Topo

São Paulo

SP: Ceni admite cobranças e não vê relação ruim com elenco e funcionários

Rogério Ceni durante a partida entre São Paulo e Santo André - Ettore Chiereguini/AGIF
Rogério Ceni durante a partida entre São Paulo e Santo André Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

09/02/2022 22h42

O clima no CT da Barra Funda foi um dos temas da entrevista coletiva de Rogério Ceni depois da vitória do São Paulo por 1 a 0 sobre o Santo André, pelo Paulistão. O treinador admitiu ter alguns atritos no dia a dia do clube, mas negou que sua relação com o elenco e com funcionários não seja boa.

"Quando eu cheguei, a piscina não tinha água. Tinha cadeira e mesa. Então eu sou o cara chato que pediu para colocar água na piscina. Jogador está parado há 30 dias no departamento médico. Quando eu vejo jogador indo embora 13h45, eu penso que o clube está gerando a oportunidade de ele melhorar rápido. Quando eu me machucava trabalhava de manhã, de tarde e de noite para voltar a trabalhar rápido. São ajustes que a gente faz ou cobranças que a gente faz em alguns departamentos que geram realmente alguma insatisfação, porque a pessoa tem que ficar mais tempo, tem que trabalhar por mais tempo", afirmou Ceni.

Como mostrou o UOL Esporte anteontem, as atitudes de Rogério Ceni têm incomodado o elenco e alguns funcionários do CT da Barra Funda. O treinador chegou a criticar todos os fundamentos de um jogador na frente do restante do elenco. Na reapresentação, quando o São Paulo confirmou 16 casos de covid-19, Ceni fez uma dura cobrança no departamento médico.

"Eu penso no melhor para o clube, o clube atravessa problemas sérios, financeiros e tudo mais. Eu penso em gerar o que há de melhor para o clube. Então, tentar fazer um período a mais de tratamento, tentar que o atleta fique até mais tarde, disponibilizar condições para que esse atleta trate e volte mais rápido para campo... talvez eu incomode um pouco esses departamentos", prosseguiu.

"Eu quero o bem do São Paulo. Se for ruim cobrar para que você tenha uma melhora de estrutura, para que tenha mais tempo com atletas tratando para voltar mais rápido, para cobrar melhora na condição física... eu acho que é uma coisa para o bem do clube, mas entendo que uma pessoa ou outra possa se sentir insatisfeito".

Ceni relembrou seu período de jogador do São Paulo e disse que conhece alguns funcionários há quase 30 anos. Na sequência, voltou a negar qualquer tipo de problema de relacionamento.

"Funcionários são pessoas que trabalham no campo, cuidam da grama, eu tenho relacionamento bom com eles há 30 anos. É natural que alguém fique insatisfeito com a cobrança, entendo perfeitamente e acho que jornalista realmente tem que ir a fundo, investigar, fazer o que for necessário, mas ser jornalista, não chutar. Não tenho problema de relacionamento com ninguém. Cobro todos, faço o melhor por eles todos os dias, desenho cada dia um treino especial para todos eles no intuito de melhorar o clube. Mas pode ser que incomode realmente uma ou outra pessoa no departamento do clube", completou.

O São Paulo conquistou a primeira vitória no Paulistão e chegou aos 4 pontos, na terceira colocação do grupo B. No próximo domingo (13), o time de Rogério Ceni visita a Ponte Preta, às 18h30 (de Brasília).

Confira outras declarações do técnico Rogério Ceni:

As atuações ainda estão longe do ideal?

Acho que a gente pode melhorar bastante. Individualmente a parte física de alguns jogadores que ainda estão um pouco abaixo. Arboleda sentiu bastante cansaço, o próprio Nikão a gente tem segurado porque tem se desgastado bastante. Igor Gomes ainda voltando a tentar encontrar uma forma melhor por causa do covid.

Coletivamente temos que tentar mais em sessões de treinos, jogar por dentro. Temos conseguido pelas laterais, com muito cruzamento. Os adversários aqui no Morumbi se fecham muito e as opções que a gente tem são sempre pelos lados do campo. Temos que tentar construir melhor por dentro, coletivamente, e individualmente melhorar o nível físico de alguns jogadores.

Você tem mostrado uma expressão de abatimento. Qual a razão?

