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Como foi a temporada do Cruzeiro antes da paralisação devido ao coronavírus

Retorno de Marcelo Moreno foi um dos poucos momentos de alegria do torcedor do Cruzeiro em 2020 - Alessandra Torres/AGIF
Retorno de Marcelo Moreno foi um dos poucos momentos de alegria do torcedor do Cruzeiro em 2020 Imagem: Alessandra Torres/AGIF

Enrico Bruno

Do UOL, em Belo Horizonte

24/03/2020 04h00

O Cruzeiro iniciou 2020 sabendo que iria encontrar vários desafios, já que iniciou uma mudança radical no plantel e precisava se adequar à nova realidade financeira de um clube que disputará pela primeira vez na sua história a Série B do Campeonato Brasileiro. Mesmo assim, os resultados até aqui não foram nada bons antes da paralisação devido à pandemia do novo coronavírus. O time chamou mais atenção pela falta de evolução em campo, apresentando desempenhos sofríveis para seu torcedor. Não à toa, o técnico Adilson Batista já foi demitido e Enderson Moreira virou a esperança após a volta do calendário.

Foram duas competições jogadas até o momento. No Campeonato Mineiro, faltam dois jogos para o fim da primeira fase, e o Cruzeiro está a três pontos da quarta colocada Caldense, correndo risco de sequer marcar presença na semifinal do Estadual. Na Copa do Brasil, a equipe avançou por duas vezes sem vencer nos 90 minutos, e ainda levou um choque de realidade contra o CRB, na terceira fase. Futuro adversário na Série B, o time alagoano não tomou conhecimento da Raposa no Mineirão e venceu por 2 a 0, dando um grande passo para sua classificação.

Fora de campo, o trabalho da diretoria também não foi dos melhores. Apesar de não ter dinheiro para contratar, os reforços não convenceram. O retorno de Marcelo Moreno aumentou a expectativa no torcedor, mas, sozinho, o atacante não resolveu todos os problemas do time, além de ainda não ter marcado nenhum gol em sua volta. Dos outros nove contratados, há reforço que sequer estreou, outros que estrearam apressadamente e vários que ainda não mostraram o que se espera deles.

Confira abaixo o balanço do Cruzeiro em 2020 antes da paralisação:

Aproveitamento do time no ano

O Cruzeiro disputou dois torneios neste início de ano: o Campeonato Mineiro e a Copa do Brasil. Em 12 jogos sob o comando de Adilson Batista, os números não foram bons e ajudam a explicar a demissão do treinador, que teve quatro vitórias, quatro empates e quatro derrotas, deixando o clube com aproveitamento de 44,4%.

Avaliação da comissão técnica e time ideal

Adilson Batista deixou o clube questionando o atraso dos reforços e apontando algumas carências na equipe. Apesar de ter demitido o comandante, a diretoria compartilha da mesma opinião. Mesmo com Enderson Moreira no comando, a avaliação dentro do clube é que o Cruzeiro ainda precisa de pelo menos mais três contratações: um lateral esquerdo, um meia-armador e um atacante de velocidade.

Com a chegada de Enderson, a tendência é que o time volte a jogar no esquema no 4-2-3-1, abandonando a opção de três volantes utilizada em algumas ocasiões com Adilson. Além de Fábio no gol, Edilson, Léo e Cacá deverão ganhar um companheiro para a lateral esquerda, já que João Lucas não convenceu.

No meio, Ariel Cabral, Robinho e Jean só ficaram à disposição nos últimos jogos antes da paralisação, e agora surgem como postulantes às vagas de volante ou meia. No ataque, Everton Felipe, Mauricio e Marcelo Moreno devem continuar entre os titulares, restando uma vaga para um meia, seja com um armador ou um ponta pela direita.

Surpresa positiva

Mauricio foi o grande destaque positivo do Cruzeiro neste início de ano, e quem mais colecionou boas atuações em campo. Apesar da queda de produção nos últimos jogos, o meia deixou o veterano Rodriguinho — quando ainda estava no clube — em segundo plano e chamou a responsabilidade com seus 18 anos nos momentos que o setor ofensivo não tinha ninguém mais experiente para auxiliar os mais jovens.

A decepção

Com nove jogos como titular, João Lucas não mostrou ter sido uma contratação acertada pela diretoria. O lateral esquerda não convenceu em campo e foi quem mais sofreu com as cobranças da torcida. Apesar disso, deixaram a desejar também a dupla de zaga Léo e Cacá, que colecionaram erros em uma defesa que há muito tempo não era tão criticada.

Precisa de reforços?

O Cruzeiro ainda carece de um velocista para deixar o ataque menos burocrático. No meio, o jovem Mauricio jogou bem quando centralizado, mas passou a ser mais utilizado pelos lados, o que aumenta a necessidade de um jogador para armar as jogadas e chamar a responsabilidade na organização das jogadas, grande ponto fraco da equipe. Na lateral, como já informado, João Lucas sem render e tem como reserva o recém-promovido Rafael Santos.

Estatísticas

Artilheiro: Mauricio, com três gols.
Líder em assistências: Mauricio, com três passes.
Quem mais jogou: goleiro Fábio, 1080 minutos (todos os 12 jogos).
Quantos jogadores foram a campo: 31 atletas.

Qual foi o melhor jogo e o pior?

Pela expectativa de um ano bem melhor que 2019, o melhor jogo do Cruzeiro foi o primeiro deste ano, quando venceu o Boa Esporte por 2 a 0. Melhor que a vitória foi a vontade mostrada pelos vários garotos recém-promovidos ao profissional, mesmo com toda a dificuldade pelo início de temporada e falta de entrosamento. Nos jogos seguintes, o time não conseguiu convencer nem mesmo quando saiu de campo com os três pontos.

A pior partida foi a última antes da pausa. A derrota de 1 a 0 para o Coimbra, que até então não tinha vencido no ano, não só decretou a demissão de Adilson Batista, como resumiu o que foi o Cruzeiro até aqui em 2020: burocrático, nervoso, previsível e sem apresentar nenhum sinal de evolução.

Qual o emoji define o estado de espírito do torcedor?

O emoji que mais define o cruzeirense antes da paralisação é de um torcedor descrente e sem paciência. Mesmo sem exigir um time jogando para encher os olhos, e ciente do cenário ruim, por tudo que o clube vem passando, prevalece o sentimento de que a equipe poderia ter rendido mais do que apresentou até o momento.

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