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Elogiado por Klopp e sugerido a Tite. Por que Allan não ficou no Liverpool?

Volante Allan treina no Liverpool sob comando do técnico Jurgen Klopp - Liverpool FC/Divulgação
Volante Allan treina no Liverpool sob comando do técnico Jurgen Klopp Imagem: Liverpool FC/Divulgação

Victor Martins

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte (MG)

29/01/2022 04h00

Em julho de 2015 o Liverpool pagou 500 mil libras (equivalente a R$ 2,4 milhões na cotação da época) para contratar o volante Allan. Então com 18 anos, o volante foi identificado pelo clube inglês como um jogador capaz de evoluir a ponto de jogar pela equipe principal dos Reds. Mas com a exceção de amistosos, Allan não conseguiu ter uma sequência com a camisa do Liverpool, apesar do técnico Jürgen Klopp cobrir de elogios o brasileiro.

"Eu o vi treinando e pensei: 'Oh, meu Deus, o que nós podemos fazer para manter esse garoto aqui e colocá-lo para jogar?' Ele tem 19 anos, um talento acima da média, é um bom jogador com uma boa atitude, todo mundo o ama, é um cara legal e isso é muito, muito bom. Ele é um jogador inteligente", disse Klopp em entrevista publicada no site oficial do Liverpool, em 2016.

Raphael Veiga e Allan estão entre os jogadores avaliados por Tite para seleção brasileira - Staff Images / CONMEBOL - Staff Images / CONMEBOL
Raphael Veiga e Allan estão entre os jogadores avaliados por Tite para seleção brasileira
Imagem: Staff Images / CONMEBOL

Porém, nem Klopp e nem o Liverpool foram capazes de superar as exigências do governo inglês para a emissão do visto de trabalho. Com regras mais rígidas do que em outros lugares do planeta, a Inglaterra faz isso para proteger os jogadores locais e também elevar o nível do futebol jogado por lá. Entre as exigências para a emissão do visto está a presença em determinada quantidade de convocações. Por isso Allan não conseguiu jogar pelo Liverpool, apesar dos constantes elogios de Klopp.

"Quando eu cheguei aqui (no Liverpool), um ou dois meses depois Allan estava aqui e eu disse: 'Quem é esse?'. Responderam: 'Ele é jogador que serve para a gente e na última semana foi campeão na Finlândia'. Eu: 'Interessante. Por que ele não joga aqui?'. Responderam: 'Porque não é possível'. E aí fui entender sobre as regras", contou o treinador alemão, que chegou a indicar o volante brasileiro para o Eintracht Frankfurt.

Sem poder jogar pelo Liverpool, Allan rodou pela Europa até retornar ao Brasil. Além do alemão Eintracht Frankfurt, o volante também defendeu o SJK (Finlândia), Sint-Truiden (Bélgica), Hertha Berlim (Alemanha) e o Apollon Limassol (Chipre). A volta ao futebol brasileiro foi pelo Fluminense, por empréstimo. Foi quando chamou a atenção do Atlético-MG, que no início de 2020 pagou 3 milhões de euros ao Liverpool (cerca de R$ 15 milhões na cotação da época).

Klopp não usou Allan como esperava, mas o treinador acertou a previsão. De fato Allan se tornou um grande jogador. Titular absoluto do Atlético-MG que na temporada passada conquistou o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, o volante teve a convocação sugerida a Tite. Treinador do Atlético em 2021, Cuca indicou seu jogador à comissão da seleção. O antigo técnico do Galo tem bom relacionamento com César Sampaio, com quem jogou na época do Palmeiras, nos anos 1990, e que hoje faz parte da equipe de trabalho de Tite.

A sugestão de Cuca fez bem para Allan, que teve o nome discutido internamente na seleção brasileira. A revelação foi de Juninho Paulista, que é coordenador das seleções da CBF. "O Allan já esteve em nossa lista larga de jogadores. Como o Tite fala, a gente observa de 45 a 50 atletas. O Allan já esteve sendo observado nessa lista. É aquilo que foi falado na última coletiva do Tite, não está fechado. A Seleção é o critério que a gente adota no momento. O Allan vem jogando bem, como outros vêm jogando bem no Campeonato Brasileiro, como o Raphael Veiga, que também está nessa lista", disse Juninho em entrevista à Rádio 98.

Mas por enquanto, a convocação ainda não aconteceu. Allan também já se colocou à disposição. "É meu sonho representar a seleção principal, já representei a seleção olímpica. Chegar na principal é outro nível, é mais difícil, mas, se o Tite precisar, estamos aí à disposição" disse o volante atleticano durante a temporada passada.