Topo

Por que Gareca fracassou no Palmeiras e depois revolucionou o Peru

Técnico da seleção peruana, Ricardo Gareca em coletiva de imprensa - Martin Meissner/AP
Técnico da seleção peruana, Ricardo Gareca em coletiva de imprensa Imagem: Martin Meissner/AP

Leo Burlá e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

07/07/2019 04h00

Ricardo Gareca passou apenas dois meses e meio no Palmeiras: obteve apenas 33% dos pontos e deixou o time com ameaça real de rebaixamento. Demitido, sua equipe seguinte foi o Peru, seleção que já dirige há quatro anos. Ele liderou a seleção andina à classificação de uma Copa do Mundo depois de 36 anos e agora atinge a final da Copa América, às 17h, no Maracanã, contra o Brasil.

A diferença do desempenho do argentino talvez possa ser explicada pelo tempo, um ativo necessário no trabalho do treinador. Seu Vélez Sarsfield, três vezes campeão nacional, foi montado também durante o período de quatro anos.

"A equipe se conhece há três, quatro anos. Gareca trouxe confiança, muita confiança. Se fazia a ideia que o jogador peruano era fraco de cabeça, que tinha problemas psicológicos. Ele busca o melhor sempre", afirmou o atacante peruano Flores.

No Brasil, ele pegou um Palmeiras então em crise financeira e vivendo um jejum de títulos, em meio à enorme pressão de fazer funcionar a equipe montada pelo presidente Paulo Nobre. Nem a contratação de alguns jogadores que desejava tornou o cenário mais propício a seu trabalho.

Gareca no Palmeiras - Ernesto Rodrigues/Folhapress - Ernesto Rodrigues/Folhapress
Imagem: Ernesto Rodrigues/Folhapress

Embora a dificuldade fosse igual no Peru, em termos de participação na Copa do Mundo, a pressão era menor porque o time tinha quase se acostumado a fracassar nas eliminatórias. Aos poucos, ele foi encaixando seu esquema que aproveita dos laterais Trauco e Advíncula para a saída de bola, ao mesmo tempo que explora os fortes atacantes de área Guerrero e Farfán (fora da Copa América por contusão).

Longe de ser brilhante, o meio-campo marca forte e sai com velocidade, especialmente nos passes de Cueva. É outro, aliás, que apesar do talento fracassou no futebol brasileiro muito por causa da displicência com que levou seu trabalho no São Paulo.

Contra o Brasil, o ex-palmeirense espera consolidar seu nome entre os grandes do mundo. No palco principal do país que o "rejeitou", ele espera dar o salto definitivo:

"Me coube um momento importante na minha carreira esportiva. Estar à frente de uma seleção dá uma dimensão mundial. Chegar nesta final é um momento único e estou vivendo isso plenamente".

FICHA TÉCNICA:
BRASIL X PERU

Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data/Hora: 7 de julho de 2019, às 17h
Árbitro: Roberto Tobar (Chile)
Assistentes: Christian Schiemann e Claudio Rios (ambos do Chile)
VAR: Julio Bascuñan (Chile)

BRASIL: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Alex Sandro; Casemiro, Arthur e Philippe Coutinho; Gabriel Jesus, Everton e Roberto Firmino.
Técnico: Tite.

PERU: Pedro Gallese, Luis Advíncula, Carlos Zambrano, Luis Abram e Miguel Trauco; Renato Tapia e Yoshimar Yotún; André Carrillo, Christian Cueva e Edison Flores; Paolo Guerrero.
Técnico: Ricardo Gareca.