Heroi da 1ª Copa do Brasil do Flamengo superou quadro de depressão

Assim como seu gol de cabeça que garantiu o primeiro título de Copa do Brasil para o Flamengo, em 1990, Fernando também subiu e desceu, mas no jogo da vida. Eternizado pelo feito há 33 anos no clube de maior torcida do Brasil, o ex-zagueiro enfrentou uma batalha ainda mais dura que aquela fora dos gramados: a depressão.

Privilegiado por colocar seu nome na história do Rubro-Negro atuando com jogadores do quilate de Renato Gaúcho, Júnior, Zinho, Djalminha, Gaúcho, entre outros, ele conheceu o lado ruim do mundo da bola e sucumbiu.

O psicológico começou a pesar quando tornou-se dirigente da Portuguesa Santista, clube que o revelou.

"Coloquei na minha cabeça que iria fazer da Portuguesa um grande clube, talvez não a potência dos grandes clubes do futebol brasileiro, mas um clube organizado, que pudesse estar disputando grandes campeonatos. E aí terceirizei a base e queria terceirizar o profissional, mas lamentavelmente, quando você vai para o lado administrativo, começa a enfrentar a política do clube, e aí eu fui ver como é o caos do futebol. Pessoas que deixam o ego prevalecer em cima de outras que têm competência para administrar. E com isso, desisti desse meu sonho", disse.

Com cursos já realizados para treinador, ele tentou retomar a carreira à beira do campo, mas a depressão não deixou.

"Tirei um ano para mim, para poder retomar meus trabalhos como treinador, mas aí eu, lamentavelmente, entrei num processo depressivo, que a gente não consegue detectar o porquê disso. Por orientação médica, tive que me afastar de todas as atividades para retomar minha vida com organização. Fiquei três anos em tratamento com medicamentos e, graças a Deus, de 2017 para 2018, já não fiz mais uso de medicação alguma, mas tive que abdicar de muita coisa, inclusive o futebol, uma das minhas paixões", contou ao UOL, explicando o motivo de se afastar:

Passou a ser um gatilho, e aí não tem explicação. Essa retomada desse meu prazer, eu já não tinha tanto. Sempre quando me envolvia com esporte, sentia que tinha um balanço no meu emocional, então descartei isso em função de ter uma qualidade de vida melhor, e preferi seguir outros caminhos fora do esporte, mas graças a Deus superei isso daí. É claro que a depressão, você não tem cura para isso, tem tratamento. E pelas escolhas de vida que fiz, ainda que elas sejam de proporções menores, me dão qualidade de vida, têm me dado a condição de viver tranquilo, bem, saudável, feliz, e é isso que importa para mim hoje
Fernando, autor do gol do 1º título de Copa do Brasil do Flamengo

Copa do Brasil de 90: 'Não fica atrás de nenhum título disputado atualmente'

Zagueiro Fernando como capitão do estrelado elenco do Flamengo com Renato Gaúcho, Júnior, Zinho e etc
Zagueiro Fernando como capitão do estrelado elenco do Flamengo com Renato Gaúcho, Júnior, Zinho e etc Imagem: Arquivo pessoal
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Para muitos, a Copa do Brasil de 1990 é um título nacional do Flamengo que é menos badalado que os outros.

Aquela edição foi apenas a segunda, e o Rubro-Negro enfrentou o Capelense (AL), o Taguatinga (DF), o Bahia e o Náutico antes de fazer a final com o Goiás.

O fatídico jogo onde Fernando fez o gol foi em Juíz de Fora (MG), no duelo de ida. A partida aconteceu na cidade mineira em função do Maracanã estar interditado, e o Rubro-Negro venceu por 1 a 0.

Naquele mesmo confronto, o zagueiro foi expulso e não participou do duro duelo de volta, no Serra Dourada (GO), onde o Flamengo segurou o 0 a 0 e sagrou-se campeão.

"Não é que ele não seja badalado, é porque a Copa do Brasil não tinha a grandeza que se tem hoje. Ela estava nascendo para o país e, como todo campeonato, ela depende da paixão do torcedor, da divulgação, da reestruturação, e foi feito tudo isso de lá para cá. Hoje a Copa do Brasil é um ganho sem tamanho, mas fazer parte dessa história e ser campeão pelo Flamengo não desmerece nem fica atrás de absolutamente nenhum título que atualmente esteja sendo disputado"
Fernando, autor do gol do 1º título de Copa do Brasil do Flamengo

Bicampeão pelo Vasco sobre o Fla

Antes de chegar ao Fla, Fernando foi bicampeão carioca pelo Vasco justamente sobre o Rubro-Negro
Antes de chegar ao Fla, Fernando foi bicampeão carioca pelo Vasco justamente sobre o Rubro-Negro Imagem: Arquivo pessoal
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Antes de tornar-se herói, Fernando já foi vilão rubro-negro. O ex-zagueiro havia sido contratado pelo Vasco junto ao Santos e sagrou-se bicampeão carioca em 87 e 88 em finais justamente contra o Flamengo.

"Tive tempos maravilhosos no Vasco com Tita, Giovane, Roberto Dinamite, Romário, Vivinho, Acácio, Donato, Mazinho...Quando fui para o Flamengo, nosso time também era fantástico. Ainda tive a honra de jogar com Leandro, Júnior, Zico... E aí tinha Renato Gaúcho, Zinho, Gaúcho, Djalminha, Ailton... O negócio é: me sinto feliz de ter participado dessas três grandes equipes de maneira vencedora, porque fui campeão pelas três e cada qual com seu momento. Isso que me engrandece como ex-atleta".
Fernando, autor do gol do 1º título de Copa do Brasil do Flamengo

Confiante no título do Flamengo

Fernando, em destaque em verde, durante jogo beneficente de Zico no Maracanã, em 2020
Fernando, em destaque em verde, durante jogo beneficente de Zico no Maracanã, em 2020 Imagem: Arquivo pessoal

Fernando está confiante que o Flamengo sairá campeão desta decisão com o São Paulo que se inicia hoje (17), às 16h, no Maracanã, no confronto de ida.

"O Flamengo é muito pesado quando chega nas finais, sem falar do grande elenco que possui hoje e os últimos anos que vem fazendo grandes apresentações. Eu tive o prazer de sentir o peso da nação rubro-negra, o quanto esse povo flamenguista empurra o seu time. Sou Flamengo, sem sombra de dúvida, desde sempre, nesse jogo final contra o São Paulo", disse.

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