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Campeão na Ásia, zagueiro ex-Flu vira 'matador' e desbanca até ex-Palmeiras

Victor Cardozo comemora gol pelo BG Pathum United - Pakawich Damrongkiattisak/Getty Images
Victor Cardozo comemora gol pelo BG Pathum United Imagem: Pakawich Damrongkiattisak/Getty Images

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

13/03/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Victor Cardozo, brasileiro do BG Pathum United, foi campeão invicto na Tailândia
  • Zagueiro de 31 anos é o vice-artilheiro do campeonato, com 15 gols em 24 jogos
  • Victor é companheiro de Diogo, atacante com passagens por Palmeiras e Santos
  • Diogo chegou faz pouco tempo, mas também já é destaque: cinco gols em nove jogos

Já pensou se o seu time tivesse um zagueiro como artilheiro do campeonato? Ou ainda se esse defensor fosse vice-artilheiro de toda a competição? Não é comum, mas é o que acontece no futebol da Tailândia. O jogador em questão é Victor Cardozo, brasileiro de 31 anos que passou pelas categorias de base do Fluminense e hoje defende o BG Pathum United.

Victor Cardozo tem 15 gols em 24 jogos na Liga da Tailândia (média de 0,62). Uma temporada inesquecível não só dele, mas também de sua equipe, que, no último fim de semana, garantiu o título nacional com seis rodadas de antecedência e de maneira invicta, ao menos por enquanto. Ainda restam quatro jogos para o fim da competição, e o BG Pathum está a incríveis 19 pontos de distância do vice-líder Buriram.

O artilheiro do Campeonato Tailandês é o também brasileiro Tardeli Reis, com 21 gols. Será que dá para alcançar? "Seria mais um sonho realizado, mas esse não é o meu principal objetivo no momento. O artilheiro é um grande jogador e vem fazendo muitos gols. Estou tranquilo e, se for da vontade de Deus ser artilheiro, ficarei feliz demais, além de ser realmente algo inédito", afirma Victor, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Zagueiro brasileiro Victor Cardozo comemora gol pelo BG Pathum United, da Tailândia - Divulgação/BG Pathum United - Divulgação/BG Pathum United
Imagem: Divulgação/BG Pathum United

Victor Cardozo é companheiro de Diogo, ex-atacante de Palmeiras e Santos que está há pouco mais de três meses no BG Pathum e também é destaque na equipe: são nove jogos até aqui, com cinco gols. Média próxima (0,55) à de Victor, que, apesar de zagueiro, nem vem sendo mais conhecido como tal...

"Eles [companheiros] às vezes falam que sou atacante por marcar muitos gols, mas sem dúvida devo muito a eles, pois sem eles não conseguiria tantos êxitos nesta temporada", acrescenta Victor, que chegou à Tailândia em 2015 e, desde então, vem demonstrando seu faro de gol. Foram dez em 2015, 11 em 2016 e 2017, dez em 2018 e três em 2019 - além dos 15 na atual temporada.

Mas você pode estar se perguntando: será que não seria uma boa colocá-lo como atacante? Isso já aconteceu, mas no começo da carreira. "Quando comecei, jogava de atacante na escolinha do Mangueira na minha cidade natal, Sapucaia (RJ), e talvez isso me ajude até hoje. Fui crescendo e foram me recuando. Com 1,94 de altura, não tive outra opção a não ser virar zagueiro ou goleiro", brinca.

Hoje, Victor tem a confiança e a liberdade da comissão técnica para avançar ao ataque. Mas não é em qualquer hora, claro. "Em bolas paradas, sim, e às vezes quando o meu time está perdendo viro atacante, mas a obediência tática é uma coisa que levo muito a sério", observa.

Veja outros trechos da entrevista:

Perdi 5 kg por não saber onde e como comer

Sem dúvida, uma carreira tem várias dificuldades. No primeiro mês aqui na Tailândia, eu perdi cinco quilos, pois não sabia onde e o que comer. No começo o mais difícil foi a saudade da família e dos amigos.

A trajetória até a Tailândia

O período no Fluminense não foi muito longo, mas de enorme ganho em minha carreira. Antes, passei pelo Primeira Camisa, que era do pentacampeão Roque Júnior, onde fui lançado como atleta profissional. Rodei por clubes no Brasil afora e como outros jogadores, não tive uma oportunidade em time de expressão nacional. Deus acabou colocando a Tailândia no meu caminho e isso foi a melhor coisa que me aconteceu profissionalmente.