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Rollo sobre caso Robinho: "se for condenado, vamos pedir a rescisão"

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Imagem: Divulgação

Do UOL, em Santos (SP)

21/10/2020 15h07

O atual presidente do Santos, Orlando Rollo, afirmou em entrevista coletiva que o clube pedirá a rescisão de contrato caso Robinho seja condenado em segunda instância. O atacante responde por crime de estupro e já foi condenado em primeira instância pela Justiça italiana.

Rollo disse também que não veria problema em Robinho voltando a jogar pelo Santos caso ele seja absolvido no processo. Vale lembrar que o clube da Vila Belmiro suspendeu a validade do contrato firmado com o jogador depois de vir à tona transcrições do julgamento na Itália em que o jogador afirma que "a mulher estava completamente bêbada" e admitiu ter praticado sexo oral com ela.

"Já formalizamos ao Conselho Deliberativo essa licença do contrato do Robinho. Se o Robinho vier a ser absolvido em segunda instância, não vejo problema nenhum em voltar. Se for condenado, vamos pedir a rescisão do contrato", disse em coletiva.

Rollo, que também é policial, disse que luta contra o crime de estupro e recordou a participação que teve em um episódio conhecido na Baixada Santista.

"Decidimos uma licença do contrato, para que o atleta possa se defender no processo que responde na Itália. Não vou entrar no mérito se é culpado, inocente. Não sou ninguém para julgá-lo. Ele tem de ser julgado pelo juiz na Itália. Temos de apedrejar menos e ter mais tolerância", disse.

"Eu já fiz muito, na minha carreira, porque sou Policial. Eu abomino o crime de estupro. Abomino qualquer tipo de violência, qualquer tipo de violência sobre as mulheres. Nos meus 18 anos de polícia, já prendi dezenas de estupradores. Já investiguei dezenas de estupradores. Já levei à condenação dezenas de estupradores. Então eu efetivamente luto contra esse crime, inclusive um caso que ficou muito conhecido em Santos, o do Maníaco do Ônibus, que atacava mulheres nos ônibus, fui eu que prendi. Podemos estar diante de um novo caso da Escola de Base", acrescentou.

O presidente santista, porém, voltou a defender a contratação de Robinho e disse que o atacante só pode realmente ser considerado culpado depois de julgado.

"Decidimos trazer o Robinho por uma razão bem simples: ele aceitou o chamado do Santos em nos ajudar no momento mais difícil da história administrativa e financeira do clube, aceitando um contrato de cinco meses e ganhando apenas R$ 1,5 mil por três meses. Ele é um grande ídolo da história do Santos. Ele aceitou o nosso chamado e veio nos ajudar nesse momento tão difícil", afirmou.

"Sobre a condenação, eu vou repetir o que já havia dito: quem sou eu para julgar? Eu já prendi muito estuprador, mas temos de respeitar o devido processo legal. Ele só é considerado culpado depois de julgado. Depois dessa questão do estupro, ele já jogou no Santos, já jogou no Atlético-MG, na Turquia, na China, e nunca ninguém falou nada. Começaram a falar agora. Não vou entrar no mérito se foi tardio, mas ninguém falou nada. É uma questão bem delicada", ressaltou.

Orlando Rollo admitiu ter ficado bastante incomodado com as gravações divulgadas do caso, segundo ele, 'gravíssimos'. Mas voltou a afirmar que não se pode 'antecipar julgamentos'.

"Evidente que os áudios são bem significativos. O crime de estupro é bem repugnante. Eu nunca respondi a nenhum processo administrativo porque sou respeitador de todos os direitos e garantias fundamentais, e entre eles, é claro, ele não pode ser considerado culpado até que se transite em julgado. Os áudios são graves? Gravíssimos! Fiquei incomodado? Sim, fiquei muito incomodado", pontuou.

"O atleta e sua defesa alegam que alguns áudios foram traduzidos do português para o italiano de maneira equivocada e outros foram tirados de contexto. A sentença é volumosa, com centenas de laudas, e temos de ter opinião após analisar o processo todo. Eu tenho total desprezo por aquilo que foi dito naqueles áudios. Eu realmente me senti incomodado, mas não podemos antecipar julgamentos. Quem sou eu para julgar alguém?", completou.

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