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Futebol Sem Fronteiras

O jogo por trás do jogo. Com Jamil Chade e Julio Gomes


ANÁLISE

Futebol sem Fronteiras #9: Copa América sofre concorrência desigual da Euro

Do UOL, em São Paulo

08/07/2021 15h00

O fim de semana será de decisões de torneios continentais: no sábado, Brasil e Argentina definem o vencedor da Copa América; no domingo, Inglaterra e Itália disputam o título da Eurocopa. As semelhanças, porém, param por aí. O torneio sul-americano chega à final de uma edição esvaziada, de nível técnico baixo e sem público; já a competição europeia terá um estádio lotado, rivais em busca de redenção e bons jogos ao longo do torneio.

No podcast Futebol sem Fronteiras #9 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade fazem comparações entre a Copa América e a Eurocopa. Ambos destacaram que a mudança feita pelos sul-americanos para organizar o torneio no mesmo ano da Euro ressaltou as diferenças entre as duas competições.

Jamil lamentou que as finais dos dois torneios sejam disputadas no mesmo fim de semana. "Pena que aconteça nessa situação, de forma escondida, e tenha que concorrer com a Eurocopa. É curioso, porque o plano inicial da Copa América era coincidir com a Euro justamente para começar a harmonizar os calendários internacionais, mas ficou muito claro, também pela pandemia e pela situação do país, que essa concorrência é muito complicada durante o torneio. Ela é bastante desigual, pelo menos se o objetivo era mostrar ao mundo o que é a Copa América e o que é a Euro", analisou.

O correspondente ressaltou que a Conmebol se arriscou ao escolher datas para a realização da Copa América semelhantes às da Euro. "Para a final é outra história, é verdade, tanto que existe essa diferença de sábado à noite para tentar garantir esse público mundial. É um torneio que mostrou que não tem que acontecer ao mesmo tempo da Euro. Para a audiência mundial, a Eurocopa venceu todas as etapas. Fico imaginando se fosse um Brasil x Colômbia, um Brasil x Equador, um Peru x Argentina; a final não teria essa dimensão. É uma questão que vão ter que colocar sobre a mesa. Pode até acontecer no mesmo ano, mas de repente não na mesma semana. Essa é uma preocupação que ficou muito clara nesse torneio", afirmou.

Julio concorda e diz que não haveria grandes problemas se a fase decisiva da Copa América fosse disputada logo após a final da Eurocopa. "Pode ser separado por uma ou duas semanas. Quando acabar a Eurocopa no domingo, imagina se na segunda começassem as quartas de final da Copa América, que acabaria no domingo seguinte? Já seria outra história. Aqui na Europa, ao longo da semana, sempre eram citados os resultados da Copa América. Em regra, puxando pelo Brasil", observou.

Jamil mostrou como a Conmebol pensou em explorar o público da América do Norte ao montar o cronograma de disputa da Copa América. "Essa tentativa de alinhar os horários é, acima de tudo, com a América do Norte, principalmente com o público latino de lá. O mercado americano se provou extremamente lucrativo quando a Copa América aconteceu lá e a Conmebol descobriu que os estádios nos EUA estavam lotados. Foi um alívio muito grande para a Conmebol e foi a confirmação de que o mercado americano pode ser interessante para a audiência da Copa América. Isso não é a primeira vez. Na Olimpíada de 2016, as provas de natação no Rio de Janeiro aconteceram de madrugada. O que importava não era o desempenho do atleta ou se o torcedor carioca ia chegar ao local. Era que os americanos ganhassem medalhas no horário nobre da TV dos EUA", observou.

No caso da Europa, a final da Copa América será na madrugada, em um horário pouco atrativo ao público. "Ao final da transmissão do jogo entre Inglaterra e Dinamarca, o narrador chamou o público para assistir à final da Copa América de madrugada, 1h de sábado para domingo. Isso sim foi a primeira vez que eu vi. Esse jogo ganha contornos em qualquer momento. Um Brasil x Argentina em uma final de Copa América, jogando no Maracanã, obviamente chama mais a atenção", disse Julio.

Para Jamil, a Conmebol precisa repensar sua forma de explorar comercialmente a Copa América, já que desperdiçou uma grande fatia do mercado ao equiparar suas datas com as da Eurocopa. "Alguns jogadores e seleções da Copa América são extremamente acompanhados na Ásia. Poderia ter sido feito de uma outra forma, para que, com atraso de uma semana, pudesse ter tudo isso e mais a Europa. De certa forma, o mercado europeu foi sacrificado para garantir esses outros, com prioridade para o americano. Não acho que seja uma estratégia das mais sustentáveis. Enquanto a coisa não acontece na Europa, é muito difícil declarar o sucesso de audiência da Copa América", completou.

Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também uma análise sobre as finais da Copa América e da Eurocopa e os palpites para Brasil x Argentina e Itália x Inglaterra.

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