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Rio-2016 cai nas graças dos atletas estrangeiros e deixa saudades

22/08/2016 07h55

Se a Copa do Mundo já tinha feito sucesso entre jogadores, técnicos e jornalistas estrangeiros, a Olimpíada do Rio conseguiu aumentar esse número de simpatizantes. Além de 41 modalidades a mais do que o Mundial de futebol, os Jogos contaram com delegações de 206 países - mais a dos refugiados - contra as 32 do torneio de 2014.

As arenas esportivas, mesmo as que ficaram prontas às vésperas da abertura, como o Velódromo e Vôlei de Praia, por exemplo, não tiveram grandes problemas e foram elogiadas pelos atletas.

Muito por conta da torcida. Que se não encheu todas as arenas, acabou como protagonista em vários momentos da Rio-2016. Para o bem e para o mal. As grandes estrelas dos Jogos sempre foram muito aplaudidas, mesmo que em disputa contra brasileiros.

Até um juiz, sempre perseguido pelos torcedores, acabou virando xodó do público no boxe. Por ser brasileiro, Jones Kennedy do Rosário acabou recebendo muito apoio em algumas lutas em que os anfitriões não tinham atletas para torcerem.

E os atletas nem precisaram ganhar uma medalha para serem abraçados pelos brasileiros. O tenista Novak Djokovic, eliminado na primeira rodada do torneio de simples, é o exemplo disso.

- Francamente, não sei como agradecer. Foi o tipo de atmosfera que experimentei poucas vezes em minha vida, a maioria quando estava em meu próprio país. Parecia mesmo que estava em meu país. Parecia que eu era brasileiro - disse, após chorar muito em quadra após sua eliminação.

Uma das estrelas da Rio-2016, a ginasta Simone Biles ganhou quatro medalhas de ouro e uma de bronze. Ela falou duro, rechaçou comparações com Michael Phelps ou Usain Bolt dizendo que ela era "única", mas também se derreteu quando lembrou da vibração das arquibancadas.

- Foi uma energia incrível da torcida. Nunca tinha vivido algo assim. Não esperávamos essa torcida toda aqui no Brasil - disse.

Mas nem tudo foram flores. O tenista Rafael Nadal reclamou de uma das quadras do complexo de tênis, dizendo que "nunca tinha jogado uma partida tão importante em uma qudra tão ruim". o espanhol também não gostou do lugar onde foram instalados alguns placares das quadras menores, já que eles atrapalharam a visão de Rafa.

Os torcedores, que caíram nas graças de alguns atletas, acabaram se tornando vilão para outros. Que o diga o francês Renaud Lavillenie, que ficou com a prata na disputa contra o brasileiro Thiago Braz no salto com vara.

- Foi uma das competições mais bonitas em que eu já estive. As vaias foram o único problema. Entendo que todos torciam para o Thiago. Mas não há espaço para este tipo de cena no atletismo. Nós costumamos ter respeito e fair play. Não foi o caso - disse o francês, que depois teve que se desculpar, mas acabou vaiado de novo na cerimônia de premiação e chorou.

Muito falada antes dos Jogos, a preocupação com o Zika vírus sumiu das manchetes nas últimas semanas. Mas se a doença saiu da boca dos estrangeiros, um ícone carioca acabou entrando em uma discussão: o biscoito Globo.

- (O biscoito) É sem gosto, como a culinária carioca - escreveu David Segal, em artigo publicado no "The New York Times". O suficiente para quase causar um incidente diplomático, como o que o nadador Ryan Lochte também quase o fez ao mentir sobre um assalto a mão armada. Depois, desmascarado pela polícia, admitiu que não tinha acontecido.