Cariús vendeu motos e trabalhou na roça antes de "incomodar" o Corinthians
Autor de dois gols no empate do Ferroviário-CE com o Corinthians por 2 a 2 na primeira fase da Copa do Brasil, o atacante Edson Cariús por pouco não virou profissional. Descoberto tardiamente, ele começou a carreira aos 23 anos e vendia motos para ajudar a família.
Natural de Cariús, cidade que carrega o nome, Edson trabalhou na infância ajudando o pai na agricultura. "A gente plantava milho, arroz, feijão, aproveitava a época de bom inverno e tinha colheita legal, tinha 12 a 13 anos", disse em entrevista ao UOL Esporte.
Sem TV em casa, Edson ia às casas dos parentes para acompanhar o futebol e tentava colocar em prática o que aprendia nos torneios da escola. "Eu jogava de volante, aí um dia me colocaram como atacante e comecei a fazer gol. Gostei daquilo e continuei", disse.
Da roça para a venda de motos em Iguatu
Já como atacante, Edson tentou realizar o sonho de ser jogador e foi fazer testes no Icasa-CE. Depois de três meses, por falta de oportunidades, desistiu e foi procurar emprego. "Eu quase não treinava, aquilo me desmotivou, achei que não ia conseguir", disse.
Para ajudar a família, Edson começou a vender consórcio de motocicletas em Iguatu, cidade que fica a cerca de 30km de Cariús.
"Por dois anos, eu fui para a rua e bati nas portas das casas das pessoas oferecendo moto. Era difícil de vender, um produto caro, mas eu era um bom vendedor, tinha dia que conseguia vender duas ou três, a meta de 10 a 12 por mês", afirma Edson, que até comprou uma para ele e aprendeu a dirigir.
Nessa época, ele jogava torneios de várzea e conseguia ganhar até R$ 150 por jogo. Cariús também conseguiu atrair um diretor de futebol do Iguatu, time da cidade, e foi disputar a terceira divisão estadual para depois despontar pelo Floresta-CE.
Fama no Cearense e disputa com Gustagol
Já conhecido como Edson Cariús, ele brigou pela artilharia do Brasil no ano passado. Com nove gols no Cearense, ainda jogando pelo Floresta-CE, ficou atrás apenas de Gustagol (16) e Arthur Cabral (11). O atacante do Corinthians fez questão de parabenizar Cariús, como afirma o cearense.
"Eu tenho uma relação boa com o Gustavo, ele teve uma atitude bacana, permaneceu no campo até o fim para me dar um abraço. Tenho um carinho enorme por ele, me parabenizou pelos gols. Tivemos uma briga sadia pela artilharia no ano passado" revela.
Sem Gustagol, Cariús lidera a artilharia no estadual com oito gols marcados em 2019. Em 2018, ele ainda foi campeão da Série D pelo Ferroviário e artilheiro da competição.
Proposta do Ceará e sonho de jogar a Série A
Os gols pelo Ferroviário quase o levaram para o Ceará, mas o negócio não deu certo. "Eu tive proposta do Ceará em dezembro, a diretoria conversou comigo e com eles, mas infelizmente não chegou a um acordo", disse.
Depois dos dois gols contra o Corinthians, a expectativa por novas propostas é grande e ele já imagina entrar em campo por algum clube da primeira divisão nacional.
"A gente sabe que fazer dois gols no Corinthians é difícil, ser artilheiro do cearense também. As coisas acabam acontecendo, mas teria de ser bom para o Ferroviário. Eu tenho o sonho de jogar uma Série A do Brasileiro", afirma.
Figura ilustre em Cariús
Os gols e o apelido trouxeram fama não só para Edson, mas também para a cidade onde ele nasceu. Humilde, ele diz ser amigo do prefeito, mas não pensa em homenagens.
"Sou muito amigo do prefeito, ele me parabeniza por levar o nome de Cariús pelo país, a cidade fica conhecida por meus gols, sou muito feliz por isso. Ele sempre fala que vai ter que fazer uma homenagem para mim. Se puder fazer é legal, mas o importante é levar o nome da cidade onde nasci e mora minha família", diz o filho ilustre de Cariús.
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