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Meia da seleção ucraniana relata invasão: "Acordamos com o som das bombas"

Yegor Yarmolyuk, jogador do Dnipro-1 e da seleção sub-20 da Ucrânia - Reprodução/Instagram
Yegor Yarmolyuk, jogador do Dnipro-1 e da seleção sub-20 da Ucrânia Imagem: Reprodução/Instagram

Bruno Fernandes e Josué Seixas

Colaboração para o UOL, em Maceió (AL)

26/02/2022 04h00

Yegor Yarmolyuk, 17, acordou na madrugada de quinta-feira (24) com os sons de explosão da invasão russa à Ucrânia. Ao lado da namorada, o jogador do Dnipro-1 e da seleção sub-20 do país começou a pensar no que fazer e, apesar do medo e reconhecer o perigo, afirma querer permanecer no país e ajudar seu povo.

Em entrevista ao UOL Esporte, o jogador pediu que nenhum detalhe fosse poupado e que a reportagem trouxesse luz à situação vivida no país, à qual ele considera inimaginável e não esperava passar.

"A situação aqui na Ucrânia é muito perigosa e ninguém esperava por isso. Acordei ao lado da minha namorada com o som de uma explosão de bomba e todos os dias a situação vem piorando. É muito difícil ver como as pessoas estão morrendo. Nós paramos e rezamos para que isso acabe", começou.

O Dnipro-1 reuniu todos os seus jogadores num hotel da cidade, onde poderia ter maior controle de todos eles. O chamado foi de madrugada, quando caíram as primeiras bombas. A cidade foi alvo de ataques da Rússia, que atingiu as bases militares.

A região na qual Yegor Yarmolyuk vive é um importante centro industrial localizado na região leste do país. Dentre diversas instalações existentes na região estão importantes fábricas do conglomerado Yuzhmash.

"Não existem lugares seguros na Ucrânia hoje. Todo mundo está em perigo, meus pais e familiares estão em perigo. Eu peço ajuda a todos e peço que isso acabe. Eu sou a favor da paz. Por favor, espalhe o que eu estou dizendo para o seu país e ao redor do mundo", continuou.

Delegação parte em direção a Romênia

Ao decidir ficar no hotel em que o clube queria que ficasse, Yarmolyuk tomou a decisão contrária de alguns companheiros de equipe que entenderam que a melhor saída seria deixar o país em direção a Romênia. Dnipro é a quarta maior cidade da Ucrânia e fica no sudeste do país. Para chegar à Romênia, seria preciso atravessar metade da Ucrânia, em um percurso de cerca de 1.000 km até a fronteira.

Por conta da idade, Yarmolyuk não está contemplado entre os ucranianos que devem se apresentar às forças de defesa contra invasão. Mesmo tendo vivido 17 anos na região de Dnipro e sabendo de todas as tensões que envolvem os países, nunca esperou que um ataque pudesse acontecer.

"Sim, eu sei de todas as coisas que acontecem entre os dois países, mas não, eu não esperava um ataque tão de repente como aconteceu ontem", afirma o jogador.

Com o Campeonato Ucraniano cancelado nas primeiras horas da manhã de ontem, o SC Dnipro-1 liberou os jogadores para deixarem o país em busca de um lugar seguro e pediu para os torcedores não criarem pânico, afirmando acreditar em seus defensores. "Acreditamos em nossos Defensores! Sem pânico! Sejamos unidos! Glória à Ucrânia! Nós vamos ficar!", postou a equipe.

Na última quarta-feira (23), os times do torneio já haviam discutido a possibilidade de adiamento, mas nada ficou resolvido. Em curto comunicado em seu site oficial, a organização do torneio tomou uma nova decisão, tomando como base a lei marcial imposta na Ucrânia poucas horas após a reunião.