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De Neymar a Cavani, PSG peita craques e impede saídas indesejadas

Catherine Steenkeste/Getty Images
Imagem: Catherine Steenkeste/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

01/02/2020 04h00

Se você for um jogador de futebol e receber uma proposta do Paris Saint-Germain, é bom pensar bem antes de assinar com os franceses. Uma saída antes do término do contrato é considerada quase impossível e ainda pode ser punida com menos minutos em campo. A postura não perdoa nem os ídolos. Depois de Rabiot e Neymar perderem a queda de braço, foi a vez de Edinson Cavani, maior artilheiro da história do PSG, ver sua saída para o Atlético de Madri ser vetada.

O atacante uruguaio tinha tudo certo com o time espanhol, mas viu o PSG segurá-lo até o encerramento da janela de transferências de janeiro e declinar a proposta. A explicação oficial foi de que o Atlético de Madri não atingiu as exigências feitas pelos franceses. O PSG queria 20 milhões de euros (R$ 85 milhões) para vender Cavani, que tem apenas mais cinco meses de contrato.

É bem provável que Cavani vista a camisa do Atlético de Madri na próxima temporada. Quando o contrato com o PSG se encerrar, nada o impedirá de ir para a Espanha. Mas até lá, a vontade dos franceses falou mais alto.

"Acho que existem situações piores na vida do que ter que ficar no PSG, ser um atacante do PSG. Ele precisa reencontrar confiança, ritmo, e é normal para um atacante. O Edi [Cavani] está aqui, ele é um grande jogador para esse clube, e não tivemos mudanças no clube, e isso é bom para a gente, pois já estamos acostumados a conviver e a trabalhar juntos", comemorou o treinador do PSG, Thomas Tuchel, sobre a negociação frustrada.

A situação de Cavani é bastante parecido com a vivida por Neymar. A diferença é que o contrato do brasileiro termina apenas em 2022. Ou seja, enquanto o uruguaio precisa esperar apenas seis meses para sair de Paris, o camisa 10 da seleção brasileira não tem opção a não ser cumprir o acordo ou torcer para que, em uma das janelas, uma nova oferta seja aceita pelo PSG.

A novela envolvendo Neymar foi a principal da janela do meio do ano passado. O PSG chegou a recusar uma proposta de 150 milhões de euros feita pelo Barcelona. O atacante deixava claro seu desejo de ser transferido e, inclusive, atrasou sua reapresentação ao clube de Paris.

No fim, a pressão não fez efeito e o PSG seguiu com seu principal jogador no elenco. Quatro meses depois, Neymar agora trata publicamente sua vontade de sair como algo do passado. "Por que vou querer sair? Tenho mais dois anos de contrato e quero que a equipe continue progredindo. Meu objetivo é a Liga dos Campeões", disse recentemente.

Mas se o brasileiro "perdoou" o PSG, o mesmo fim não teve a relação do clube com Rabiot. O volante francês já não gozava de muito prestígio pelas polêmicas acumuladas fora dos gramados, mas a situação ficou pior quando ele decidiu não renovar seu contrato, em 2018. Como tinha mais seis meses de acordo com o clube, foi afastado até o final daquela temporada.

O embate foi tão crítico que Antero Henrique, então diretor do PSG, disse ter sido enganado por Rabiot e seu agente. "Parece que o jogador e seu representante nos enganaram por vários meses. Devo acrescentar que essa situação é desrespeitosa tanto para o clube quanto para os torcedores. Especialmente de um jogador que jogou vestindo nossas cores desde as categorias de base até o time principal. Um jogador que sempre recebeu o apoio total do clube".

Quando o contrato finalmente chegou ao final e Rabiot rumou para a Juventus, o francês disse que o caso tinha ficado no passado e não perdeu a chance de cutucar o PSG. "Foi um período muito complicado em termos esportivos e emocional. Quero deixá-lo para trás. Quis fechar essa etapa de outra forma. Porém, não dependia de mim. Mantive algum contato com o Leonardo, ele entendeu que o meu ciclo em Paris havia se encerrado (...) A Juve está um passo à frente do PSG".

A lição que ficou nos três casos é que é bom pensar bem antes de fechar com o PSG. Os montantes milionários do clube não costumam aceitar saídas indesejadas.