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Leila Pereira faz 'promessa' no Palmeiras: "Seremos campeões das Américas"

Leila Pereira, patrocinadora e conselheira do Palmeiras - Cesar Greco
Leila Pereira, patrocinadora e conselheira do Palmeiras Imagem: Cesar Greco

Thiago Ferri

Do UOL, em São Paulo

16/11/2020 04h00

Patrocinadora do Palmeiras desde 2015 e em busca da reeleição ao Conselho Deliberativo (CD), Leila Pereira diz que não se vê mais fora do clube. Considerada uma potencial candidata à presidência no pleito do ano que vem, a mandatária da Crefisa e da Faculdade das Américas diz qual o seu maior objetivo: ver o Verdão vencer a Copa Libertadores com as marcas de sua empresa estampadas no uniforme.

"Temos todos os títulos nacionais (desde 2015), falta agora uma Libertadores e o Mundial, mas chegaremos lá. Falta um pouco mais de trabalho, um pouco mais de paciência, mas eu sou determinada. Seremos campeões das Américas. Promessa é dívida, nem que eu tenha de entrar em campo. É um objetivo que eu tenho e vou trabalhar para isso", afirmou, ao UOL Esporte.

Nesta entrevista, a conselheira e patrocinadora diz como vê o atual momento do Verdão, com menos investimentos em contratações, as controvérsias sobre o pagamento do empréstimo feito para a aquisição de jogadores, a chegada do técnico Abel Ferreira e a relação com a Mancha Alviverde, organizada que tem relação conflituosa com a atual gestão.

Veja a entrevista completa:

UOL: Você não confirma que sairá candidata à presidência do Palmeiras, em 2021. Mas ouve muito sobre isso nos contatos com torcedores e conselheiros?
Leila Pereira: Falam comigo, o torcedor fala muito. Óbvio que seria uma honra se fosse escolhida pela situação. Todos sabem que eu sou ligada à situação, uma honra grande, não tenha dúvida. Seria o ápice da minha carreira, da minha trajetória, da minha vida, conseguir ser presidente do Palmeiras. Seria uma honra para qualquer torcedor. Fico honrada, mas primeiro preciso ser reeleita conselheira do Palmeiras. Isto que preciso lutar, ser bem aceita pelo associado. É este tipo de cargo, gosto dos cargos em que o associado me escolhe. Não fui indicada pelo Palmeiras. O associado me escolheu por um bom trabalho e que eu posso fazer mais. E eu posso. Não tenho dúvida e tenho uma missão. Vamos fazer uma história, nossa geração, de 2015 para frente, vamos fazer história no Palmeiras. Vai passar o tempo, os filhos e netos vão olhar para trás e lembrar que teve uma época no Palmeiras, com uma mulher com um grupo de pessoas que fez uma era. Gostaria muito de deixar como legado. Por isso me dedico tanto ao Palmeiras.

Ao mesmo tempo que muitos gostam de você, há uma rejeição de outra parte pela forma como você entrou na política.
Eu não quero me perpetuar no poder, quero ter uma passagem vitoriosa pelo Palmeiras, mas que reconheça o trabalho feito. Faço o investimento, mas pessoas trabalham comigo. É muito difícil. Que crítica eu faria para uma pessoa com o perfil que temos? Eu só trabalho pelo Palmeiras, não faço negócio com o Palmeiras. Eu pago rigidamente o patrocínio. Nesta pandemia horrorosa, a única receita que não caiu no Palmeiras foi do nosso patrocínio. Quando começou a pandemia, peguei o telefone e falei ao Maurício: fica tranquilo, a coisa está difícil, mas vamos honrar rigidamente o que nos comprometemos. Foi a única receita do Palmeiras que não caiu. Isto comprova nossa intenção de continuar contribuindo.

A principal crítica é pela mudança no acordo pela contratação de jogadores, que com o aditivo passou a correr juros...
Que juros? Juros ridículos. O que é combinado não é caro. Quando foram comprar os jogadores, o Alexandre (Mattos, ex-diretor de futebol) sentava com a gente, autorizado pelo presidente, eu disponibilizava o dinheiro e na venda o dinheiro era nosso. Nos aditivos, qualquer receita destes jogadores precisa ser nossa para diminuir a dívida. Foi assinado pelo Palmeiras e por nós em contrato. A taxa de juros é SELIC, não está dando 2,5% ao ano. Onde tem isso no mercado? Não existe. O que era melhor? Pegar R$ 160 milhões e investir no meu banco ou comprar jogador com (juros de) 2,5% ao ano? Isto só é bom para o Palmeiras. Isto não é negócio, nós fizemos para fortalecer o Palmeiras. Meu contrato de patrocínio é uma coisa, outra coisa foi quando o Palmeiras precisava de reforços e só nós tivemos prejuízo, porque só recebe quando vender o atleta. Estou tranquila, o Palmeiras paga. Não pagou o ex-presidente (Paulo Nobre)? Foi a mesma coisa. Idêntico. (Nota da redação: de acordo com o balanço financeiro de 2019, o Palmeiras tem uma dívida de R$ 172,1 milhões com a Crefisa pela aquisição de jogadores. O clube devolveu em 2020 pouco mais de R$ 8 milhões, por conta das negociações envolvendo Dudu e Juninho)

