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Adversário do Inter jogou Liga dos Campeões e foi colega de Nico na Europa

Neuton jogou no Doxa, do Chipre, antes de voltar para o Brasil e hoje atua no Noia - Arquivo Pessoal
Neuton jogou no Doxa, do Chipre, antes de voltar para o Brasil e hoje atua no Noia Imagem: Arquivo Pessoal

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

27/03/2019 04h00

Ser adversário do Inter não é nenhuma novidade para Neuton. Hoje com 29 anos, ele estreou no profissional pelo Grêmio aos 20, exatamente no clássico contra o Colorado. E venceu, sendo um dos destaques da partida. Nove anos depois, agora pelo Novo Hamburgo depois de rodar pela Europa, jogar Liga dos Campeões e ser colega de Nico López em dois clubes, ele revê o oponente a partir das 21h30 (de Brasília) em jogo de volta das quartas de final do Gauchão.

Cria da base gremista, Neuton é natural de Erechim, no interior do Rio Grande do Sul, e teve a primeira chance no clássico Gre-Nal que abriu a final do Gauchão de 2010. Ainda que atuasse mais como zagueiro, foi utilizado na lateral esquerda pelo técnico Silas Pereira por conta de um acidente doméstico sofrido por Fábio Santos, então titular, dias antes do jogo. No Beira-Rio, o Grêmio venceu por 2 a 0 e depois conquistou o título com o jogo de volta no Olímpico.

"A gente sempre quer estrear, sempre se quer jogar o quanto antes. Eu não tinha nem quatro meses de profissional. Mas todo processo de preparação foi bem feito nas categorias de base. Quando surgiu a chance, o treinador me deu total confiança. Estava pronto e preparado", disse em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Depois de Silas, foi Renato Gaúcho quem assumiu o time. Logo na primeira passagem pelo Tricolor, o técnico levou o time da zona de rebaixamento no Brasileiro à Libertadores do ano seguinte. Mas a realidade era outra e a pressão pela carência de títulos importantes se refltia em campo.

Neuton em ação pela Udinese, jogador atua no Novo Hamburgo hoje em dia - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

"Comigo o Renato sempre foi muito legal. Eu era novo, ele gostava bastante de mim, aprendi muito com ele. Todos falam que ele é um paizão e é a real mesmo. Ele dá total liberdade para o jogador se expor, num grau de melhora. Tem um perfil de liderança natural, gere muito bem o grupo, tira o melhor de todos e está colhendo muita coisa boa. É o reflexo da pessoa e do profissional que é", disse. "Eu fui criado no Grêmio, carregava um pouco disso (falta de títulos) na base. É um reflexo que vem de fora e por mais que se tenha uma cabeça boa, torcida, imprensa, sobrecarrega. A gente sabe que não é sempre que se vai ganhar, o futebol são processos. Mas a torcida e muitas vezes a imprensa não entendem", completou.

Liga dos Campeões, Udinese e Watford

Em julho de 2011, o Grêmio formalizou a venda de Neuton para Udinese, da Itália, por 2 milhões de euros (R$ 8,7 milhões na cotação atual). E logo de cara, com 21 anos, ele teve o Arsenal pela frente na fase preliminar da Liga dos Campeões. O defensor atuou nos dois jogos, mas ambos terminaram com vitória dos ingleses, por 1 a 0 e 2 a 1, eliminando os italianos do torneio.

"Da mesma forma que caiu no meu colo a estreia no profissional, eu cheguei na Udinese e tinha uma pré-Champions para jogar. Com 20 dias que eu estava lá, fiz os dois jogos contra o Arsenal. E até foram bons jogos. Mas é um processo de maturação. Na Itália acabei jogando menos na primeira temporada, consequentemente quiseram me emprestar. Fui pro Watford e perdi todo o ano machucado. Tive uma fratura no ombro direito e no tornozelo dirieto. Joguei oito jogos, fiquei a temporada machucado. Daí você volta de empréstimo sem jogar, acaba que entra em outro processo. No último ano eu pedi para ser emprestado, queria conhecer outro mercado. Fui para o Granada, depois para o Albacete", contou.

