"Pai" dos "Moleques de Xerém" vibra com jovens do Flu e define DNA tricolor
O elenco profissional recheado de jovens da base tem as impressões digitais de Marcelo Veiga. Funcionário do Fluminense desde 2004, o hoje coordenador técnico das divisões de base do Fluminense foi treinador de todas as categorias inferiores (exceção feita ao sub-13) e trabalhou com todos os talentos formados no clube que integram o profissional. Quando olha o time dirigido por Abel, Veiga identifica o estilo cultivado desde cedo em Xerém.
“É tudo pensado. Cada vez mais vejo o DNA de Xerém, que é o de velocidade inteligente. Não basta ser veloz. Às vezes o jogador é muito veloz, mas não pensa. Quando digo velocidade, não é velocidade de deslocamento, mas de pensamento, de tomada de decisão. Meu sonho é que um dia tenha um jogo com dois times sem camisa, eu pergunte para um torcedor quem é o Fluminense e ele acerte”, definiu Veiga, que não tem nada a ver com o homônimo que ganhou fama treinando o Bragantino na década passada.
No atual elenco, o atacante Wellington, também cria do clube, talvez seja o jogador que mais se enquadre neste perfil tricolor. Ele, que teve passagem pelo Arsenal, fez parte do primeiro time treinado por Veiga no clube, a equipe sub-11. Atualmente, o coordenador vê as sementes plantadas desde lá atrás darem frutos, mas destaca que o Fluminense deu um salto de cinco anos para cá. Ele ressalta que houve a necessidade de se posicionar estrategicamente no mercado, o que obrigou os profissionais de Xerém a buscarem a excelência. O investimento feito na gestão de Peter Siemsen também foi um fator importante, segundo ele.
“A maior satisfação é ver o atleta no profissional do Fluminense. A satisfação é sentar no sofá ou no Maracanã e ver o que o Wendel está jogando, ver o Nogueira fazer gol de cabeça. Isso é uma felicidade muito grande. Mas não deixo de ficar feliz ao ver o Marlon no Barcelona, por exemplo. A fábrica tem de produzir” disse ele.
Um dos maiores destaques surgidos em 2017, o volante Wendel foi pinçado por Veiga, que foi chamado por um amigo para observar o então camisa 10 do Tigres. Após a partida, uma conversa selou a ida do jogador para Xerém. Hoje, ele desponta como uma das maiores promessas do clube.
Para Veiga, a casa está diretamente associada à criação desse "DNA". O distrito de Duque de Caxias acolheu o Fluminense e fez com que a torcida criasse uma identificação diferente com os jovens criados por lá. Além dos resultados expressivos na base, o casamento inspirou apelido e música.
“O clube tem uma coisa que as pessoas não percebem. Nós temos sede para a base. Xerém e Flu estão conectados com a gente. Somos o único time que tem música para a base, ninguém tem isso [“Uh, vem que tem, os Moleques de Xerém”]. Alguns ficam querendo imitar, agora tem os “Meninos de General”, mas é forçação de barra. Quando a torcida canta isso, fico arrepiado, é um orgulho”.
A satisfação por ver que ajudou a construir uma marca consolidada no cenário nacional não impede que Veiga elogie trabalhos realizados por clubes como Internacional, Santos e Cruzeiro. Mas ao analisar os rivais cariocas, ele não deixa margem para dúvidas sobre o que pensa da distância entre o Fluminense e os demais.
“Olho para baixo. Um vejo logo abaixo, o outro eu vou ver mais abaixo, o outro um pouco mais abaixo”, alfinetou. Após a partida diante do Brasil de Pelotas, o elenco repleto de “Moleques de Xerém” se reapresenta e volta todas as suas atenções para o Fla-Flu de domingo.
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