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Libertadores - 2020

Oito expulsos não é recorde: Gre-Nal teve 20 cartões vermelhos em um jogo

Briga no clássico entre Grêmio e Internacional pela Libertadores terminou com oito expulsos - Jeferson Guareze/AGIF
Briga no clássico entre Grêmio e Internacional pela Libertadores terminou com oito expulsos Imagem: Jeferson Guareze/AGIF

Jeremias Wernek e Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

13/03/2020 09h27

Os oito jogadores expulsos no clássico Gre-Nal de ontem (12), válido pela fase de grupos da Libertadores, foram consequência de uma pancadaria generalizada que tomou conta do campo no segundo tempo. Mas a profusão de cartões vermelhos não quebra recorde algum no enfrentamento entre Grêmio e Inter. Já houve jogo que não acabou por causa da expulsão de 20 dos 22 atletas que participavam de "amistoso".

A partida em questão aconteceu em 1969, no torneio de inauguração do Beira-Rio. A exemplo do que aconteceu no gramado da Arena do Grêmio, o placar de 0 a 0 tornava o ambiente tenso, e a importância histórica do confronto catapultava o clima de tensão.

Se em 2020 tratava-se do primeiro clássico Gre-Nal válido pela Libertadores, em 1969 valia o "batismo" do estádio. Em 1954, o Inter havia aplicado impiedosos 6 a 2 no Grêmio na inauguração do Olímpico. Goleiro 15 anos antes, Sérgio Moacir Torres era técnico gremista e via a chance da desforra.

Além disso, dirigentes trocaram farpas nas semanas que antecederam o jogo. O motivo foi a divisão de renda da partida. Os azuis ameaçavam entrar na justiça pedindo uma fatia maior da verba, e os vermelhos diziam-se arrependidos de ter convidado o tradicional oponente para a festividade.

Em um clima nada amigável, o jogo transcorria naturalmente - para um Gre-Nal - naquele 20 de abril. Até que Valdomiro deu lugar a Urrizmendi, que viria a ser protagonista de uma pancadaria.

Era 37 do segundo tempo, o goleiro Alberto havia feito uma defesa e iria repor a bola em jogo. Urrizmendi, uruguaio, correu em direção ao goleiro para evitar o chute. Valdir Espinosa, percebendo a movimentação, fez um movimento que impediu a aproximação do adversário a seu colega. E o encontrão abriu caminho para a briga.

Tupãzinho partiu para cima do rival. Alcindo entraria na briga se não fosse barrado por Sadi, com quem passou a trocar socos e chutes. Até que vários bolos de jogadores se formaram. Entre titulares e reservas, eram empurrões, chutes e socos. Do gol do Inter veio Gainete, que saltou, deu uma voadora em jogadores gremistas, caiu em meio a eles e levou mais chutes, talvez, que a bola da partida.

O árbitro Orion Satter de Mello observou por longos minutos a batalha tomar conta do campo. Até que, finalmente, a confusão passou. Um a um, 20 jogadores foram expulsos. Sobraram o goleiro Alberto, do Grêmio, e Dorinho, do Inter. O jogo foi encerrado restando ao menos oito minutos pela frente.

"Eu tinha oito anos e estava no Beira-Rio quando houve um clássico que 20 jogadores brigaram e foram expulsos. Sobraram Dorinho, do Inter, e o goleiro Alberto, do Grêmio. Não foi para isso que entrei no futebol. Meu pai [Gilberto Medeiros, ex-presidente do Inter] foi agredido em um programa de televisão. Não foi para isso que entrei no Inter. O Gre-Nal tem uma dose de pegada extra, mas nada justifica a violência", disse o presidente colorado, Marcelo Medeiros.

Desta vez não foram 20, foram oito. A briga no segundo tempo do clássico, que tomou conta do campo e contou com reservas no gramado, técnicos e membros da comissão pisando no campo de jogo e seguranças e policiais precisando intervir, levou mais cedo aos vestiários Caio Henrique, Luciano, Pepê e Paulo Miranda, do Grêmio, e Edenilson, Moisés, Cuesta e Praxedes, do Inter.

A confusão deixou no piso da Arena sete jogadores de linha para cada lado e um sentimento de vergonha no melancólico encerramento do clássico histórico pela competição de clubes mais importante do continente.