Colega de Nico López em dois clubes

Na Europa, Neuton foi colega de um adversário nesta noite. Nico López, principal destaque do Inter na temporada, viveu momentos semelhantes a ele no Velho Continente. Rodou por vários clubes sem conseguir se firmar, tanto que voltou para a América do Sul em seguida.

"Joguei com Nico no Granada e na Udinese. Ele sempre foi, digamos, mais tímido. Era um guri que ficava mais na dele, não era muito de brincar. Eu me dava muito bem com ele, por sermos sul-americanos, nos entendemos melhor. Eu sempre disse que era um menino que precisava de mais confiança. Na Udinese, o complicado é que te colocam numa situação que querem resposta imediata, resultado à pronta entrega. Não se tem paciência. E foi o que houve com ele aqui no começo. Tenho amigos e conversávamos sobre isso, eu sempre dizia que com paciência e ritmo ele seria o que é hoje, um espetáculo. Sempre teve essa qualidade, sabia que uma hora, com sequência e confiança, ninguém seguraria ele", explicou.

Experiência no Chipre e volta ao Brasil

Antes de voltar ao Brasil para defender Chapecoense, Juventude e Novo Hamburgo, Neuton aceitou um desafio: se transferiu para o Doxa, do Chipre. Preocupado com o nível das competições, ele se surpreendeu positivamente por lá. E em seguida regressou ao país onde nesta quarta tentará vaga na semifinal do Gaúcho tendo que reverter uma desvantagem de 2 a 0 para o Inter.

"Foi uma experiência surpreendente. Achei que o Chipre fosse um mercado meio submundo do futebol. Qualidade, nível do campeonato... Mas me surpreendeu bastante. É um país que está em desenvolvimento e o futebol é de alta qualidade. Eles agregam muitos jogadores europeus, os clubes que disputam a Liga dos Campeões, são formados por muitos espanhóis, ingleses, portugueses. É uma ilha, metade administrada pela Grécia e outra metade pela Turquia. O campeonato é todo na parte grega, falam grego, foi muito legal", contou.

"Voltei com intuito de fazer um bom campeonato no Juventude. Mas não fomos bem ano passado. Logo que acabou o ano o Bolívar (ex-zagueiro, técnico do Novo Hamburgo) me convidou para vir para vá trabalhar com ele e fiquei muito feliz. Temos um jogo difícil, mas acredito que tentaremos ao máximo reverter para demonstrar que o grupo era bom, fizemos um grande trabalho. Aprendi muito com Bolívar, me surpreendi porque em pouco tempo de trabalho já está num nível muito grande, mostrando o profissional que é. O time tem um conceito, uma ideia de futebol, muito bem trabalhada. Acreditamos que dá pra reverter. Estamos otimistas porque somos reféns do nosso trabalho. Sabemos que o trabalho foi bom. É claro que o Inter tem qualidade, mas vamos trabalhar para fazer um jogo perfeito. Pode parecer impossível para quem analisa, mas para quem está ali, passou a temporada junto, não é. Queremos fazer uma partida perfeita, quem sabe levar para os pênaltis ou a classificação", finalizou.

FICHA TÉCNICA
INTERNACIONAL X NOVO HAMBURGO
Data e hora
: 27/03/2019 (quarta-feira), às 21h30 (Brasília)
Local: estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)
Transmissão na TV: RBS TV
Árbitro: Enrico Andrade
Auxiliares: Max Augusto Guimarães e Mateus Olivério Rocha
INTERNACIONAL: Marcelo Lomba; Zeca, Rodrigo Moledo, Roberto e Iago; Rodrigo Dourado, Nonato, Sarrafiore, Nico López e Neiloton (Wellington Silva); Sobis.
Técnico: Odair Hellmann
NOVO HAMBURGO: Gustavo; Ednei, Luis Gustavo, Fred e Neuton; Amaral, Mossoró e Preto; Juninho, Héctor Bustamante e Leandro Cearense.
Técnico: Bolívar

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