digo que quero fazer minha história, minha carreira, e o Paraguai tem outros defensores históricos como Paulo da Silva, Celso Ayala, que também foram grandes.

Uma de suas maiores qualidades é sair para dar o bote nos atacantes. É um pedido do Felipão?

Sim, ele trabalha muito a parte defensiva, por isso o Palmeiras joga tão bem defensivamente. Ele pede que um zagueiro acompanhe o atacante e o outro fique na sobra; não gosta tanto que jogue em linha e estamos fazendo bem. Obviamente nos adaptamos a cada técnico, a cada equipe e faço o que o técnico me pede.

Você jogou praticamente só com Luan no Palmeiras e agora atuará com outro defensor, por conta da lesão dele. O que muda?

O Luan é um jogador jovem, mas já com muita experiência. Facilita jogar com ele. Nos entendemos bem, fizemos grandes partidas e tomara que se recupere logo para o termos em breve conosco. Nos treinos nós também atuamos com Dracena, Antônio Carlos, o profe Felipão muda muito nos treinos e no próximo jogo veremos quem vai jogar. Se for com um dos dois, estarei encantado.

O que esperar do Junior Barranquilla nesta estreia de Libertadores?

O professor está falando da equipe do Junior, sabemos que sempre joga a Libertadores. É um time rápido, em Barranquilla, com o clima... Vai ser difícil, mas o grupo está preparado para atuar da melhor maneira.

Ano passado o Palmeiras ficou a um jogo de chegar à final da Libertadores. Como encarar a competição neste ano?

É um torneio sempre complicado, na fase de grupos precisa sair bem, tratar de classificar, fazer bons jogos e ver como vai chegar na fase final. Ano passado estivemos perto e o grupo está preparado para disputar a Libertadores.

Outro torneio importante para você neste ano é a Copa América. Juan Carlos Osorio saiu recentemente da seleção paraguaia, e o Eduardo Berrizzo assumiu. Qual a expectativa de vocês?

Sonhamos fazer uma boa Copa América; é um sentimento entre todos. Temos um time jovem, que já está há bastante tempo junto. Será um grande desafio, vamos ter amistosos em março, conheceremos o novo corpo técnico, Tomara que dê certo, que possamos nos adaptar ao novo estilo de jogo e chegar bem na Copa América.

N.R.: Gómez foi convocado pela seleção paraguaia para enfrentar Peru e México entre os dias 22 e 26 de março

O que aprendeu no pouco tempo que conviveu com Osorio?

Como todos sabem, Osorio é um treinador muito bom, de nível mundial. Infelizmente saiu, mas o futebol é assim, no pouco tempo que estivemos juntos foi um técnico que gostava muito de sair jogando, de um time vertical. Agora teremos outro projeto, mas vamos ter nossa cabeça no Paraguai, adaptar o sistema de jogo e fazer uma boa Copa América.

O quanto mudava para você na forma de jogo de Osorio e na que Felipão pede aqui no Palmeiras?

Já tive muitos técnicos na carreira e você precisa se adaptar ao que pedem. Cada um tem sua característica, mas eu me sinto muito bem e identificado como joga o Felipão e com o que tem de fazer o defensor com ele. Se tem possibilidade de sair jogando, ele pede para que a gente saia jogando. É também minha característica, creio que estou cumprindo.

E quanto à sua vida no Brasil, já se considera adaptado? O que gosta de fazer?

Estou casado, tenho uma filha, vivo perto do CT. No Brasil tem muitos jogos, é de casa para o clube, e do clube para casa. Quando estou de folga, levo minha filha à escola. Aproveito muito, sou um homem de família.

O que você mais gosta no Brasil?

A música. Eu gosto muito, é o que aproveito bastante, porque tem muitos estilos diferentes e aproveitamos. Eu gosto de vários cantores, Felipe Araújo, Gusttavo Lima, gosto de música sertaneja, que vamos ouvindo no vestiário. Com a tecnologia aprendemos pelo Spotify tudo que escutam no Brasil. A comida não é muito diferente da paraguaia, mas também me chama a atenção.

Você foi campeão por todos os clubes pelos quais passou: Libertad (PAR), Lanús (ARG), Milan (ITA) e agora Palmeiras. O que ainda almeja na carreira?

Estou fazendo uma boa carreira, pessoalmente, sou abençoado, tive realmente a possibilidade de ser campeão em todos os times que joguei. Estive na Liga Argentina, fui para a Europa, aprendi muito em uma grande equipe, com grandes jogadores. O desafio era sair do Milan e pelear por grandes coisas. Por isso decidi pelo Palmeiras. Poderia seguir na Europa por equipes menores, mas a minha intenção era ganhar coisas importantes, ser campeão. Estou feliz aqui no Palmeiras, quero continuar sendo campeão aqui. É o que quero, conquistar o Paulista, Brasileirão, Copa do Brasil... todos.

Aproximar-se do que Arce conseguiu no Palmeiras é um exemplo?

Sim, é a ideia. Como disse, estou bem feliz aqui, quero seguir ganhando títulos, porque o clube merece, por como está, pelo que dá, e espero que siga assim.