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Juiz de Flamengo x Palmeiras trabalhou em 13 jogos no Brasileirão; conheça

Rafael Traci em ação durante duelo entre Vasco e Bahia pela Copa do Brasil - Luciano Belford/AGIF
Rafael Traci em ação durante duelo entre Vasco e Bahia pela Copa do Brasil Imagem: Luciano Belford/AGIF

25/10/2018 11h57

De acordo com a escala divulgada pela CBF nessa terça-feira (23), o paranaense Rafael Traci terá a missão de apitar a partida entre Flamengo e Palmeiras, que será disputada no Maracanã no próximo sábado, e colocará frente a frente o líder e o segundo colocado do Campeonato Brasileiro.

Como as duas equipes estão separadas por apenas quatro pontos, o duelo tomou contornos de uma possível decisão. Por isso, confira abaixo um panorama sobre as características do árbitro que terá a missão de apitar o confronto direto.

Relação recente entre os clubes

A missão de Rafael Traci fica ainda mais complicada pelas recentes reclamações de jogadores e dirigentes das duas equipes, que não pestanejam em falar da comissão de arbitragem quando acham que é justo. Diante das edições marcadas por erros de juízes nos últimos anos, episódios assim se tornaram comuns no país.

Um exemplo ocorreu no último fim de semana, quando Luiz Felipe Scolari reclamou, na entrevista coletiva após a vitória contra o Ceará, sobre os cartões amarelos que André Luiz de Freitas Castro, árbitro de Goiás, deu para Bruno Henrique, Lucas Lima e Mayke, que estavam pendurados e consequentemente não enfrentam o Flamengo.

"Prejudica. É o capitão, um dos grandes jogadores da equipe. Estranho. Só isso que eu digo. O que eu vou fazer? Não tem marca nenhuma na meia, nada. O juiz não marca a falta, depois volta. Só estranho. Fazer o quê? Não dá para entender" falou Felipão, se referindo ao cartão amarelo dado para Bruno Henrique.

Alexandre Mattos, homem forte de futebol do Palmeiras, também falou sobre o assunto de arbitragem após a partida do Pacaembu, no último domingo. Um pouco mais direto que Felipão, o dirigente citou que o árbitro estava ciente da partida contra o Flamengo, afirmando que essa é uma situação "estranha".

"Parece que o árbitro sabia claramente do jogo do Maracanã. Sabia que o Marcos Rocha está machucado e deu cartão para o Mayke, que não era para dar. Deu cartão para o Bruno Henrique, que não era para dar. Deu cartão para o Lucas Lima, que não era para dar. Ele direcionou. Então mais uma vez a gente fica pensando e cobrando, porque está muito estranho. Já sabe que tem um jogo no Maracanã, já tira meio time, já tira as opções. Não dá mais para ficar só calado e mandando DVD", afirmou.

Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo, rebateu as declarações de Mattos e Felipão, afirmando que é "ridículo" qualquer tipo de ajuda associada ao nome da equipe rubro-negra, que, de acordo com suas palavras, foi muito prejudicada ao decorrer deste Brasileirão. Além disso, o mandatário citou casos em que o clube da Gávea foi desfavorecido em duelos contra o próprio Palmeiras.

"Em 2015, nós fomos prejudicados na Arena, quando deixaram de dar dois pênaltis para o Flamengo, um no Pará e outro no Guerrero. Em 2016, o Márcio Araújo foi expulso injustamente. Em 2017, naquele jogo na Ilha que foi 2 a 2, os dois gols do Palmeiras foram irregulares, e o juiz ainda anulou um gol legítimo do Guerrero, era para ter sido 4 a 0. Em 2018 foi aquele absurdo do Felipe Melo, aqueles três minutos que deveríamos ter jogado. O Flamengo foi sistematicamente prejudicado pela arbitragem nesse campeonato, contra Chapecoense, Vitória, Palmeiras, Ceará. E até em jogos que ganhamos, contra Cruzeiro e Atlético-MG. Eu até já pedi que alguém me trouxesse um vídeo com os lances em que o Flamengo foi beneficiado. Ninguém trouxe porque não existe. Eu acho ridículo que se venha falar em favorecimento para o Flamengo", disse.

Rafael Traci no Brasileirão

Até aqui, Rafael Traci apitou treze jogos no atual Campeonato Brasileiro. Em média, o árbitro dá praticamente cinco cartões amarelos por partida - são exatamente 4,92. Ele marcou dois pênaltis: na partida entre Santos e América-MG, na 16ª rodada, quando Alisson derrubou Marquinhos com um toque, e no duelo entre Grêmio e Flamengo, na rodada seguinte, quando Rodinei desviou a bola com a mão após cruzamento de Bruno Cortez.

