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SPFC: Ceni explica trocas para encaixar Benítez e lamenta vergonha sofrida

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

02/12/2021 23h57

O técnico Rogério Ceni confirmou que mudou a formação tática do São Paulo para tentar encaixar o meia Martín Benítez no time titular. No primeiro tempo da derrota por 3 a 0 para o Grêmio, a equipe jogou com três zagueiros, com Gabriel Sara como ala-direita e com o argentino posicionado atrás dos atacantes Jonathan Calleri e Emiliano Rigoni.

"Eu tentei montar um esquema para colocar o Benítez para jogar, tentei formar um esquema que beneficiasse ele, com Sara e Welington. Inclusive trocando Reinaldo pelo Welington, que é um jogador mais jovem, de mais força para descer pelos lados. Coloquei Rigoni e Calleri próximos a ele, para que ele pudesse ter trocas de passe, e dois volantes para protegê-lo, para que ele ficasse um pouco mais solto no meio de campo para jogar, com a incumbência só de marcar o Thiago que era o primeiro volante", explicou Ceni, em entrevista coletiva depois da derrota.

"Tentei preparar um sistema muito voltado para que ele tivesse conforto dentro do jogo e a gente tivesse altura, poder defensivo. O Sara é o jogador que mais compete para pegar o Ferrerinha na hora de marcar. E, na hora de apoiar em linha alta, ele tem qualidade trazendo para dentro. E o Welington é um jogador jovem, que tem mais força, chega mais fácil ao fundo, com uma referência dentro da área", continuou.

As trocas não surtiram efeito e o São Paulo acabou sendo dominado pelo Grêmio. No segundo tempo, Ceni tirou Benítez e Welington da partida e voltou a jogar com duas linhas de quatro. Mesmo assim, a equipe paulista não conseguiu melhorar na partida e saiu de campo tendo dado apenas cinco chutes em direção ao gol de Gabriel Chapecó - apenas um foi no gol gremista.

"Infelizmente nós não produzimos absolutamente nada no jogo, não conseguimos... chutamos pouquíssimo a gol, não tivemos quase ações ofensivas, não conseguimos nem neutralizar o Grêmio nem ter força para criação", prosseguiu Ceni.

A derrota ainda deixa o São Paulo com risco de ser rebaixado. Questionado sobre o que espera da torcida para a partida contra o Juventude, dentro do Morumbi, Ceni lamentou o que chamou de "vergonha" sofrida contra o Grêmio.

"Eu tenho certeza de que o torcedor vai estar lá apoiando como sempre. Mesmo depois da vergonha que nós passamos hoje, ele não vai se afastar, não vai deixar de estar no Morumbi e isso passa combustível para que esse time tenha força para vencer o Juventude e, consequentemente, se livrar desse perigo de rebaixamento antes da última rodada. Isso passa muito pela presença e pela força que ele dá a todos os atletas mesmo no momento de dificuldade, em um momento ruim, em um momento que não tem nem como você colocar adjetivos no que nós produzimos no dia de hoje".

Confira outras declarações de Rogério Ceni após a derrota do São Paulo:

O que você imaginou para o jogo com as mudanças feitas?

O Sara está acostumado a fazer o lado direito, ele vem jogando nessa função na linha de frente. Como ala ele teria a mesma liberdade para atacar, o Arboleda faria um pouco mais a cobertura dele por esse lado. O Sara é o jogador que mais percorre distância, intensidade, é o que joga em rotação mais alta, e eu não queria tirá-lo desse corredor que ele está acostumado - de fora para dentro - a jogar.

Até conversando com o Sara e treinando, ele não teve dificuldades no treinamento. Aliás, o primeiro gol sai por ali, mas não é uma falha do Sara, ele estava fazendo a função. Depois nós voltamos para o 4-4-2 no segundo tempo e o segundo tempo foi pior que o primeiro tempo. Então às vezes o sistema é importante, claro, mas mais importante do que o sistema é a atitude, é a personalidade, o poder de reação. Hoje, posso garantir para você: pode ser um 3-5-2, um 4-4-2, um 4-5-1, como quisesse. Da maneira como nós nos comportamos dentro de campo, o sistema fica secundário perto do que a gente produziu.

O que te fez tentar uma formação diferente hoje?

Já jogamos de várias maneiras. No começo, quando eu cheguei aqui, eu falava do tripé, dos três jogadores de meio de campo: Igor Gomes, Sara e Liziero, que foram quem começou, e jogávamos com um quarto homem por dentro.

Contra o Internacional nós ganhamos jogando numa linha de três, com Miranda, Arboleda e Léo, e ganhamos outros jogos com linha de quatro.

Os dois sistemas foram muito usados. A linha de três é muito costumeira do clube, usou praticamente o ano inteiro.

Você também tem tido dificuldade de mobilizar os jogadores, como disse o Crespo?

Eu já frisei em outras entrevistas que é um grupo mais calado. No dia de hoje nós infelizmente não conseguimos mobilizar a equipe como a gente imaginava.

Por que o São Paulo não conseguiu evitar a pressão alta do Grêmio?

Eu acho que nós não tivemos escanteios no jogo, para você ver quão mal nós fomos na partida. Pode ser que eu esteja enganado, não tenho absoluta certeza. Nós sofremos contra-ataques porque o Grêmio tem jogadores de velocidade: Douglas Costa, Ferrerinha...

Quando se tem velocidade e você está atrás do placar, você tenta ter o controle do jogo, que é a maneira que nós temos de conseguir construir alguma coisa. Perde-se as bolas, contra-ataques vêm, velocidade vem e você acaba sofrendo o segundo e, infelizmente, o terceiro gol. Mas é claro que, quando você está na frente, você tem o controle do jogo, pode se postar um pouco mais baixo e sofre menos contra-ataques. Quando você está atrás do placar, você tem que arriscar mais e obviamente sobra mais espaço para um time que tem dois jogadores de velocidade e de muita qualidade.

Lado direito da equipe é um setor que precisa de reforço?

Acho que não é o momento para se falar sobre 2022. Nós temos problemas a resolver nesse ano ainda, vamos tentar resolver na segunda-feira contra o Juventude. 2022 não é no dia de hoje que a gente deve falar.

Atuação tem culpados? Quem são?

Somos todos nós. Nós que entramos em campo, eu que dirijo a equipe, jogadores que atuam. Todos nós temos a nossa parcela de culpa.

É possível montar um time organizado e competitivo sem grandes reforços?

Eu reitero que falar sobre 2022 nesse momento não acrescenta para nós. Desde que seja um time mais equilibrado, eu acho que é possível ser melhor, independentemente de nomes que tenham mais equilíbrio na sua montagem.

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