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Corinthians: "Só volto a sorrir quando a guerra acabar", diz Júnior Moraes

Junior Moraes em coletiva de apresentação no Corinthians - Reprodução/Corinthians TV
Junior Moraes em coletiva de apresentação no Corinthians Imagem: Reprodução/Corinthians TV

Do UOL, em Santos (SP)

22/03/2022 14h02

O atacante Júnior Moraes foi apresentado na tarde de hoje (22) como novo reforço do Corinthians. O atleta estava no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, e se viu livre no mercado após a Fifa suspender os contratos de jogadores com clubes ucranianos até junho, justamente quando terminava seu vínculo. A guerra, aliás, ainda mexe com o brasileiro, que tem cidadania do país do Leste europeu e assinou com o Timão até o fim de 2023.

Júnior Moraes liderou a saída de um grupo de jogadores brasileiros da Ucrânia, mas mantém relações estreitas com ucranianos pelo tempo que passou no país. Foram mais de dez temporadas no país, tendo virado até jogador da seleção deles.

"Ainda é muito difícil falar sobre isso pra mim. Não consigo desligar, não quero desligar. Enquanto tiver guerra, vou estar conectado com as pessoas de lá, tentando ajudar. Diariamente converso com pessoas que ainda estão lá, às vezes precisam de suporte para tirar a família de lá. Tenho muita amizade com o povo ucraniano. É um assunto que mexe. Ainda não consigo sorrir do jeito que gostaria e só vou conseguir fazer isso quando essa guerra parar", disse durante a coletiva de apresentação.

Quando chegou ao Brasil fugindo da guerra na Ucrânia, Júnior Moraes desligou o celular por três dias para ficar somente com a família. Mesmo já em sua terra natal, Júnior Moraes segue tentando ajudar como pode os afetados pela guerra.

"É muito triste saber que jogadores estavam indo para a Ucrânia em busca de um contrato melhor. Esse ano triplicou o número de brasileiros: segunda divisão, futsal, futebol feminino... Nem falo pelos jogadores do Shakhtar, que são badalados, mas é mais complicado para os jogadores que não são tão conhecidos e estavam indo buscar espaço. Não converso com todos, mas tenho contato com alguns que pedem ajuda, oportunidade e tento ajudar como posso. Dos ucranianos que converso, a única esperança que eles têm é essa guerra parar. Muitos já saíram e outros estão em bunkers a espera de um milagre que é essa guerra acabar", disse.

Após o período 'off', Júnior Moraes recebeu a oportunidade de atuar no Corinthians assim que ligou o celular. O contato surgiu devido ao período passado no clube durante tratamento de uma lesão. Nascido em Santos, revelado pelo clube da cidade e com família com ligação estreita com o Peixe, o centroavante não teve dúvidas em acertar com o Timão.

"Foi tudo muito rápido. Eu cheguei no Brasil, fiquei um tempo com a família, desliguei o telefone, fiquei três dias off. Precisava disso porque o que eu passei foi muito difícil. No primeiro dia que pensei no futuro veio a possibilidade de jogar no Corinthians por tudo que passei na fase de recuperação, pelo carinho que eu criei e tive aqui tratando, amizade com todo mundo. Conversei com meu pai e meu irmão (ex-jogadores), e a princípio eles ficaram surpresos com a possibilidade, mas coloquei os pontos para eles e entenderam a parte profissional e agora estão felizes", explicou.

Júnior Moraes não escondeu que ainda busca o melhor condicionamento por causa das três semanas que ficou parado fugindo da guerra. Ainda assim, ele afirmou que tem se sentido bem durante os treinamentos e deixou a decisão de estrear já nesta quinta-feira (24), contra o Guarani, para o técnico Vítor Pereira.

Júnior Moraes fala do tempo parado por conta guerra, mas se diz pronto

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