O que já vimos do Dinizismo na goleada do primeiro jogo na seleção

A frase abaixo dita por Fernando Diniz ajuda a explicar o que foi goleada da seleção brasileira por 5 a 1 sobre a Bolívia, em jogo válido pela estreia nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. O Dinizimo, de fato, chegou à seleção.

Eu não sou um treinador muito preso à posição que jogador joga, me dou uma liberdade para perceber o que está acontecendo no jogo e faço as mudanças que acho adequadas. Jogadores, pela maneira que jogam, acabam ocupando espaços diferentes no campo

Não foram poucos os jogadores que apareceram em mais uma função na partida. O volante Casemiro jogou como terceiro zagueiro na saída de três, mas também pisou na área. Renan Lodi e Rodrygo aparecendo por fora e por dentro na esquerda, até mesmo Neymar se deslocou com tamanha liberdade que chegou a buscar a bola nos pés do zagueiro em dado momento.

"Lodi e Rodrygo hoje jogaram por dentro, por fora. O próprio Danilo. Neymar ora tava de segundo volante, ora fechado ou aberto. Casemiro fazia tempo que vocês não viam jogando dentro da grande área do adversário. Tento aproveitar de alguma forma jogadores que não são daquela posição de origem, mas que dentro dos jogos, de alguma forma possam melhorar o time fazendo outra função", pontuou Diniz.

Venceu e convenceu

O Brasil demorou a engrenar e foi para o intervalo com 1 a 0 no placar, mas o segundo tempo foi um show do jeito que Fernando Diniz gosta.

A seleção comprou rapidamente as ideias do treinador e teve tudo que ele gosta: posse de bola (80%) e muitas finalizações (21, 11 delas na direção do gol). O gol da Bolívia em um contra-ataque não diminuiu o brilho da elástica vitória com gols de Neymar (2), Rodrygo (2) e Raphinha.

Eu aproveito, sempre aproveito. FIco concentrado, não fico saboreando, mas acaba jogando junto e me diverto de certa forma. Mas ao mesmo tempo estou mais sério. É um tipo de desfrutar, mas não igual ao do torcedor. O quinto gol foi mais bem trabalhado, pra frente, pra trás, depois saiu o gol. Eu desfruto disso, mas de uma maneira diferente do torcedor

Fernando Diniz

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Bagunça e crédito a Tite

Os jogadores da seleção brasileira não tiveram uma posição fixa em campo. O jogo posicional, frequente na Europa e com o ex-técnico Tite, virou a "bagunça organizada" que Diniz valoriza.

O técnico, porém, faz questão de lembrar que o crédito pela boa partida do Brasil em sua estreia não é só dele. O treinador valoriza o trabalho de Tite nos últimos dois ciclos de Copa.

"Peguei um trabalho bem fundamentado do Tite, que criou um ambiente muito bom, tinha uma maneira clara de jogar, uma equipe de trabalho. Cheguei para contribuir nesse cenário. Jogadores souberam absorver muito do que tenho de ideia de jogo, ser agressivo, ter posse e ser eficiente. Foi essa conexão que a gente vive desde o início e também o trabalho em campo. Embora só três dias de trabalho, parece que não é tanto, mas é coisa. Se fosse para eleger uma coisa só, diria a vontade que eles tiveram de exercer aquilo que a gente combinou", afirmou.

Para Diniz, a tendência é uma melhora da seleção. Pelo menos no quarto e quinto gols do Brasil foi possível observar a troca de passes envolvente na criação da jogada que terminou com a bola na rede. O professor aprovou:

"Reação positiva não só no jogo, mas nos treinamentos. Expectativa é positiva, não é só vencer, mas melhorar. Não quer dizer que vai vencer mais jogos por cinco, mas é o jeito de jogar, de implementar novas ideias, conhecer os jogadores e tirar o melhor de cada um. É uma tendência bastante positiva".

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