Não. Eu fico com uma cara que não é boa porque ganho poucos jogos. Foram poucas situações que me deixam satisfeito. O que faz você estar de bom humor é a vitória. Como não ganhamos muito, não tenho como chegar aqui sorrindo enquanto as vitórias não vêm.

Quais os problemas encontrados para melhorar as atuações da equipe?

Dá para crescer muito na parte física. Às vezes a gente quer propor um tipo de jogo do qual você não tem a característica daquele dia do jogador que você precisa. A sua ideia é uma, mas a realidade é outra no tipo de jogo que você escolhe.

Mas mesmo dessa maneira a gente pode crescer muito mais. Nós jogamos um bom futebol contra o Bragantino, foi nosso melhor jogo. Melhor que hoje, mas perdemos no final da partida, assim como hoje ganhamos no final. Individualmente ainda tem uma margem muito grande de pensamento.

Mas precisamos melhorar para ganhar. Se não formos competitivos ao extremo, nossas chances diminuem.

Pressão da torcida para que o time dê espetáculo pode atrapalhar?

Dando espetáculo é um pouco mais difícil. Vamos entrar melhorias, competir cada vez mais, fazendo com que os jogadores entendam que é a única maneira de jogar de igual para igual com outras equipes.

Espetáculo é um pouco mais difícil. Vamos tentar vencer jogos, ser competitivos, encontrar alternativos para entrar em adversários fechados. Logo mais vem os clássicos que são com responsabilidade dividida, adversário te atacando um pouco mais, dando mais espaço.

Vimos hoje que o Chelsea foi para a final ganhando de 1 a 0. Espetáculo é muito relativo, acho que não estamos prontos para isso.

Vitória nos acréscimos mostra que o teto de evolução dessa equipe é baixo ou ainda está longe do ideal?

Contra o Bragantino estava 3 a 2 e perdemos três gols para fazer o 4 a 2 e fomos castigados por um gol de bola alçada. Hoje acho que exageramos um pouco no jogo lateral, mas foi por onde encontramos mais espaço. O gol no começo ou no fim tem o mesmo valor. Mas o placar e os pontos são os mesmos, têm o mesmo valor.

Quais seus planos para o Marquinhos?

Marquinhos é um ótimo menino, bom de se trabalhar, tem que desenvolver principalmente a tomada de decisão. Sofre um pouquinho no 1 contra 1. Foi coroado com um gol, que foi importante porque ele trabalha todos os dias. Mas tem uma margem muito grande de evolução, é jovem, tem muito a evoluir. Mas vai ser usado da maneira que acharmos melhor.

O que falta para extrair mais do meio de campo?

Eu gosto de um time que jogue bem, seja competitivo, seja forte fisicamente, consiga criar oportunidades de gols, tenha sempre controle do jogo, que é o que a gente vem tentando ter. Eu não acho que o time jogou muito mal, acho que não fez a sua melhor partida, não jogou tão bem como contra o Bragantino, porque era um time que vinha com proposta ofensiva de atacar. Mas melhoras são necessárias para a gente visualizar, passar para a próxima fase, tem Copa do Brasil chegando. Mas não vejo que o time jogou muito mal. O time ainda não está rendendo o que eu esperava, o que os próprios jogadores esperam poder render, o que o torcedor vem aqui e espera poder ver vitórias mais tranquilas, maiores. Mas jogar um péssimo jogo eu não acredito que tenha jogado.

Torcida pela primeira vez aplaudiu seu nome no Morumbi

Eu fico feliz, tenho carinho por todo torcedor são-paulino, pela Independente, pela Dragões, por todas as torcidas. Fico feliz porque alguém que defendeu o clube por tantos anos e está aqui tentando fazer o melhor. Nem sempre a gente vai conseguir os resultados esperados, mas a dedicação de todos não há discussão.

Fico feliz. Alguém que tentou sempre fazer o melhor pelo clube, continua tentando fazer o melhor pelo clube. É sempre positivo quando você é aplaudido pela sua torcida, quando você tem nome gritado. Agradeço de coração à manifestação do torcedor.

A ideia é manter o rodízio de goleiros?

A ideia é fazer o melhor pelo clube. Vamos analisar a partir de amanhã à tarde para ter uma definição para domingo.

São Paulo