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Dama de Ferro da natação busca no Rio sua primeira medalha olímpica

30/07/2016 08h05

Ela já ganhou 22 medalhas em Campeonatos Mundiais, possui cinco recordes mundiais vigentes, é a atual tetracampeã da Copa do Mundo em piscina curta, e tem o imponente apelido de Dama de Ferro, por nadar diversas provas nas competições e demonstrar assim grande resistência física. A húngara Katinka Hosszu certamente será uma das estrelas da natação feminina nos Jogos Rio-2016. Mas, apesar de toda a fama no esporte, ainda há algo que falte em sua galeria: justamente uma medalha em Olimpíadas.

Katinka desembarcou no Brasil na noite de quinta-feira, e já treinou no Estádio Aquático do Parque Olímpico. Esta será sua terceira Olimpíada na carreira, sendo que a primeira foi em Atenas-2004, quando ela tinha apenas 15 anos. Seu melhor resultado até hoje foi a quarta colocação nos 400m medley em Londres-2012. Resultado que quase a fez abandonar a carreira.

- Ficar em quarto lugar em Londres foi muito duro. E o Shane (Tusup, técnico e marido) foi quem me disse que terminar em quarto lugar do mundo em qualquer coisa é algo incrível. Ele também me disse que o quarto lugar era a melhor coisa que havia aconteceido para mim. Na época eu fiquei louca. Mas agora vejo que ele estava certo - falou Katinka, à beira da piscina do Parque Olímpico para um grupo pequeno de jornalistas, com o marido Shane ao lado, assistindo tudo de perto.

No Rio de Janeiro, Katinka terá seis chances para acabar com seu jejum olímpico. Ela competirá nos 100m e 200m costas, 200m e 400m medley, 200m borboleta e o revezamento 4x200m livre. Após confessar que se sentiu pressionada em Londres, a húngara diz ter desembarcado no Brasil mais relaxada, querendo curtir o momento.

- Para mim, será apenas mais uma competição. Quero me divertir. Obviamente quero ir lá e vencer, assim como faço sempre. Vou dar o meu melhor, e obviamente será incrível se eu subir no pódio - falou a Dama de Ferro.

Confira abaixo a entrevista com a Katinka Hosszu, concedida após o treino dela nesta sexta-feira no Estádio Aquático, no Parque Olímpico

O que achou da piscina do Estádio Aquático?

É uma piscina legal. Nadei apenas duas vezes nela (até a tarde desta sexta-feira), uma delas na noite de ontem (quinta-feira), em que estive sozinha na piscina. Então não começou ainda aquela empolgação, mas é uma ótima arena. A piscina me parece ser muito rápida. Tudo está correndo bem até agora.

Quais são as suas ambições para os Jogos Olímpicos do Rio, diante do fato de ter ficado tão perto do pódio em Londres?

Em Londres, eu estava finalizando meu período na universidade e me tornando uma atleta profissional. Então eu achava que aquela era a minha hora, aquela coisa do agora ou nunca. Na Hungria, se você não ganha uma medalha, você não continua no esporte, parte para uma outra profissão. Então eu estava super nervosa, eu senti bastante a pressão. Eu fiz o melhor que pude. Em Londres estive muito perto do pódio. Eu aprendi com tudo isso, agora me sinto livre. Quero ir lá na piscina e me divertir.

Agora você se sente uma atleta diferente daquela de Londres?

Aprendi bastante. É uma coisa maluca. Esta é a minha quarta Olimpíada. Pensando nisso tudo, estou nisso há muito tempo. Em cada Olimpíada eu estava diferente. Em Atenas eu tinha apenas 15 anos, eu era muito diferente do que sou agora. Quero estar aqui, curtir o momento. Após Londres pensei por algumas semanas ou quase um mês em desistir do esporte. Então estar aqui de novo é incrível.

Você está fazendo alguma preparação especial para os horários das provas dos Jogos do Rio (eliminatórias às 13h, e finais às 22h)?

Estou tentando me acostumar aos horários, então estou treinando nos horários das eliminatórias e das finais. Antes dos Jogos, treinei em meus horários normais. Fiz ajustes para lidar melhor com tudo isso, com o jet leg, então acho que estou bem adaptada para nadar nestes horários.

Você temeu vir ao Brasil por causa do zika vírus, como inúmeros outros atletas estrangeiros?

Não fiquei assustada. Obviamente estamos seguindo recomendações, como passar repelente. Mas estou empolgada em estar aqui e concentrada nas competições.

Seu técnico também é seu marido. Esta será sua primeira Olimpíada casada com ele. Como é esta relação entre vocês?

O Shane (Tusup) esteve comigo em Londres, foi a primeira vez que ele me treinou em uma Olimpíada. Foram quatro anos de aprendizado, de como trabalharmos juntos, de lidar com a pressão em grandes competições. É muito bom estarmos aqui e dividirmos a experiência.

Por que cogitou se aposentar da natação após a Olimpíada de Londres?

Foi uma coisa maluca para mim, ficar em quarto foi duro em Londres, e o Shane foi quem me disse que ficar em quarto lugar no mundo em qualquer coisa é algo incrível. Então não poderia jogar tudo para o alto, só porque uma prova não saiu como eu queria. E ele também me disse que o quarto lugar era a melhor coisa que havia aconteceido para mim. Na época eu fiquei maluca. Mas agora vejo que ele estava certo. A experiência em Londres foi dura, mas me fez apreciar as oportunidades do esporte.

E o que te fez mudar de opinião e seguir em frente para competir na Olimpíada do Rio de Janeiro?

Foi depois de dois meses da Olimpíada de Londres que coloquei na cabeça que buscaria ir para o Rio. E os quatro últimos anos foram incríveis, em que pensei que, não importasse o que aconteceria no Rio, tudo isso havia sido incrível. Já bati 17 ou 18 recordes mundiais, um deles em piscina longa. Tudo isso é incrível para mim, o Shane me diz que é a caminhada o que mais importa. Então estou feliz por estar aqui, acredito que fiz o melhor possível nos últimos quatro anos para estar aqui.

Você gosta da fama e do fato das pessoas te chamarem de Dama de Ferro?

É claro que eu gosto. Eu realmente acredito que sou a Dama de Ferro. Quando eu subo no bloco, eu me sinto uma pessoa diferente, sinto que tenho o poder, que eu realmente seja uma dama de ferro. Katinka na Vila é uma pessoa normal, com seus problemas, mas aqui, como uma Dama de Ferro, me sinto muito forte.