Delator diz que Marin só discursava enquanto Del Nero mandava na CBF
O depoimento de ontem dado pelo argentino Alejandro Burzaco, ex-CEO da empresa Torneos y Competencias, veio a calhar para a defesa de José Maria Marin, um dos réus no processo que tramita na Justiça dos Estados Unidos a respeito do esquema de recebimento de propina por parte de dirigentes do futebol sul-americano na negociação dos direitos de transmissão das competições do continentes.
Segundo Burzaco, que já admitiu culpa e colabora com a Justiça, Marco Polo Del Nero, que era vice na gestão Marin, era quem realmente tomava as decisões. O então presidente, por outro lado, "era encarregado dos discursos", segundo o delator, que ainda classificou a dupla de cartolas como "irmãos siameses", já que eram inseparáveis.
A versão de Burzaco agrada a defesa de Marin porque a estratégia adotada desde o primeiro dia de julgamento era dizer que o ex-dirigente, preso desde maio de 2015, assumiu o poder por acaso e apenas dava espaço para a atuação política de Del Nero.
A acusação de Burzaco durante a semana, no entanto, dá conta de que Marin e Del Nero negociação juntos o recebimento de propina, herdando o esquema que já funcionava com Ricardo Teixeira. A diferença foi que Teixeira, segundo o delator, ganhava US$ 600 mil. E a dupla sucessora, que dividia a propina, passou a solicitar US$ 900 mil.
Em nota publicada pela CBF nesta semana, Marco Polo Del Nero se disse indignado com as acusações de Burzaco e negou saber da existência de qualquer esquema. A nota de Del Nero ainda ressalta que os contratos não foram assinados por ele e não eram do período em que passou a gerir a CBF.
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