Líder do ranking do prêmio "Apito de Ouro", modalidade criada pelos canais "ESPN" para escolher o melhor árbitro do Brasileirão, ao lado de Raphael Claus, o paranaense ainda não deu nenhum cartão vermelho nos jogos que apitou na Série A, mas expulsou Vitor Feijão e André Mortiz, atletas de Criciúma e Avaí, respectivamente, em uma partida que apitou, válida pela oitava rodada da Segundona.

O jogo do Brasileirão que Rafael Traci mais distribuiu cartões foi entre São Paulo e Atlético-MG, no Morumbi, na quarta rodada. Com oito amarelos no total - quatro para cada lado - o árbitro paranaense soube controlar os ânimos inflamados dos jogadores, que faziam muitas faltas e protestavam contra qualquer decisão tomada na reta final da partida. Ele distribuiu cartões para Arboleda, Cazares, Elias e Sidão nos últimos dez minutos do duelo.

Polêmicas?

Apesar de não ter levado advertência por parte da cúpula de arbitragem do país nesse ano, Rafael Traci ouviu algumas reclamações de jogadores e treinadores após algumas decisões que tomou em partidas neste Brasileirão. Uma delas ocorreu no duelo entre Botafogo e São Paulo, pela 27ª rodada, quando Zé Ricardo reclamou de um possível impedimento no gol marcado por Diego Souza e da não expulsão do zagueiro Anderson Martins. O alvinegro, inclusive, entrou com uma representação na CBF no lance envolvendo o camisa 9 do Tricolor.

Roger, atacante do Corinthians, também falou sobre uma decisão do árbitro no jogo contra o Vitória, na rodada passada:

"Não tem como não falar: a falta que ele deu, que fui na bola com o Jeferson... Depois eles reclamam que nós simulamos, que jogador brasileiro simula. Na hora que ele parar de dar essas faltas, nós vamos parar de simular. Eu tomei a frente do Jeferson, sou maior que ele, não tem como, no corpo eu vou ganhar, e eu tomei a bola", disse o jogador, que levou um cartão amarelo por reclamação.

Reclamação formal em 2016

Na 24ª rodada do Brasileirão de 2016, Cruzeiro e Botafogo se enfrentaram no Mineirão. Na ocasião, a equipe treinada por Jair Ventura derrotou a Raposa por 2 a 0, com gols de Camilo e Gustavo Canales, e os mandantes saíram "na bronca" com Traci.

Na visão de Bruno Vicintin, vice-presidente de futebol do Cruzeiro na época, o árbitro teria se equivocado em dois lances: na falta que originou a jogada do segundo gol marcado pelo alvinegro e quando Ábila, no fim do duelo, balançou as redes em condição legal, em lance anulado por impedimento.

Alguns dias depois da partida, o Cruzeiro fez uma reclamação formal para, na época, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e o presidente da comissão de arbitragem, Sérgio Corrêa, manifestando uma insatisfação com erros que aconteceram no campeonato em geral. O estopim para isso foram essas decisões de Traci no duelo contra o clube de General Severiano. Confira trechos da carta:

"A arbitragem do jogo apresentou um desempenho distante da grandeza da Série A do Campeonato Brasileiro e suas equipes, tendo participação efetiva em dois lances decisivos. Falta que gerou o segundo gol do Botafogo e anulação de gol legítimo assinalado pelo Cruzeiro. Para esclarecer essas questões, solicitamos que a ouvidoria faça a análise dos lances e nos envie parecer formal da partida completa".

"Ainda assim gostaríamos de observar alguns procedimentos e condutas no sentido de elucidar fatos relatados na súmula da partida. Segundo o Sr. Rafael Traci, árbitro principal, o Sr. Luiz Antonio Vencker Menezes, técnico do Cruzeiro, teria proferido as seguintes palavras no túnel de acesso ao vestiário: 'Vai ver o impedimento que o seu bandeira deu no final e a falta que você marcou no segundo gol, seu sem vergonha'. Em nenhum momento o Sr. Mano Menezes utilizou a referência 'sem vergonha' ao árbitro. Trata-se de uma afirmação não verdadeira, sendo que a reclamação das marcações da arbitragem procede, inclusive sendo comprovadas pelas emissoras de televisão".

Palmeiras com aproveitamento perfeito e erro em 2017

No atual Brasileirão, Rafael Traci esteve envolvido em dois jogos do Palmeiras. O desempenho do Verdão com o árbitro, até aqui, é perfeito: vitórias por 3 a 0 sobre o Bahia, no Allianz Parque, em jogo da sexta rodada, e 2 a 0 contra o Grêmio, em Porto Alegre, pela décima rodada.

