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Geração uruguaia envelhece, e pilares do time se despedem da Copa América

Suárez e Cavani não devem disputar a próxima Copa América em razão da idade - Marko Djurica/Reuters
Suárez e Cavani não devem disputar a próxima Copa América em razão da idade Imagem: Marko Djurica/Reuters

Marinho Saldanha

Do UOL, em Brasília (DF)

18/06/2021 04h00

O tempo é implacável, inevitável e chega para qualquer um. E chegou para uma geração de peso na seleção uruguaia. Expoentes do time treinado por Óscar Tabárez, e até o próprio técnico, não devem estar na próxima Copa América. E a despedida, portanto, ganha peso no Brasil.

A seleção uruguaia é um raro exemplo de equipe que há anos vários repete seus nomes. Godín, Muslera, Cáceres, Coates, Suarez, Cavani, todos já olham para a próxima edição do torneio continental —em 2024— como algo distante, quase intocável. O mesmo vale para o "Maestro Tabárez".

No caso do treinador a situação é mais imediata. Aos 74 anos, sua saída do comando ganha força nos bastidores da seleção. O desempenho recente —sem marcar gols em 2021 e com empates contra Paraguai e Venezuela pelas Eliminatórias— amplifica a chance de câmbio no comando técnico.

"Se há informações que se vai mudar, não sei não tenho nenhuma informação disso. Nenhum time perde sempre ou ganha sempre. A última Copa América que ganhamos [em 2011], começamos com dois empates, e depois ganhamos. Na última edição, a final foi surpreendente entre Brasil e Peru. Nós fomos bem. Não tenho nenhum sentimento sobre isso. Quando vamos mudar, não tenho como dizer. Mas vamos tentar ganhar com todas as nossas forças", disse Tabárez em coletiva.

"Para mim é uma honra estar todo este tempo com Maestro na seleção. Desde o começo até os últimos dias eu vou desfrutar. Como todos estes anos na seleção. Sigo me entregando de corpo e alma como se fosse o primeiro dia", contou o zagueiro Diego Godín.

Ele é um dos jogadores que fatalmente se despede da Copa América. Como o torneio voltará a acontecer apenas dentro de três anos, o zagueiro já terá 38 na próxima e, mesmo que possa não se aposentar, muito provavelmente não vai vestir mais a camisa celeste.

"É um tema natural. Seguramente não estarei na próxima, e outros companheiros também não. Eu mentalizo sempre o espírito de aproveitar ao máximo. E não só os jogos, mas tudo, o dia a dia, uma roda de amigos, um mate, quero desfrutar da seleção. Acima de tudo me entregar como fiz nesses 16 anos que jogo pela seleção. Quero aproveitar cada momento", contou Godín. "Nem seria correto tirar espaço de jovens que estão surgindo tão bem", completou.

Godín não é o único que está se sentindo assim. No gol, Muslera já terá 38 anos na próxima Copa América. Campaña terá 35. Na defesa, Coates ainda tem chance de estar no grupo, pois terá 33. O mesmo não vale para Cáceres, que já terá 37 e tem bem menos chance.

No meio-campo, o mais experiente na próxima Copa América será De Arrascaeta, que terá 30. E no ataque há um grande problema. Os dois maiores ídolos recentes do futebol uruguaio estão com tempo curto na seleção. Ambos com 34 anos hoje, Cavani e Suárez terão 37 na próxima edição da competição.

"Sou consciente da idade que tenho. Vai chegar um momento, conforme os anos vão passando, que esse dia vai chegar (de não atuar mais na seleção). Vejo que está cada vez mais perto. A Copa América, creio que seja minha última. Chegarei muito mais velho e não quero ocupar o lugar dos jovens que vem com muita fome de vitórias para seleção. Dar o espaço é o mais adequado", comentou Suárez.

Uruguai e Argentina jogam hoje (18), às 21h (de Brasília), no Mané Garrincha. Começará, então, a caminhada de despedida da competição de grandes expoentes do futebol uruguaio. A chance para sair por cima, para erguer uma taça importante que muitos deles não terão nova oportunidade.