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Juventus diz não à SAF: Conselho do clube rejeita R$ 13 milhões por futebol

Conselho Deliberativo do Juventus em eleição sobre implementação da SAF no clube - Reprodução/Instagram
Conselho Deliberativo do Juventus em eleição sobre implementação da SAF no clube Imagem: Reprodução/Instagram

Beatriz Cesarini

Do UOL, em São Paulo

07/06/2022 14h00

Na noite de ontem (6), a maioria do Conselho Deliberativo do Juventus rejeitou a proposta de constituição da SAF (Sociedade Anônima de Futebol) no clube através da venda do futebol por R$ 13 milhões à empresa de telemarketing AlmavivA do Brasil. O projeto para a criação de clube empresa foi à eleição em reunião extraordinária e acabou rejeitado com 53 votos contra 49 favoráveis.

A diferença foi larga, já que o estatuto da agremiação determinou que a aprovação da SAF necessitaria de 2/3 dos votantes. Com o resultado, a Assembleia Geral dos Associados, inicialmente convocada para o próximo 11 de junho para deliberar sobre o mesmo tema com todos os integrantes do clube, foi cancelada.

"O Juventus não quer se desfazer do seu futebol, deixar de ter o time para sempre, e foi isso que ficou claro na decisão do Conselho. O clube e o time têm um vínculo muito forte, ambos fazem parte da tradição do bairro, da cidade e do país. O clube procura boas propostas de parceria que mantenham o futebol por aqui e valorizem o fato de ele ser parte essencial da Mooca", explicou a advogada em direitos humanos e conselheira Eloísa Machado.

Além da venda de 90% das ações ao grupo AlmavivA do Brasil e transferência total da gestão do futebol, o projeto também previa o aluguel do tradicional estádio na Rua Javari por R$ 30 mil mensais. O valor era considerado baixo pela maioria dos conselheiros.

"A proposta em geral não atendia os interesses do clube. O valor estava subavaliado, alijaria totalmente o clube das principais decisões e sequer havia previsão para usar algumas benesses da lei da SAF. Sabemos que o clube enfrenta desafios no âmbito financeiro e econômico, sobretudo em razão da pandemia. Mas já está se equilibrando e pode encontrar formas para superar esses desafios que não sejam drásticas como a venda definitiva do futebol, algo essencial do clube", argumentou Eloísa.

"Ainda que seja inegável os desafios que estão impostos aos clubes, a SAF não é sinônimo de sucesso ou de boa gestão. A SAF é apenas a transformação do futebol em ativo de uma empresa que tem por objetivo atender interesses de seus acionistas, e apenas deles. Uma gestão associativa ou empresarial pode ter problemas ou ser um sucesso", finalizou a conselheira.

Desde 2009, o Juventus luta para retornar à primeira divisão do Campeonato Paulista. Neste ano, o time foi eliminado na primeira fase da Série A2. A partir de 3 de julho, a equipe inicia a caminhada na Copa Paulista em duelo contra o São Bernardo.

A reportagem do UOL Esporte entrou em contato com o grupo AlmavivA do Brasil, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.