Conselho do Corinthians vê prejuízo para Arena em 2 acordos com parceira
Entre os itens analisados por uma comissão de conselheiros do Corinthians destacada para analisar toda a documentação que envolve a Arena, dois contratos com a parceira Omni, referentes ao programa Fiel Torcedor a ao estacionamento do estádio, foram destrinchados. A conclusão apresentada em reunião na última segunda-feira (25) é que eles são mais vantajosos para a Omni que para o clube ou a Arena.
Um dos itens que chama a atenção dos conselheiros é a dificuldade do Corinthians em se desprender dos dois contratos com a parceira, algo que o presidente Roberto de Andrade já tentou realizar, porém sem êxito. A comissão formada por conselheiros de situação e oposição, liderada por Guilherme Strenger, desembargador e presidente do órgão, recomendou que os dois vínculos sejam encerrados, o que não é tão simples assim.
Conforme revelou o trabalho dos conselheiros, a rescisão estipulada para o Fiel Torcedor é de R$ 6 milhões, definida por aditivo assinado pelo então presidente Andrés Sanchez, em 2011.
Contrato de estacionamento: 70% do lucro é da parceira
Ainda que a operação do estacionamento tenha se iniciado em outubro de 2014, o contrato com a Omni só foi assinado em abril de 2015, por parte do presidente Roberto de Andrade. A empresa, porém, só conseguiu autorização legal para atuar nesse segmento em setembro de 2016, e repassava o serviço para outra empresa do ramo, a Sigma. Para driblar a legislação, o vínculo firmado entre Omni e a Arena era caracterizado como "locação de espaço" e não de "exploração do estacionamento". Mesmo assim, a falta de autorização gerou uma multa de R$ 80 mil à empresa.
Em razão desse histórico, no ano passado, o presidente Roberto de Andrade tentou a rescisão de contrato que havia assinado com a Omni e chegou a anunciar, inclusive no telão da Arena Corinthians, que o serviço seria assumido pela empresa Indigo, especializada na operação de estacionamentos. A Omni, porém, fez valer o contrato assinado, se negou a deixar a operação e segue no espaço até hoje.
Diversos são os itens apontados por conselheiros como favoráveis à Omni. O contrato foi assinado em outubro de 2014 com validade de 10 anos e ainda concede à parceira o direito de renovação por mais uma década. A divisão dos lucros também é motivo de críticas: por contrato, 70% da receita líquida fica com a parceira, livre de impostos, enquanto 30% são da Arena. Os tributos, afirmou a auditoria feita pelo Conselheiro, são abatidos a partir da receita bruta.
A relação com o contrato também mostra disparidade entre as partes. Caso deseje, a Omni pode rescindir o acordo a qualquer momento, se assim desejar, sem a necessidade de pagar qualquer tipo de multa. A única exigência é uma notificação por escrito com antecedência de 90 dias.
Já para a Arena Corinthians, a rescisão só poderá ocorrer em hipótese de não pagamento ou descumprimento de alguma das cláusulas. Foi justamente com base nesse último expediente que o presidente corintiano tentou quebrar o acordo, porém sem sucesso.
Contrato do Fiel Torcedor deixa 75% dos lucros principais à empresa
Assinado originalmente em 7 de dezembro de 2007, o acordo com a Omni para administração do programa Fiel Torcedor recebeu quatro renovações ao longo dos anos, sendo a última em 23 de setembro de 2013 e com validade até 6 de dezembro de 2019. O primeiro contrato e os três aditivos seguintes foram assinados por Andrés Sanchez, então presidente. Já a renovação mais recente teve a assinatura de Mário Gobbi.
As contestações de conselheiros giram em torno dessa renovação, realizada sob a alegação de que era preciso um investimento de R$ 5,4 milhões em equipamentos para controle de acesso à Arena Corinthians que estivessem dentro do padrão solicitado pela Copa do Mundo.
Os contratos verificados por conselheiros, porém, mostram que esses aparelhos são apenas emprestados pela Omni, que poderá levar tudo embora se deixar a operação do Fiel Torcedor.
Os conselheiros também contestam a distribuição de lucros do programa, que é mais vantajosa à empresa que ao clube. O formato de divisão é complexo, mas está vigente desde a instituição do programa de sócios do estádio, há uma década. É feito um escalonamento para divisão dos lucros, o que garante à Omni uma remuneração de 75% dos valores arrecadados com os 15 mil primeiros filiados ao Fiel Torcedor. O Corinthians fica com os 25% restantes.
A partir dos sócios na faixa de 15 mil a 25 mil inscritos, a Omni reduz a margem de lucro para 60%, o que segue para outros escalonamentos: entre 25 e 30 mil, a empresa tem 50%; entre 30 mil e 45 mil, a margem desce para 40%; entre 45 mil e 60 mil, o número muda para 25%; entre 60 mil e 75 mil, desce para 15%; entre 75 mil e 90 mil, passa a 10%.
O maior patamar do Corinthians é entre sócios a partir do número 90 mil: a Omni fica com 5%, e o clube com 95% dos valores arrecadados. Hoje, de acordo com o Movimento Futebol Melhor, o Corinthians lidera o ranking de sócios dos clubes brasileiros com 124.713 inscritos.
Ao longo de sua gestão, o presidente Roberto de Andrade também flertou com a possibilidade de rescindir com a Omni o acordo do Fiel Torcedor, mas não obteve êxito. O único movimento de sucesso foi na identificação de despesas em excesso que eram apresentadas pela parceira, o que diminuía a margem de lucro do clube.
Omni é parceira do Corinthians há cerca de uma década
A empresa iniciou suas atividades no Corinthians em 2007, de forma modesta, com o controle de acesso ao Parque São Jorge. Hoje, é parceira do clube em cinco acordos distintos: o controle do Fiel Torcedor, a administração do estacionamento, a operação da Arena Corinthians, o controle da bilheteria do estádio e ainda dá nome ao teatro corintiano.
Não há registros de aparições públicas de Marta Alves de Souza Cruz e Luiz Alberto Ravaglio, proprietários da empresa, que jamais concederam qualquer entrevista sobre a parceria com o Corinthians. A reportagem enviou mensagens à Omni, que não se manifestou sobre o trabalho apresentado pelos conselheiros do clube.
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