No duelo contra o Tricolor de Aço, um gol de Miguel Borja foi corretamente anulado, já que o colombiano estava em posição irregular. Os cartões amarelos do Palmeiras foram para o camisa 9, por tirar a camisa ao balançar as redes, Lucas Lima e Antônio Carlos, que cometeram faltas. Pelo lado do Bahia, Lucas Fonseca também foi amarelado por infração, e Gregore por reclamação.

Na partida contra o Grêmio, sete cartões amarelos foram distribuídos. Pelo lado palmeirense, Felipe Melo, Moisés, Hyoran e Bruno Henrique cometeram faltas e foram advertidos, e Dudu foi amarelado por simular uma falta. Do lado do Grêmio, Paulo Victor, no banco de reservas, e Luan levaram cartões por reclamação.

Ano passado, Palmeiras e Botafogo se enfrentaram no Estádio Nilton Santos, em jogo da 18ª rodada do Brasileirão, e a atuação de Traci foi "manchada" por conta de um erro de um dos bandeirinhas, que validou um gol de Rodrigo Pimpão. Na ocasião, o camisa 7 apenas completou de cabeça quando Jailson espalmou uma finalização de Roger para o lado, mas o atacante estava em posição irregular na origem do lance.

Também pelo Brasileirão de 2017, Traci apitou mais duas partidas do Palmeiras: o empate em 2 a 2 contra o Bahia, no Allianz Parque, na 27ª rodada, e a goleada de 5 a 1 em cima do Sport, também na arena, em duelo válido pela 35ª rodada.

Flamengo nunca venceu um jogo apitado por Traci

Rafael Traci esteve envolvido em apenas um jogo do Flamengo no Campeonato Brasileiro. O duelo contra o Grêmio, em Porto Alegre, pela 17ª rodada, que terminou com uma vitória de 2 a 0 para os comandados de Renato Gaúcho.

O árbitro distribuiu sete cartões amarelos no total, e três deles foram para o Grêmio. Thaciano e Jailson foram amarelos por cometerem faltas em jogadas de contra-ataque do Flamengo, enquanto Matheus Henrique levou cartão após uma jogada um pouco estranha: o garoto estava marcando Uribe, quando Jael chegou com um carrinho, derrubando os dois jogadores, mas apenas o camisa 32 foi advertido.

Pelo lado do Flamengo, Marlos Moreno, que havia entrado no segundo tempo, e Cuéllar levaram cartões por reclamações. Renê, por sua vez, foi advertido por uma falta cometida aos 25 minutos do segundo tempo, ao chegar atrasado em uma disputa de bola com Marinho e acertar o atacante com um carrinho.

No Brasileirão do ano passado, Traci esteve envolvido em outro jogo do Flamengo. Em duelo válido pela 30ª rodada, o Rubro-Negro foi derrotado pelo São Paulo, no Morumbi, com gols de Lucas Pratto e Hernanes. O gol do atacante dividiu opiniões de especialistas, já que a bola pode ter tocado em seu braço antes de o argentino completar para o fundo das redes.

Jogos apitados por Rafael Traci neste Brasileirão

2ª rodada - Sport 1 x 1 Botafogo
4ª rodada - São Paulo 2 x 2 Atlético-MG
6ª rodada - Palmeiras 3 x 0 Bahia
7ª rodada - Fluminense 3 x 1 Chapecoense
10ª rodada - Grêmio 0 x 2 Palmeiras
12ª rodada - Fluminense 0 x 1 Santos
16ª rodada - Santos 0 x 1 América-MG
17ª rodada - Grêmio 2 x 0 Flamengo
19ª rodada - São Paulo 2 x 0 Chapecoense
21ª rodada - Cruzeiro 2 x 1 Fluminense
25ª rodada - Cruzeiro 0 x 0 Atlético-MG
27ª rodada - Botafogo 2 x 2 São Paulo
30ª rodada - Vitória 2 x 2 Corinthians

Ao todo, foram cinco vitórias dos mandantes, cinco empates e três triunfos das equipes visitantes, incluindo um resultado feito pelo próprio Palmeiras. Os times que jogaram em seus domínios marcaram 19 gols, enquanto os clubes que jogaram longe de sua casa balançaram as redes em 13 oportunidades.

De acordo com o que foi apresentado até aqui nesse Campeonato Brasileiro, Traci é um árbitro que procura não permitir que os jogadores em campo tentem pressioná-lo. Além disso, não pestaneja ao distribuir cartões amarelos para atletas que exageram nas reclamações.