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Como curtição no Carnaval de Salvador 'queimou' atacante-símbolo do Bahia

Vitor Jacaré, do Bahia, foi o símbolo do acesso à Série A no ano passado  - Jhony Pinho/AGIF
Vitor Jacaré, do Bahia, foi o símbolo do acesso à Série A no ano passado Imagem: Jhony Pinho/AGIF

Roberto Oliveira

Colaboração para o UOL, em Aracaju

28/02/2023 04h00

Uma noite de curtição no Carnaval de Salvador seguida de uma goleada histórica sofrida pelo Bahia foi o suficiente para o atacante Vitor Jacaré, um dos símbolos do retorno do clube à Série A, ver ruir sua relação com a torcida.

Em dois dias, Jacaré foi do Éden carnavalesco ao tormento futebolístico. Na segunda de Carnaval, ele pulava de alegria em cima do trio elétrico do cantor "Oh Polêmico", sensação da folia com a música do "boneco". Na quarta de cinzas, o atacante acabou virando símbolo da derrota do Bahia por 6 a 0 contra o rival Sport, no Recife, pela Copa do Nordeste.

A torcida do Bahia não perdoou. Já no desembarque do elenco no dia seguinte no aeroporto de Salvador, o mesmo onde poucos meses antes Jacaré tinha seu nome gritado, ele foi o mais cobrado pelos torcedores pelo vexame.

Jacaré tomou dois tapas no ombro e revidou batendo boca e colocando o dedo em riste no rosto do torcedor. Mesmo tendo jogado só 21 minutos na derrota vexatória (foi substituído logo após o Bahia ter um jogador expulso), o atacante virou o alvo principal da revolta dos torcedores devido à fama de boêmio.

Na manhã seguinte, ele foi tachado de "cachaceiro" numa pichação no muro do CT do Bahia. Já o diretor de futebol do clube, Carlos Santoro, de "incompetente". Assim como o Carnaval, tinha acabado o amor.

Jacaré desabafou nas redes sociais e soltou indiretas com uma frase de Cristiano Ronaldo e um vídeo do influenciador Iran Ferreira, o Luva de Pedreiro.

"Cristiano Ronaldo disse uma vez: 'No dia que ganhei, tinham mais de 100 ligações no celular. No dia que perdi, só recebi três ligações, duas da minha mãe e uma de um desconhecido. Naquele momento, entendi tudo'. E assim vai ser por toda nossa vida! Seguimos sem medo de ser feliz!", escreveu Jacaré em seus stories no Instagram.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do jogador, mas não teve resposta até a publicação desta matéria. Caso isso aconteça, ela será atualizada.

Sem causa e efeito

Segundo apurou o UOL, Jacaré estava de folga no Carnaval e não quebrou nenhum acordo com o Bahia ao curtir a folia de Salvador.

A fama de festeiro, aliás, não é novidade no clube nem na cidade. Desde o ano passado, Jacaré é figura carimbada nas festas de Salvador. Porém, sempre foi visto como um jogador "guerreiro" pela torcida e participou de momentos marcantes do acesso à Série A, como os dois gols na vitória contra o Cruzeiro na Fonte Nova.

A reportagem escutou que a ida do atacante ao Carnaval não é vista internamente como causa da goleada sofrida pelo Sport, na qual o Bahia teve um jogador expulso aos 14 do primeiro tempo, sete minutos antes de o jogador ser substituído.

Inclusive, muitas vezes o perfil "pé na rua" de Jacaré foi comemorado pelos tricolores nos melhores momentos do Bahia —que virou SAF, agora é parte do Grupo City e vive um momento de transição e oscilação neste início de temporada. O atacante tem contrato com o clube até o fim do ano.

Após a goleada do Sport, o Bahia escalou o time sub-20 na última rodada da primeira fase do Campeonato Baiano e tomou 4 a 0 do Itabuna, que reencontrará na semifinal. O time do técnico português Renato Paiva, porém, avançou em 1º lugar com 21 pontos, com sete triunfos e duas derrotas.

Agenda

Com Jacaré treinando normalmente, o Bahia se prepara para enfrentar o Jacuipense amanhã (1º), às 21h, em Pituaçu, pela primeira fase da Copa do Brasil. Em jogo único, o Esquadrão de Aço tem a vantagem do empate para seguir na competição.