Ceni comenta erro de Hugo: "Se eu não vou dormir pela derrota, imagina ele"

Ex-goleiro do São Paulo e da seleção brasileira, Rogério Ceni, que estreou como técnico do Flamengo na noite desta quarta-feira, admitiu que Hugo Souza poderia ter tomado uma decisão mais simples na jogada em que falhou e gerou o gol da vitória do São Paulo - 2 a 1 nesta quarta, no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. O novo treinador rubro-negro comentou o peso da falha.

"Se eu não vou dormir, imagina ele", resumiu Rogério.

Hugo admite culpa

O próprio jogador assumiu a responsabilidade pelo resultado ao sair do gramado. "Futebol é todo dia, pude sair como destaque de forma positiva em vários jogos. Todo mundo erra, todo mundo é ser humano. É trabalhar para que não cometer os mesmos erros. Sou novo, vou fazer o possível para não errar mais", disse o arqueiro.

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Em coletiva, o treinador Ceni salientou que Neneca escolheu uma saída mais complicada no lance, mas, por outro lado, fez questão de lembrar o que goleiro, cria da base do Rubro-Negro, já realizou no clube.

"Acho o Hugo um baita goleiro, tem um futuro excepcional dentro do Flamengo e, no futuro, na seleção. É um jovem, que vai passar por experiências difíceis e grandes tardes, como foi contra o São Paulo. Acontece, é do futebol. Poderia ter simplificado a jogada, foi um risco que ele correu, uma decisão que tomou. Infelizmente, acontecerá mais algumas na vida, mas tem de colocar na balança tudo que ele já fez de positivo no Flamengo. E vai continuar com crédito. Vai servir de experiência na hora de tomar decisões, mas segue o trabalho. É um menino nota 10", disse.

Questionado sobre uma possível mudança no estilo de saída de jogo, o treinador indicou que isso só é possível com tempo para treinar junto ao elenco.

"Para mudar o esquema de saída de jogo, requer tempo. Hoje fizemos algumas adaptações, mas não posso me aprofundar muito nisso. Não adianta querer fazer a coisa de um dia para o outro. Quando se tem tempo, se molda a equipe do seu jeito. Acho que já foi notório [mudança], mas a saída de jogo temos de trabalhar. Se eu trabalhar, não consigo colocar [o time] para jogar. Agora, é se recuperar e jogar", apontou, ainda falando sobre Neneca:

"Só erra quem esta lá dentro e toma decisões. Quem não toma decisão, sempre passa para o lado, não erra".

Na descida para o vestiário, Rogério chegou a fazer um sinal para indicar que Hugo Souza não precisaria dar entrevista, mas o jovem ficou e respondeu as perguntas.

"O Hugo se mostra muito maduro. Se eu não vou dormir pela derrota, imagina ele. Primeira sensação de erro como goleiro profissional. Se ele quer falar, eu tenho certeza que ele sabe se expressar bem. O torcedor tem que abraçar, pois ele já mostrou ser um grande goleiro", afirmou.

Veja outros tópicos da entrevista de Ceni

Derrota

"O resultado não mostra a realidade do que foi o jogo, especialmente no primeiro tempo, quando criamos muito. Produzimos muito bem, faltou o detalhe. É uma pena. Tem mais 90 minutos e é um gol de diferença. É uma pena termos alguns jogadores lesionados e outros na seleção, mas vamos fazer o melhor para construir um time para a próxima quarta-feira. Vamos fazer uma análise"

Postura do time

"A postura do time foi o que mais me deixou feliz. Foi uma postura bem diferente [em relação ao último resultado], com aproximação. Bruno Henrique e Gabriel juntos na frente, como eles gostam. Vitinho, que para mim foi o melhor jogador em campo, fez partida excepcional taticamente. Infelizmente, o Arrascaeta estava voltando de uma lesão, assim como o Pedro Rocha. Tentamos ser agressivos. Com a dupla de zaga que, ao meu ver, era a melhor para o jogo de hoje".

"A recuperação de alguns jogadores que estavam há um bom tempo parado. Recuperação física. Só tenho a elogiar. Não posso analisar o jogo pelo resultado. A equipe jogou bem. Uma pena... É frustrante sair com uma derrota, ainda da maneira que foi. Mas fico feliz de vez como se portaram nem campo e como foi jogado. Se fosse 2, 3 a 0 o primeiro tempo, estaria justo, mas futebol é assim. Importante é que criamos bastante, fizemos bela partida. Uma pena o resultado final".

Projeção para o jogo da volta, no Morumbi

"Difícil traçar na noite de hoje. Precisamos ver a condição física de cada um. Além dos lesionados, temos estes voltando de lesão. Não dá para exigir muito fisicamente. Eu não podia matar os caras ontem treinando. Eu sei que o Flamengo precisa ganhar todo dia. A grandeza, o tamanho exigem isso. A festa que teve lá fora foi muito legal. Queríamos essa festa aqui dentro. Agora é acertar o caminho do Flamengo para o futuro".

Usou memória dos jogadores?

"A memória que eles tinham do passado recente e o modelo de jogo que eu trabalhava no meu clube anterior. É o jeito que eles mais gostam de jogar, e com mais peças, nós podemos fazer mais. Mais trocas, mais oxigênio. Temos três jogadores de frente, é difícil escolher dois. Temos Thiago Maia, Arão e Gerson, é difícil escolher dois para jogar. Voltamos à metodologia que eu vi que foi sucesso no Flamengo e foi no meu último trabalho, de três anos".

Gabigol podia jogar mais tempo?

"O Gabigol é um jogador que fazia tempo que não jogava. Entrou no fim do jogo contra o Atlético-MG. Estava cansando, já não fazia a recomposição. A partir do momento que ele cansou, tive de fazer a troca. O Arrascaeta também não tinha exata noção da situação física dele quando coloquei. Coloquei ele pelo meio porque é uma posição um pouco mais cômoda. Aquela função pelo lado vai demorar um pouco para ele fazer"

Carinho da torcida

"Eu gostaria de retribuir o carinho da torcida com vitória. Sei que é importante para eles. Gostaria que eles estivessem aqui dentro do estádio. Espero que eu possa num futuro próximo entregar os resultados que eles esperam".