Suspeito de matar Daniel admite crime, mas alega ter socorrido esposa
Suspeito do assassinato do meia Daniel, ex-São Paulo, Edison Brittes Jr admitiu à polícia ter matado o jogador. Em contato com o UOL Esporte, a defesa de Juninho, como é conhecido, confirmou a confissão e afirmou que seu cliente alega ter protegido a esposa, que teria sido atacada pelo atleta enquanto estava dormindo.
Juninho foi preso temporariamente na manhã desta quinta-feira (1º). Além dele, a mulher e a filha de 18 anos foram levadas para "averiguações". As prisões temporárias têm prazo de 30 dias.
No relato da defesa, Juninho diz que Daniel não havia sido convidado para o after party em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Ele teria entrado no Uber de um casal após festa em uma boate e partido em direção à casa.
"Em um dado momento, estavam todos confraternizando na churrasqueira e ouviu-se um pedido de socorro. O Edison foi até o quarto, arrombou a porta que estava trancada e flagrou Daniel sem calças, montado em cima da mulher dele, que estava dormindo há algumas horas. Ele flagrou aquela cena e passou a agredir o Daniel agressivamente, levado por forte emoção, e as coisas se levaram para o que a gente sabe".
Daniel foi encontrado em um matagal na região de São José dos Pinhais no último sábado quase degolado e sem o pênis. Ele tinha 24 anos.
Uma testemunha considerada fundamental prestou depoimento na última quarta-feira (31) à Polícia Civil do Paraná e afirmou ter presenciado o momento da agressão, que teria acontecido por quatro pessoas. No relato dela, os agressores pegaram uma faca e colocaram Daniel no porta-malas de um carro "praticamente desfalecido".
A testemunha pediu para não ser identificada e disse nesta quinta-feira (1º) que foi ameaçada pelo suspeito de ter matado o jogador.
Testemunha relata ameaças de suspeito
Segundo a testemunha, Edison Brittes Júnior, de 37 anos, conhecido como Juninho, se reuniu na segunda-feira com ela e outras três pessoas que presenciaram as agressões ao jogador para combinar o relato que fariam à polícia. A testemunha afirmou que não concordou em mentir e resolveu denunciar o caso às autoridades.
De acordo com o relato desta testemunha, cujo teor do depoimento já havia sido tornado público através de seu advogado, Daniel foi espancado na manhã de sábado depois que entrou em um quarto onde estava Cristiana Brittes, esposa de Juninho. Juninho, Cristiana, Daniel, a testemunha e outras pessoas estavam na casa de Juninho depois de terem ido ao aniversário da filha do casal, que comemorava 18 anos.
Muito abalada e temendo represálias, a testemunha falou com a imprensa no escritório de seu advogado de defesa, o criminalista Jacob Filho. Ela detalhou o que viu na manhã de sábado, mas não respondeu perguntas dos jornalistas. Horas antes, a Polícia Civil do Paraná anunciara a prisão temporária de Juninho e a condução da esposa e da filha para “averiguações”. Em sua ficha policial, consta que o suspeito já tinha "indicativo criminal" por porte ilegal de armas e receptação.
Daniel mandou mensagem para amigo momentos antes do crime
Em prints de WhatsApp anexados ao processo, aos quais a reportagem teve acesso, o jogador Daniel conversa com um amigo. Nas mensagens, ele diz que estava na casa da família e pretendia "comer a mãe da aniversariante” e “o pai está junto". Dezessete minutos depois o meia manda outra mensagem: "Comi ela, moleque", seguida de risadas e fotos ao lado de uma mulher, aparentemente dormindo.
De acordo com a testemunha, quem estava na casa ouviu do quarto gritos de uma mulher pedindo socorro para que "se evitasse uma tragédia". Quando a testemunha chegou, já encontrou Daniel sendo enforcado e espancado por Juninho. Em seguida se juntaram outros homens ao espancamento. A testemunha disse que Daniel pedia para não morrer. Quando ele estava quase desfalecido, foi jogado no porta-malas de um carro. Durante o espancamento do jogador, a testemunha teria ouvido a frase: "Mexeu com mulher de bandido vai morrer."
Segundo seu advogado, a testemunha viu o suspeito manusear um maço de dinheiro envolto em recipiente plástico ao sair da casa após o espancamento.
Muito assustada, ela saiu do local e passou o fim de semana sendo procurado pela filha do suspeito, que queria encontrá-lo novamente na casa da família. A testemunha inventou desculpas para não ir, até concordar em encontrar a família em um shopping center de São José dos Pinhais, onde o suspeito teria informado qual versão da história eles deveriam dizer à polícia. Nessa versão fabricada, segundo a testemunha, Daniel teria saído da casa no meio da noite sem falar com ninguém.
Meia seguia a família nas redes sociais
O UOL Esporte apurou que a defesa de Juninho deve trabalhar com a tese de que Daniel fez sexo sem consentimento com a mulher do suspeito. De acordo com o depoimento de outra pessoa ouvida pela polícia, o jogador era amigo da filha do casal e tinha ido à casa da família mesmo antes de chegar à festa. A boate Shed, em Curitiba, afirmou que fornecerá à polícia imagens do circuito de segurança da casa. No Instagram, a aniversariante postou fotos da família na festa. Daniel seguia tanto a filha quanto a mãe nesta rede social.
Daniel tinha 24 anos quando foi morto. Considerado tímido por seus amigos, ele foi revelado na base do Cruzeiro, se profissionalizou no Botafogo e estava emprestado ao São Bento de Sorocaba para a disputa da Série B. Como não vinha sendo relacionado, foi a Curitiba para encontrar amigos e participar da festa de aniversário.
Seu corpo foi encontrado sem o pênis e parcialmente degolado, características de um crime bárbaro. O velório aconteceu na quarta-feira, em Conselheiro Lafaiete (MG), onde ele passou parte da infância.
Em contato com o UOL Esporte, a testemunha afirmou ter sofrido ameaças de Juninho. O suspeito teria se reunido com ela e outras três pessoas que presenciaram as agressões ao jogador para combinar o relato que fariam à polícia. A testemunha afirmou que não concordou em mentir e resolveu denunciar o caso às autoridades.
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