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'Pulga atrás da orelha': jovens da seleção brilham em arrancada para a Copa

Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, em Belo Horizonte

02/02/2022 04h00

"A intenção é atuar bem. Seja eu, Vinicius Júnior, Rodrygo, não importa quem. Para colocar a pulga atrás da orelha do Tite nessa disputa saudável que temos", disse ontem (1º) o atacante Antony, autor de um dos gols da seleção brasileira na goleada por 4 a 0 sobre o Paraguai, no Mineirão, em Belo Horizonte.

A frase do jogador de 21 anos dá o tom do que foram as duas últimas semanas da seleção brasileira dentro da primeira data Fifa da temporada que só terminará no Qatar, com a Copa do Mundo. Se tem alguém que aproveitou o espaço tanto na goleada do Mineirão, quanto no empate com o Equador, foram os jovens atacantes convocados por Tite.

Numa convocação que não teve Neymar, lesionado, nem Roberto Firmino e Richarlison, que se recuperaram recentemente de problemas físicos e ainda não conseguiram uma sequência forte de atuações no futebol inglês, Tite viu de perto nomes como Matheus Cunha, Vinicius Júnior, Antony, Rodrygo e mesmo Raphinha — já mais consolidado — mostrarem serviço e provarem que as próximas convocações no sprint final para o Qatar serão desafiadoras.

Toda vez tem alguém mais jovem no time, os jovens sempre vêm para somar. Digo por mim, Vinícius, Cunha, Antony e Rodrygo. Tem muito jogador jovem e viemos para somar junto com a seleção. Temos vontade de estar aqui, de permanecer aqui, e isso ajuda na nossa maneira de jogar."
Raphinha, em entrevista ontem (1)

Quem sobe

Raphinha - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Raphinha comemora gol do Brasil contra o Paraguai, ainda no primeiro tempo
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Atacantes jovens - Tite repetiu nos dois jogos o trio de ataque formado por Raphinha, Vinicius Júnior e Matheus Cunha — o mesmo que ele gostou de ver em novembro do ano passado, contra a Argentina. Na primeira partida da rodada dupla a expulsão precoce de Emerson Royal atrapalhou os planos, mas Cunha teve uma boa chance de gol com passe de Vini. Já diante do Paraguai, Rapinha fez gol (além de outro anulado), os outros dois (Antony e Rodrygo) criaram muitas oportunidades e saíram de campo aplaudidos e até dois que começaram no banco conseguiram marcar. Bastou dar espaço que os meninos deram soluções.

Zagueiros experientes - A dupla de zaga titular da seleção brasileira brilhou na partida contra o Paraguai. Além da proteção à meta de Ederson que fez com que o adversário só conseguisse finalizar certo duas vezes, Marquinhos e Thiago Silva apareceram no ataque com lançamentos precisos. O primeiro deu dois passes para gol, e com o segundo a bola não entrou por capricho.

Thiago Silva - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Aos 37 anos, Thiago Silva foi titular nas duas partidas desta data Fifa e jogou o tempo inteiro em ambas
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

"Eles são craques de bola, têm excelente diagonal e excelente marcação em passe curto", elogiou Antony.

Daniel Alves - Tite queria aproveitar a data Fifa para dar mais minutos para Emerson Royal, mas sua expulsão contra o Equador e consequente suspensão ontem fez com que Daniel Alves tivesse a chance de jogar e mostrar que ainda merece espaço entre os selecionáveis. No Mineirão, ele atuou em muitos momentos quase como volante, na verdade um lateral por dentro armando de trás. A saída de bola do Brasil melhorou.

Daniel Alves - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Daniel Alves durante Brasil x Paraguai: lateral voltou a ser titular e capitão após dois anos e três meses
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Philippe Coutinho - A convocação mais contestada da seleção nesta data Fifa participou da jogada do gol do empate contra o Equador e ontem brilhou com um golaço e uma atuação consistente, quase sem errar passes, municiando a todo o tempo os três atacantes da equipe e dando fluidez às jogadas no meio-campo. Saiu do Mineirão aplaudido e com o nome gritado pela torcida.

Coutinho - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
O técnico Tite abraça Phillipe Coutinho após o jogador marcar pela seleção brasileira no jogo contra o Paraguai
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Quem desce

Indisciplina no Equador - Emerson Royal e Éder Militão saem desta data Fifa com problemas. O lateral-direito foi expulso aos 19 minutos do primeiro tempo contra o Equador depois de dois cartões amarelos por faltas bobas. Além do vexame, ainda permitiu que Tite pudesse ver Daniel Alves em boa forma para abrir pontos na disputa por posição. Já Militão tomou cartão amarelo no Equador, ficou suspenso e viu Marquinhos e Thiago Silva nem pensarem em dar espaço para a concorrência.

Emerson Royal - Rodrigo Buendia/Reuters - Rodrigo Buendia/Reuters
Emerson Royal disputa a bola com Caicedo na partida entre Brasil e Equador pelas Eliminatórias da Copa
Imagem: Rodrigo Buendia/Reuters

Lateral esquerda indefinida - Sem Renan Lodi, que não estava completamente vacinado contra covid-19 na época da convocação, e Guilherme Arana, que estava de férias, os laterais-esquerdos desta rodada dupla foram Alex Sandro e Alex Telles, um em cada jogo. Nenhum dos dois mostrou o suficiente, o que deixa a posição como uma das maiores incógnitas da seleção neste ano de Copa.