Brasil leva 7 a 1 da Argentina entre técnicos nas eliminatórias locais

Um cenário já conhecido - e nada positivo para o Brasil - do futebol sul-americano ganhou evidência com o início das eliminatórias locais para a Copa do Mundo: a hegemonia dos técnicos argentinos sobre os brasileiros.

Sete das dez seleções da Conmebol são treinadas pelos 'hermanos'. O Brasil tem somente um representante: o próprio técnico da seleção brasileira, Fernando Diniz.

O espanhol Félix Sánchez e o peruano Juan Reynoso completam a lista. Eles treinam Equador e Peru, respectivamente.

O predomínio argentino também se nota em outras competições, como a Libertadores, a Sul-Americana e até na última Copa do Mundo.

Domínio nas copas

Enquanto se discute o potencial de evolução da seleção brasileira sob o comando de Diniz, contratado para preceder uma possível chegada do italiano Carlo Ancelotti em 2024, a hegemonia dos técnicos argentinos também ocorre nas copas do continente.

Somados os oito treinadores vivos nas semifinais da Libertadores e da Sul-Americana, cinco são da Argentina: Jorge Almirón (Boca Juniors), Eduardo Coudet (Inter), Julio Vaccari (Defensa y Justicia), Juan Vojvoda (Fortaleza) e Luis Zubeldía (LDU).

Ainda se ampliada a margem, considerando as quartas de final das duas competições, a vantagem também é argentina. São oito dos 16 comandantes, com Fernando Gago (Racing), Eduardo Domínguez (Estudiantes) e Fabián Bustos (América-MG), somados aos cinco citados acima.

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Argentinos também têm forte representação no mundo

Um estudo realizado em 2020 pelo Football Observatory apontou como o trabalho dos treinadores argentinos se tornou um 'produto de exportação' do futebol local: o país com mais técnicos 'expatriados', ou seja, que trabalhavam no exterior, era a Argentina.

Na época da pesquisa, eram 68 argentinos atuando em outros países, seguidos por espanhóis (41), sérvios (34), alemães e italianos, com 27 cada. Brasileiros ocupavam a nona posição, com 16 comandantes.

A Copa do Mundo de 2022 foi outro símbolo do domínio argentino nas pranchetas: Argentina, Portugal e Espanha foram os países com mais técnicos no Mundial do Qatar. O campeão Lionel Scaloni, pela Argentina, Gustavo Alfaro (Equador) e Gerardo 'Tata' Martino (México) representaram o país sul-americano no torneio.

Entre os clubes de ponta da Europa, destacam-se dois trabalhos nos últimos anos: os de Diego Simeone, bicampeão espanhol e da Liga Europa pelo Atlético de Madri, e de Mauricio Pochettino, finalista da Champions League pelo Tottenham, em 2019, campeão francês pelo PSG e hoje no Chelsea.

Vitória do Uruguai sobre o Chile marcou encontro dos técnicos argentinos Marcelo Bielsa (foto) e Eduardo Berizzo
Vitória do Uruguai sobre o Chile marcou encontro dos técnicos argentinos Marcelo Bielsa (foto) e Eduardo Berizzo Imagem: EFE/ Gastón Britos
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Empate entre campeões recentes da Libertadores

A presença dos treinadores argentinos se destaca mesmo entre os recentes campeões da Copa Libertadores, apesar da vantagem dos clubes brasileiros, com seis taças nas últimas 10 edições.

Dos últimos dez títulos, de 2013 a 2022, os técnicos argentinos venceram três (dois de Marcelo Gallardo e um de Edgardo Bauza).

O mesmo número de conquistas têm os brasileiros (Cuca, Renato Gaúcho e Dorival Júnior) e portugueses (Abel Ferreira, duas vezes, e Jorge Jesus). O colombiano Reinaldo Rueda, com o Atlético Nacional em 2016, fecha a conta.

No Brasileirão, maioria é estrangeira

Recentemente, o Brasileirão atingiu pela primeira vez um número histórico: mais da metade de seus treinadores era estrangeira. Embora seja o país mais populoso entre as potências do futebol mundial, o Brasil é sub-representado entre os técnicos na própria liga.

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O número de estrangeiros chegou a 13, mas foi reduzido nas últimas semanas, após as demissões de Pepa, do Cruzeiro, e Renato Paiva, do Bahia.

Mesmo assim, os 'gringos' ainda são a maior parte dos comandantes dos 20 clubes da Série A. Com um grupo formado por cinco argentinos, cinco portugueses e um uruguaio, eles são 11:

Fabián Bustos (América-MG)
Bruno Lage (Botafogo)
Pedro Caixinha (Red Bull Bragantino)
António Oliveira (Cuiabá)
Jorge Sampaoli (Flamengo)
Juan Pablo Vojvoda (Fortaleza)
Armando Evangelista (Goiás)
Eduardo Coudet (Internacional)
Abel Ferreira (Palmeiras)
Diego Aguirre (Santos)
Ramón Díaz (Vasco)

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