'A sensação é que a impunidade dos barra-bravas está acabando'
No mundo dos barra-bravas, a palavra impunidade é moeda corrente. No episódio envolvendo os "Borrachos del Tablón" durante a era de Martín de Ramos Araujo, Guillermo Caverna Godoy e Matías Goñi, tiveram várias causas judiciais que saíram incólumes. Pelos contatos com poder político (trabalharam para o kirchnerismo) e pela imprecisão de juízes que preferiram absolvê-los diante de causas abertas.
No entanto, quem os investiga desde 2007 não se dá por vencido. O fiscal José María Campagnoli pediu as detenções de Araujo, Goñi e um policial chamado Alejandro Rivaud, em novo caso, desta vez, por coação agravada, nascida de escutas telefônicas na revenda de entradas para as partidas do River Plate. A pena pode chegar a dez anos.
Este último processo data de 2011. O juiz Fernando Caunedo o deixou de stand by e voltou a reativá-lo depois da ascensão de Maurício Macri à presidência da Argentina. Ali, voltaram a ouvir as escutas telefônicas até encontrar a ligação dos barras com o homem que a Polícia Federal havia colocado para investigá-los.
Neste caso, a conclusão é a de que a facção dominante utilizava a polícia para amedrontar o grupo rival. Araujo e Goñi mandaram o policial ameaçar o chefe do bando adversário. Tudo no ginásio do River Plate. O plano era incriminá-lo com drogas e porte de armas.
Na primeira escuta, o policial avisa a Araujo que "o trabalhinho estava feito". E Araujo lhe agradece os serviços prestados.
O jornal "Olé" denunciou incontáveis ocasiões nas quais o chefe de uma barra utilizava essa mesma prática para se livrar daqueles que o perturbava.
O caso ficou, agora, nas mãos da juíza Palmaghini, que agiu rápido para prender os dissidentes após um ataque à confeitaria do Monumental de Núñez, em novembro de 2014. Ela tem um pedido concreto de prisão. E como em outros âmbitos da Justiça, a sensação é a de que a impunidade está se acabando.
*Gustavo Grabia é repórter do diário "Olé"
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