Durante o jogo entre Flamengo e Cuiabá no Maracanã, empatado em 0 a 0 na noite de ontem (17), o técnico Renato Gaúcho fez uma substituição durante o segundo tempo com o zagueiro Gustavo Henrique entrando no lugar de Michael para jogar no ataque, visando aproveitar a estatura de 1,96 m em bolas cruzadas na área, estratégia que fracassou.
No podcast Posse de Bola #170, Mauro Cezar Pereira lembra que Cuca também usou estratégia parecida no jogo com o Palmeiras pela semifinal da Copa Libertadores, colocando Réver de centroavante. O jornalista diz que, ainda que Pep Guardiola também já tenha feito algo parecido, isso não legitima a escolha como algo além do aleatório e um recurso que considera pré-histórico do futebol.
"Essa questão do zagueiro como centroavante, o Guardiola já fez isso, mostra que o Guardiola também tem seus dias de técnico brasileiro, de abraçar algo que está abaixo da mediocridade. Ao contrário não vai acontecer, é muito difícil, mas isso aí acontece. E não justifica, não é porque o Guardiola é muito bom e faz uma bobagem dessas que a gente vai concordar", diz Mauro.
Mauro defende que os jogadores de defesa possam ser aproveitados pela estatura em alguma jogada aérea, de bola parada, como faltas e escanteios, mas não para que o time simplesmente fique lançando bolas na área adversária para um jogador que não tem nenhum cacoete de finalizador e muitas vezes acaba perdido no posicionamento.
"No século 19, na Inglaterra, na Escócia, os caras dando aquelas bicudas na bola, o futebol engatinhando, é muito provável que com muito jogo aéreo e muita bola esticada, alguém tenha percebido em algum momento que um sujeito alto na área pode fazer um gol de cabeça, imagino que isso no momento em que o primeiro gol de cabeça aconteceu no futebol, algum técnico, e os técnicos eram também jogadores, era um negócio muito primitivo", diz Mauro.
"Então o que você vê numa hora dessa é um técnico apelando para a pré-historia do futebol. O cara vai buscar uma 'ideia pré-histórica', que poderia até dar certo, sempre pode dar certo, claro, uma maluquice dessa pode dar certo, aí caracteriza o jogo aleatório que impera muitas vezes no futebol brasileiro. É um jogo do lateral na área, é um jogo dos quase 50 cruzamentos, é o jogo do grandalhão na área para ver o que acontece", completa.
O jornalista também chama a atenção para esta escolha de Renato Gaúcho ao colocar um zagueiro de centroavante ocorre dias depois de muita repercussão a respeito de uma declaração de Jorge Jesus sobre a forma como fez os jogadores do Flamengo se portarem sem a bola.
"Isso tudo acontece dias depois de uma repercussão, uma ciumeira danada porque o Jorge Jesus, que tem um ego imenso, uma autoestima absurda, mas que também tem muita razão quando abre a boca para falar de futebol no Brasil, falou sobre a questão de ele ter feito os jogadores jogarem sem a bola da maneira como não jogavam, o que é a pura verdade. Não que os técnicos aqui todos eles sejam incapazes de fazê-lo, mas isso não costuma acontecer", diz Mauro.
"O Jorge Jesus mostrou sim, isso é fato, é só lembrar o Abel Braga falando 'não gosto de time de índio'. O que acontece? Ele mudou mesmo o patamar da coisa aqui e com a saída dele e a recaída do Sampaoli no Atlético-MG depois de ir tão bem no Santos, 2019, com um pedacinho de 2020, acabou se transformando em um flerte de verão com o futebol mais bem jogado, nós voltamos às trevas, os técnicos brasileiros são muito fracos", conclui.
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