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Fayza Lamari: mãe de Mbappé é terror dos cartolas gerindo carreira do filho

Kylian Mbappé e a mãe, Fayza Lamari - Reprodução
Kylian Mbappé e a mãe, Fayza Lamari Imagem: Reprodução

Thiago Arantes

Colaboração para o UOL, em Barcelona (Espanha)

08/03/2022 04h00

Kylian Mbappé tem algo que nenhum de seus rivais na luta para ser o melhor jogador do mundo possui. Não é a velocidade, nem o amplo repertório de dribles ou a capacidade goleadora. O francês, de 23 anos, tem a carreira comandada por uma mulher: a mãe, Fayza Lamari.

Fayza, 48 anos, cuida há mais de uma década da carreira do filho. Ela e o pai de Kylian, Wilfred Mbappé, sempre acompanharam de perto todos os passos do filho. Desde o ano passado, quando se divorciaram, a mãe ganhou todo o protagonismo.

Fayza Lamari, mãe de Kylian Mbappe - John Berry/Getty Images - John Berry/Getty Images
Fayza Lamari, mãe de Kylian Mbappe, em jogo da seleção francesa em 2021
Imagem: John Berry/Getty Images

Ex-jogadora de handebol — chegou a disputar a primeira divisão francesa —, Fayza carrega duas características dos tempos em que era atleta profissional. Uma delas é a desconfiança de que os dirigentes sempre tentam pagar menos do que devem aos atletas. A outra é a competitividade: quem já negociou com ela afirma que é "impossível sair ganhando".

Essa personalidade implacável fez de Fayza Lamari um personagem central na disputa milionária entre PSG e Real Madrid por Mbappé. Cada frase dela é capaz de revolucionar a imprensa, os torcedores e, principalmente, as diretorias dos dois gigantes europeus. Depois de seguidas reuniões em que a empresária aumentava os valores para assinar com o clube espanhol, a cúpula do Real Madrid decidiu procurar intermediários para lidar com a situação. A cada rodada de diálogo, alguns milhões de euros entravam em cena —a última pedida foi de 120 milhões de euros (R$ 660 milhões), segundo a imprensa espanhola.

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A luta pelas melhores condições possíveis para o filho não vem de hoje. A história de vida dos Mbappé é marcada por uma dedicação intensa dos pais para que o garoto tivesse uma carreira vitoriosa. Moradores da comuna de Bondy, nos arredores de Paris, Fayza e Wilfred criavam estratégias para que Kylian, então uma criança apaixonada por futebol, pudesse ter contato com jogadores famosos: Thierry Henry e Zinedine Zidane estão na lista de craques que a atual estrela do PSG conheceu durante a infância.

No que diz respeito à carreira, a mãe também toma decisões desde muito cedo. A primeira grande equipe francesa que se aproximou de Kylian com um contrato nas mãos foi o Stade Rennes, onde jogava seu irmão adotivo, Jirès Kembo Ekoko. O jovem Mbappé chegou a jogar — e a ganhar — um campeonato infantil pela equipe rubro-negra, mas os pais não chegaram a um acordo sobre um contrato permanente.

Outro episódio em que a personalidade forte da mãe ficou clara aconteceu longe de casa. Em 2012, Mbappé foi até Londres para uma etapa de testes no Chelsea. Na hora do veredito, os treinadores pediram que Kylian voltasse para uma segunda bateria de treinamentos. Fayza não aceitou a proposta, e os dois voltaram para a França. Meses depois, ele finalmente chegaria ao Monaco, onde começou o caminho rumo ao estrelato.

Ser mãe e empresária ainda é algo raro no mundo do futebol, mas quem conhece de perto a relação entre ambos afirma que Fayza e Kylian conseguem separar bem o pessoal do profissional. A última palavra sempre é dele, mas a mãe e o pai são ouvidos e têm as opiniões levadas em conta. Recentemente, ambos ganharam uma ajuda importante no trabalho de administrar a carreira do filho: a advogada Delphine Verheyden, que assessora com toda a parte contratual e jurídica.

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A operação familiar vai crescendo e se tornando mais profissional, mas o lado mãe de Fayza ainda se faz presente. Quando Kylian chegou ao PSG, um grupo de jogadores — entre eles Neymar, Thiago Silva e Daniel Alves - foi rápido em encontrar um apelido: Donatello, em referência ao personagem das "Tartarugas Ninjas". Na época, Mbappé ainda morava com os pais. Fayza ficou indignada com o apelido, incitando o filho a reagir de alguma forma.

Esse instinto protetor também teve como alvo o alemão Thomas Tuchel. O técnico, hoje campeão mundial e da Champions League com o Chelsea, confidenciou a pessoas próximas que recebeu mais de uma ligação de Fayza por deixar Mbappé no banco, quando treinava o PSG.