Mas e a mudança do primeiro contrato, com os aditivos?
Desde a primeira conversa, o compromisso era devolver o dinheiro. Abrimos mão e perdemos 100% do Lucas Barrios. Ele foi negociado para o Grêmio e perdemos 100%. Tivemos uma multa horrorosa da Receita Federal por este contrato, feito pelos advogados do Palmeiras. Não foram feitos pela Crefisa. Tivemos uma multa enorme. Qualquer patrocinador, com os problemas que eu tive, já tinha saído fora. É muito amor que eu tenho, tenho um compromisso com a torcida. Vou chegar no meu objetivo, de colocar o Palmeiras... Ele já tem a grandeza que todos reconhecem como maior campeão do Brasil, mas vou deixá-lo em um patamar que nunca houve na história centenária do clube.

Até onde você pensa em chegar no Palmeiras?
Eu não saio mais do Palmeiras. Descobri o meu lugar. Vou passar o resto da vida no Palmeiras, trabalhando, não sei no futuro. Hoje eu quero ser reeleita conselheira e depois vamos subindo os degraus (risos). Vamos aos poucos. Eu gosto da vida no Palmeiras, gosto de frequentar, ver os jogos. Só vou onde a torcida pode estar. Eu não faço piada com torcedor de outro clube, porque respeito a paixão de torcedor. Tenho muitos seguidores de outros clubes que gostam de mim, que me respeitam. O torcedor é um apaixonado e me sensibiliza demais. A grandeza de um time de futebol está fora dos muros.

Como vê o Palmeiras neste momento com o Abel Ferreira?
Tinha de ser feito algo diferente, do jeito que estava era impossível. Não conhecia seu trabalho, a torcida precisa de paciência, é uma pessoa aguerrida, que sabe o que quer. Ele tem o DNA de quem quer ganhar sempre. Eu gostei muito, conversamos pouco, mas gostei do perfil. Tinha de ser uma mudança radical e vamos torcer para dar certo. O que eu puder ajudar, estamos juntos. Só peço um pouco de paciência para a torcida.

Você aprovou a decisão da atual diretoria de diminuir os investimentos neste ano e corrigir a rota depois de um 2019 com gastos elevados?
Do jeito que estava não podia, o investimento do ano passado foi muito grande. Agora tem de ser mais seletivo, mais pontual. São valores enormes. Impossível administrar um clube endividado. O presidente Galiotte fez bem de puxar o freio, usar os meninos da base. Está correto, precisa de pés no chão. Os torcedores me pedem jogadores, eles me veem como um cifrão (risos), mas precisa fazer as coisas com responsabilidade. Não pode estourar o clube. Fico com dó desses clubes por aí devassados. Como vai crescer, conquistar alguma coisa estando negativado? Como ficam os torcedores? Precisa ter uma responsabilidade financeira grande. Eu acho que está muito certo.

Você já tentou ter contato com membros da oposição para dar sua versão daquilo que criticam?
Eu até gostaria, mas eles não têm coragem de chegar em mim e eu descubro por terceiros. Às vezes não é verdade, porque vêm de terceiros, mas falam que tenho pouco tempo no clube, que faço o investimento para ser presidente, falam dos contratos de empréstimo. Mas o Palmeiras pediu o dinheiro. Eu empresto por uma taxa de juros ridícula e sou criticada? Difícil criticar uma pessoa que só contribui com o clube. Não faço negócio com ninguém do Palmeiras, não estou lá para fazer negócio no Palmeiras. Lá sou patrocinadora e parceira. Quero ver meu clube forte.

Como investidora da escola de samba da Mancha Alviverde, qual sua opinião sobre as críticas feitas pela uniformizada à gestão que você faz parte?
Eu sou da situação, estou lá para apoiar o presidente, mas respeito a torcida. Eu me dou bem, sou conselheira da situação, mas me dou extremamente bem com o torcedor. O pessoal fala muito do organizado, mas eu me dou bem com todo torcedor. Pessoal da organizada, patrocino a escola de samba com muito orgulho, fomos campeões em 2019 e vice em 2020 pelo investimento e o belo trabalho deles. A cobrança não é problema meu, todo torcedor pode cobrar.

Pela relação com os dois lados, nunca tentou intermediar em momentos mais tensos?
Nunca me pediram, nem pelo Palmeiras, nem a torcida nunca quis que eu intermediasse algo no clube. Jamais. A torcida faz a manifestação dela, não me envolve, o presidente nunca me pediu para interceder. Eu me dou com os dois lados. A torcida só se manifesta quando não tem o resultado que todos querem. Quando está tudo bem, não tem manifestação. É lutar para ter um time combativo, que tem vontade de vencer, que tem trabalho. Eu sou primeiramente torcedora. A gente não luta no dia a dia? Às vezes não conseguimos o que a gente quer. A torcida é igual. O que não aceito em hipótese alguma é violência. Não quero ver torcedores machucados, nem outros também. Manifestação eu acho que é válida.

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