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Volpi vê pressão triplicada no SPFC após era Ceni: "não pode ser comparado"

Tiago Volpi é o atual goleiro titular do São Paulo - Paulo Pinto/saopaulofc.net
Tiago Volpi é o atual goleiro titular do São Paulo Imagem: Paulo Pinto/saopaulofc.net

José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

11/05/2019 04h00

Vida de goleiro não é fácil. Treina mais do que os jogadores de linha e qualquer falha resulta em um gol adversário. Para quem é responsável por vestir a luva e defender a meta do São Paulo, a situação é ainda mais complicada. Afinal, o arqueiro tem de conviver com a sombra de um dos maiores ídolos do clube, Rogério Ceni, hoje técnico do Fortaleza - o rival do Tricolor paulista, amanhã, na Arena Castelão. Titular no time de Cuca, Tiago Volpi soube conviver com essa pressão.

"Eu costumo dizer que a pressão do goleiro é dobrada quando comparada com a de outras posições. E quando se trata de São Paulo, a pressão se torna até o triplo por toda essa mística de que o clube sempre contou com grandes goleiros, principalmente depois do Rogério Ceni. Acho que essa pressão se torna quase tripla aqui", disse Volpi em entrevista ao UOL Esporte.

Até mesmo por todo o histórico do Mito, Volpi deixou o México, onde era ídolo do Querétaro, ciente de que teria de enfrentar a desconfiança de muitos. Por isso, trabalhou bem o lado psicológico. Hoje, ele é dono da posição no time e apresenta números consistentes, com 22 partidas oficiais disputadas e 17 gols sofridos. Além disso, conquistou o reconhecimento da torcida ao defender dois pênaltis na semifinal do Paulistão, com o Palmeiras.

"Eu vim já sabendo que existiria essa pressão. Só que no começo, eu sempre falei que não queria sentir pressão com essa história do Rogério. Mas como as coisas não saíram como esperávamos no início, é lógico que todo mundo passou a ser incisivo nesse tema. Ali acabou se tornando um ponto forte, mas demos esta volta por cima para hoje vivermos um bom momento. E sempre respeitando a história. Como eu disse: 'igual ao Rogério jamais vai existir'. O que o Rogério fez no São Paulo nenhum outro goleiro vai fazer em nenhum outro clube no mundo. Então, o que ele fez vai ficar guardado para sempre na memória e no coração de todos. E ele não se compara, não pode ser comparado com nenhum outro goleiro. O que eu quero no que resta de contrato até o fim do ano é poder deixar o meu nome também na história do São Paulo", completou o arqueiro.

Confira os principais trechos da entrevista exclusiva com Tiago Volpi:

Ceni como adversário

É um jogo especial, pelo fato de ele estar do outro lado no comando do Fortaleza. A gente o respeita, todos têm um carinho pelo Rogério, mas temos de olhar para o Fortaleza como um rival, como temos feito com todos os outros times. Temos de ir para buscar os três pontos. Acho que o tema Rogério fica mais como uma mística, e não podemos deixar isso influenciar dentro de campo.

Influência do Mito

Acho que nem tanto o fato de bater pênalti ou de fazer os gols, mas a postura dele é o que mais me agrada. Essa personalidade do Rogério... Essa é a principal característica do Rogério de que eu gosto. Essa liderança dele. É olhar para o Rogério e ver tudo isso: liderança, personalidade, um grande homem... Tudo isso mais do que os próprios gols acaba virando a principal referência que tenho dele. Essa liderança e a personalidade.

Nota da redação: da mesma maneira que Rogério Ceni, Volpi já cobrou pênaltis, como aconteceu na disputa com o Palmeiras.

Relíquia

Eu tenho uma camisa dele. Quando eu jogava no Figueirense e enfrentamos o São Paulo [em 2014], eu fiz questão de pedir para ele para trocarmos a camisa, porque para mim ele era uma referência. Eu tenho uma camisa dele autografada, guardada na minha coleção.

Presente

Se ele quiser [a minha camisa ou a luva], vai ser uma honra. O que eu posso garantir é que vou apertar a mão dele e dar um abraço. Ele é um cara excepcional. Tudo o que fez como profissional tem feito como treinador, isso mostra a grandeza de Rogério Ceni.

Vida no São Paulo

A adaptação foi rápida, mas ainda tem muita coisa para a gente construir. Não dá para se contentar com o que foi feito até agora. Foi um processo nestes quatro meses onde, talvez, o começo não foi o que esperávamos com a eliminação precoce na Libertadores e a campanha no começo do Paulista bem irregular. Mas depois as coisas se encaminharam para um lado bom. Agora, a gente espera que essa sequência positiva possa ser mantida até o fim do ano. Como as coisas no começo do ano não aconteceram da maneira que a gente esperava e procurei não me abater, não posso entrar na euforia por viver um momento bom. Tem de trabalhar da mesma maneira, manter o pensamento para no fim do ano colher bons frutos.

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