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Paulista - 2020

De virtual rebaixado à semi: como Ponte mudou tanto sem quase mexer no time

Jogadores da Ponte Preta comemoram classificação à semifinal do Paulista, eliminando o Santos - Divulgação/AAPP
Jogadores da Ponte Preta comemoram classificação à semifinal do Paulista, eliminando o Santos Imagem: Divulgação/AAPP

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

02/08/2020 04h00

O cenário da Ponte Preta antes da paralisação por conta da pandemia do coronavírus era trágico: derrota para o rival Guarani (3 a 2 no Brinco de Ouro), sete jogos sem vencer no Campeonato Paulista e a última colocação na classificação geral, com apenas sete pontos em dez partidas. Não à toa, o time já era dado como virtual rebaixado para a Segunda Divisão.

A expectativa para a volta do Paulistão era de, ao menos, evitar o descenso. Mas a Ponte Preta conseguiu muito mais que isso. Vieram vitórias sobre Novorizontino (2 a 0) e Mirassol (1 a 0) e uma inesperada vaga para as quartas de final. E já que estava lá, por que não tentar chegar ainda mais longe? E assim foi: vitória por 3 a 1, de virada, sobre o Santos na Vila.

Mas o que pesou para a Ponte mudar da água para o vinho mesmo mantendo basicamente a mesma equipe de antes da paralisação? Vale destacar que, apesar da contratação de oito jogadores (Luizão, Rayan, Ernandes, Neto Moura, Oyama, Camilo, Osman e Moisés) durante a pausa do Paulistão, apenas dois deles puderam ser inscritos: Osman e Moisés, autor do gol da virada sobre o Santos, uma vez que os demais já haviam atuado por outros times no torneio.

Sendo assim, a mudança no elenco foi pequena: dois atacantes chegaram e dois saíram (Felipe Saraiva e Mateus), sendo que tanto Osman como Moisés ainda não jogaram como titular. O primeiro, aliás, ainda recupera a condição ideal após sofrer uma lesão no joelho.

Brigatti aproveita pausa para trabalhar

A resposta para a pergunta mais acima passa por dois fatores em especial: João Brigatti e a evolução física dos jogadores da Ponte Preta. O técnico —que tem boa parte de sua história ligada à Macaca, seja como goleiro, auxiliar ou interino— chegou para assumir a vaga deixada por Gilson Kleina, demitido em fevereiro após três derrotas seguidas no Campeonato Paulista.

O início do primeiro trabalho de Brigatti como técnico efetivo da Ponte não foi nada animador: quatro jogos com um empate (Ferroviária) e três derrotas (São Paulo, Red Bull Bragantino e Guarani). Veio, então, a pausa no Paulistão por conta da pandemia, e o treinador aproveitou o tempo que teve para finalmente implementar as suas ideias no time alvinegro.

Logo no primeiro jogo pós-paralisação, a Ponte Preta teve pela frente o até então último invicto do Paulistão, o Novorizontino. Resultado: 2 a 0. Em seguida, o time alvinegro foi para a última rodada da fase de grupos pressionada, ainda na zona de rebaixamento, e tendo pela frente um Mirassol que vinha fazendo uma boa campanha na competição. Nova vitória, por 1 a 0.

Se até então a realidade da Ponte Preta era escapar do rebaixamento, agora o que viesse era lucro. Mais leve em campo e sem favoritismo diante do Santos na Vila, a Macaca viu o Peixe sair na frente, mas aproveitou a expulsão de Marinho para crescer de produção, virar a partida por 3 a 1 jogando um bom futebol e garantir uma antes inesperada vaga para as semifinais.

Macaca inteira em campo, e até o fim

Além de João Brigatti, outro profissional anunciado pela Macaca após a saída de Gilson Kleina foi o preparador físico Juvenílson Souza, campeão brasileiro (2013 e 2014) e da Copa do Brasil (2015) por Cruzeiro e Palmeiras, respectivamente. Ele chegou ao clube campineiro para substituir Fabiano Xhá, que deixou a Ponte Preta junto de Kleina.

E se antes o time era criticado por 'morrer' no segundo tempo, como aconteceu no clássico contra o Guarani (foi para o intervalo vencendo por 2 a 0), a história mudou totalmente nos últimos jogos. Para se ter uma ideia, cinco dos seis gols na volta do Paulistão foram marcados no segundo tempo (três contra o Santos, um contra o Mirassol e um contra o Novorizontino).