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Ronaldo quebrou silêncio porque crê em sucesso na Copa e saída em janeiro

e Bruno Andrade

Colunista do UOL, em Lisboa (Portugal)

15/11/2022 04h00

Classificação e Jogos

Depois de falhar as várias tentativas de sair do Manchester United ainda antes do começo da atual temporada, Cristiano Ronaldo coloca agora todas as fichas na Copa do Mundo de 2022. Acredita que uma eventual boa prestação com a seleção portuguesa no Qatar, especialmente do ponto de vista individual, pode vir a ser suficiente para recuperar o prestígio perdido no mercado de transferências.

Nos últimos meses, o craque português foi rejeitado por grandes clubes com poder financeiro, algumas vezes até mesmo de forma pública, como aconteceu em agosto com Bayern de Munique, Borussia Dortmund, Napoli e Olympique de Marselha. A única proposta concreta que recebeu - e rejeitou - veio da Arábia Saudita, num contrato de 250 milhões de euros por duas temporadas (125 milhões de euros por cada uma).

As portas pela Europa foram se fechando mais e mais com o desenrolar das polêmicas nos Red Devils: deixar o estádio antes de uma partida terminar (no amistoso contra o Rayo Vallecano), ter recusado a entrar em campo (diante do Tottenham na Premier League) e, sobretudo, a entrevista ao famoso jornalista britânico Piers Morgan, onde revelou que não respeita o treinador Erik ten Hag e se vê traído pelos dirigentes.

O bombástico bate-papo que marcou o início da semana na imprensa internacional, inclusive, não foi aconselhado pelos responsáveis da comunicação pessoal de CR7. O próprio empresário do veterano jogador, o influente português Jorge Mendes, se mostrou contrário, sobretudo por entender que qualquer declaração mais pesada teria impacto negativo na hora de abrir negociações no futuro.

Aos 37 anos, Ronaldo resolveu "assumir a bronca", porque espera fielmente dar a volta por cima na Copa (Portugal está no Grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul) e também para forçar de vez o Manchester United a buscar uma forma "mais rápida" para negociar um rompimento (amigável ou não) de contrato, que atualmente é válido somente até junho de 2023.

"Ronaldo tem ainda um peso enorme na seleção portuguesa. Continua a ser um elemento preponderante nas manobras ofensivas, além de ser uma mais-valia nos olhares do adversário. Uma coisa é jogar com Ronaldo em campo, outra coisa é jogar sem Ronaldo em campo. A presença dele intimida o rival, por tudo aquilo que já fez e ainda pode fazer. Apesar de todas as circunstâncias, acredito que ele vai chegar ao Qatar em boas condições físicas e mentais. Vai dar uma resposta e ser muito útil para Portugal", destacou o ex-atacante português Nuno Gomes, que esteve com CR7 na Copa de 2006, na Alemanha, ao UOL Esporte.

Pesa ainda a favor da visão de Cristiano Ronaldo o conturbado ambiente vivido desde o ano passado pela família Glazer, hoje dona do clube inglês, e os torcedores dos vermelhos. Numa queda de braço mais inflamada, seja pública ou nos bastidores, o camisa 7 confia que vai ter boa parte da torcida do seu lado. Projeta então um adeus em janeiro de 2023 como "injustiçado", mantendo assim o posto de grande ídolo da história do United.

Sporting de olho

Apesar de evitar qualquer manifestação pública de interesse, seja através do presidente Frederico Varandas ou do treinador Rúben Amorim, o Sporting acompanha com bastante atenção todo o imbróglio envolvendo Cristiano Ronaldo e Manchester United. O clube que revelou o craque português para o futebol mundial é nesta altura, sim, um candidato no mercado de inverno europeu, desde que, claro, o experiente jogador de 37 anos reduza drasticamente o alto salário, hoje na casa dos 30 milhões de euros por temporada.