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Ponto forte cedeu: incapacidade de atacar prejudicou defesa do Palmeiras

ALEJANDRO PAGNI / AFP
Imagem: ALEJANDRO PAGNI / AFP

25/10/2018 06h00

Olhando unicamente os gols do Boca Juniors na vitória por 2 a 0 dessa quarta-feira, na Bombonera, é simples culpar o volante do Palmeiras Felipe Melo pela falta que originou o escanteio do primeiro gol e por não cortar a bola que foi de Benedetto às redes. Também é fácil responsabilizar Luan pelo drible que levou no lance que definiu o placar. Mas os números e uma análise da partida inteira mostram que o setor defensivo segurou até além do que costuma. O que faltou foi atacar.

A defesa é, inegavelmente, o setor mais forte do time de Luiz Felipe Scolari. Até essa quarta-feira, só tinha levado um gol em quatro jogos com ele na Libertadores, e em um cruzamento em que a bola tomou um rumo improvável no 1 a 0 que o Cerro Porteño impôs no Allianz Parque, com o Palmeiras atuando quase o duelo todo com um a menos. No Brasileiro, o time alviverde tem a melhor defesa ao lado do Grêmio (foi vazado 19 vezes em 30 jogos). E acredite: a retaguarda alviverde aguentou na Bombonera até mais do que sua média.

De acordo com o Footstats, o Palmeiras deu nessa quarta-feira 56 rebatidas: contabilizando os acréscimos, a equipe precisou afastar uma bola de sua defesa a cada 1,7 minuto. Estatística muito alta até para um time que se notabiliza pela força defensiva. Na média, o clube executa 35,45 rebatidas na Libertadores, sendo o terceiro que mais faz isso no torneio (atrás das 40,3 do Atlético Tucumán, na Argentina, e das 36,5 do Grêmio), e 32,7 no Brasileiro, no qual é líder nesse quesito.

Os números expõem o que já tinha ficado claro para quem viu o jogo. A defesa do Palmeiras é capaz de suportar pressão, mas tem um limite. Como ficou claro com os erros decisivos de Felipe Melo e Luan que, até falharem, eram os destaques da partida ao lado de Gustavo Gómez. Ser acuado na Bombonera é algo completamente dentro do roteiro. O problema é que estourou na defesa a incapacidade do time de atacar o Boca Juniors nessa primeira semifinal.

Os comandados de Guillermo Schelotto agradecem a Darío Benedetto que, com 18 minutos em campo, conseguiu furar a defesa do Palmeiras duas vezes. E validaram uma partida na qual o Boca foi tanto à frente no segundo tempo que deu espaço para o Verdão aproveitar em contra-ataques, como vem fazendo com Felipão, mas que não conseguiu ter um mínimo de eficiência para isso na Bombonera.

O Palmeiras teve 43,02% de posse de bola na partida, pouco abaixo dos 47,87% de posse que tem em média na Libertadores. O que comprova que o problema nem foi dar a bola ao adversário e se defender, estratégia na qual essa equipe se mostra especialista. O que complicou foi ficar muito pouco com a bola e, quando a teve, acumular equívocos absurdamente.

O Palmeiras deu 294 passes, muito abaixo dos 409 do Boca. Ainda assim, conseguiu falhar mais do que os argentinos: acumulou 52 passes errados, contra 42 do Boca. Como comparação, as médias do time no Brasileiro são de 381,5 passes, sendo 342 certos e 39,4 errados, e, na Libertadores, de 375 passes, com 331,7 certos e 43,3 errados.

Com essa queda de desempenho ofensivo tão grande, fica explicado o motivo de o Palmeiras ter conseguido manter a bola em seu ataque somente em 16,6% do jogo dessa quarta-feira. Pior: 36,19% da partida ocorreu na defesa alviverde, sendo 19% especificamente na área de Weverton.

Na prática, por mais especialista que uma equipe seja em suportar pressão, é impossível ser tão eficiente em rebater bolas da defesa se o time não mostrar uma mínima capacidade de atacar. Por isso, o Palmeiras pagou caro demais na Bombonera. E terá de se reinventar executando pressão em casa pela primeira vez nesta Libertadores, já que sempre venceu o jogo de ida. Agora, com a obrigação de vencer por 2 a 0 para levar para os pênaltis ou, no mínimo, três gols de diferença para chegar à decisão da competição continental.