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Ex-sucessor de Pato no Inter viu jogador levar tapas de técnico na Coreia

Felipinho, ex-jogador do Internacional, em ação pelo Al Muharraq, do Bahrein - Arquivo Pessoal
Felipinho, ex-jogador do Internacional, em ação pelo Al Muharraq, do Bahrein Imagem: Arquivo Pessoal

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

10/08/2017 04h00

Era agosto de 2007 e Alexandre Pato havia acabado de ser negociado pelo Internacional. Vendido ao Milan por US$ 20 milhões (R$ 63 milhões na cotação atual), o atacante se despediu elegendo seu sucessor: Felipinho, que então tinha apenas 15 anos e jogava nas categorias da base do clube. Mas as trajetórias só se assemelharam na velocidade em que ambos deixaram o clube.

Sem jamais ser aproveitado no time principal, Felipinho não conseguiu ser o que Pato acreditava. Mesmo que os profissionais da base do Inter na época concordassem que havia muito para ser comparado entre eles.

Felipinho, em 2010, quando defendia as categorias de base do Inter - Divulgação/Site oficial do Inter - Divulgação/Site oficial do Inter
Imagem: Divulgação/Site oficial do Inter

"Éramos amigos até por ser do mesmo empresário, dividir os mesmos ambientes. Mas como foi cada um para um lado, perdemos contato", disse Felipinho sobre Alexandre Pato em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. "Por um lado sim (atrapalhou ter sido taxado de sucessor), até por eu ser muito novo e ele ter sido projetado como um grande jogador", afirmou.

Ambos atacantes, ambos rápidos e habilidosos, com faro de gol. Mas por uma razão ou outra, o que Pato recebeu de chances, Felipinho não. Jogou apenas nas categorias de base do clube até 2011, quando teve participação na Copa São Paulo interrompida pela venda ao Jeju United, da Coreia do Sul.

Voltou ao Brasil em 2012 para jogar no Atlético-PR, passou pelo Monte Azul-SP, Anápolis-GO e desde 2015 defende o Al Muharraq, do Bahrein. Na carreira ainda tem passagem pela seleção brasileira Sub-17, com quem disputou o Sul-Americano e o Mundial da categoria em 2009.

"Sou muito grato a tudo que o Inter me proporcionou. Fez eu realizar sonhos pessoais e sonhos familiares. Só tenho a agradecer e torcer que voltem logo à elite do futebol", contou. "Decidi (deixar o Inter) junto com meu empresário e minha família. Seria uma oportunidade boa e no Inter não tinha certeza de jogar pelo profissional", completou.

Andanças pelo mundo e 'tapas' em campo

Felipinho conviveu com mercados pouco convencionais. Foi, de cara, para a Coreia do Sul. Com apenas 18 anos, viu coisas curiosas. Como quando um companheiro de profissão levou 'uns tapas' do treinador de sua equipe ao ouvir orientações.

"Fora do normal foi na Coreia. Você vê o treinador chamar o jogador na beira do gramado e dar uns tapas... Para eles é normal fazer isso com jogadores locais e mais novos", contou. "Isso só acontecia entre eles, com estrangeiros nunca. O jogador era do adversário, ele estava 'dormindo' em campo. O técnico chamou, deu uns tapas nele na beira do gramado, e ele voltou para o jogo", disse. "Foi uma surpresa", finalizou. 

No mundo árabe, o mais curioso é a questão do respeito às regras religiosas, que também implicam na alimentação. "Alimentação é sempre difícil. Tem o Ramadã, que é algo muito diferente para mim, eles só comem quando o sol se põe", completou.

Voltar ao Brasil? Quem sabe

A falta de chances no Inter foi encarada com naturalidade. A saída ocorreu, também, pela incerteza de ser aproveitado. O retorno ao Brasil ainda soa distante do jogador de 24 anos cujo contrato no Bahrein vai até o fim do ano. O plano é 'pisar na Europa' e há negociações que podem facilitar a ida em breve para Portugal ou Turquia. 

Ex-jogador do Internacional, Felipinho foi apontado como sucessor de Pato - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

"A cobrança é grande de um jogador vindo da base. O Inter é um grande clube e muitos têm que sair para mostrar seu valor, depois voltar e ser aproveitado. Ainda mais antigamente. Hoje em dia vejo mais jogadores da base recebendo oportunidades", opinou.

Voltar ao Brasil não está totalmente descartado. "Quem sabe um dia. Se receber uma proposta boa, aceitarei com maior prazer. Enquanto isso vou conhecendo outras culturas", finalizou.