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Feias? Bonitas? Torcedor brasileiro curte grifes em camisas de futebol

Do UOL, em São Paulo

23/09/2021 15h35

O que era apenas o material para distinguir os jogadores de dois times diferentes dentro de campo e que durante muito tempo era artigo até difícil de encontrar pelos torcedores, as camisas de futebol se tornaram um negócio lucrativo para grandes marcas e que não necessariamente é utilizado apenas para torcer em um jogo de futebol por seus consumidores, mas um material de moda para diversos momentos. É sobre isso que fala o designer Glauco Diógenes na primeira parte da entrevista feita por Mauro Cezar Pereira para o programa Dividida, do Canal UOL.

Autor do ÉQUARTAFEIRA, canal que aborda os diferentes aspectos em camisas de clubes e seleções de futebol, Glauco destaca a mudança no conceito do consumo do material e de como as empresas fabricantes buscam atingir muito além do público que deseja vestir o uniforme do time de coração no estádio em dia de jogo, o que muitas vezes acaba fazendo com que até as características e cores originais dos clubes sejam deixadas de lado em prol de um visual atrativo.

"É essa mudança do comportamento do torcedor, principalmente do torcedor que já está mais envelhecido, e em relação à maneira como o jovem consome o futebol, então, por isso esse movimento cada vez mais forte, de você ter essas collabs com outras modalidades, e aí de novo eu trago um exemplo que eu acho que é o case principal hoje em dia, que está sendo replicado, que é o caso do Paris Saint-Germain mesmo, de vender o futebol como um estilo de vida, é partir para essa coisa mesmo do comportamento", explica o designer.

"Tem realmente mais essa busca hoje em dia de você conseguir, nessa conexão com o público mais jovem, que vai herdar essa ancestralidade de ser torcedor, essa preocupação de você vender o futebol muito mais como um estilo de vida e trazer a camisa para esse contexto mais do dia a dia para quando o pessoal vai se reunir ali para fazer o seu rolezinho, vai tomar seu drink, vai encontrar para fazer o esquenta pré-balada, cada vez mais você vê essa tendência e cada vez menos a gente vê essa ligação com o passado", completa.

A tendência citada por Glauco é cada vez mais presente no futebol europeu, em que os clubes apresentam diversos modelos que fogem de padrões tradicionais dos clubes na atual temporada, mas no Brasil não é bem assim. Segundo o designer, o torcedor brasileiro ainda é mais conservador em termos de inovações nos uniformes dos clubes.

"O torcedor brasileiro ainda é um dos que é mais resistente a esse tipo de mudança e de inovação. Se você parar para comparar com outros países, principalmente os europeus mais tradicionais, você já tem uma aceitação muito maior. Aqui ainda existe esse foco de resistência, não é a resistência francesa, a França já está na vanguarda disso", afirma Glauco.

"Mas o brasileiro é bem reticente e ele é muito zeloso, o torcedor brasileiro, nas conversas que eu tenho com a audiência, quando eu sempre falo das camisas, ele é muito zeloso com qualquer tipo de inovação, principalmente para os clubes mais tradicionais", completa.

Há no Brasil uma tendência de clubes que procuram uma fabricação própria de seus uniformes, casos de Bahia, Fortaleza, Ceará e Coritiba, mas neste momento os clubes também lutam contra a resistência do torcedor que costuma valorizar a grife como um símbolo de status do clube.

"Muitas vezes você tem até a iniciativa do clube de tentar partir para um caminho autônomo e de construção dessa marca própria, oferecendo um bom design, mas é rechaçado de pronto pela própria coletividade que não aceita e vê esse tipo de iniciativa como uma alternativa menor ou como um produto subqualificado", conclui.

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