Cleiton Xavier garante o 'fico' para espantar novo fantasma pelo Palmeiras
Cleiton Xavier diz ao povo que fica. O meia-atacante de 33 anos, mesmo sem a titularidade de outrora, quer permanecer no Palmeiras para a temporada de 2017. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o veterano atribui o ‘fico’ a um novo projeto: retirar o ‘fantasma’ da Copa Libertadores da América pelo clube.
Durante todo o Campeonato Brasileiro, Cleiton Xavier conviveu com o fantasma do Campeonato Brasileiro. O camisa 10 era o único atleta do elenco a participar da frustrante campanha de 2009, quando o clube palestrino liderou a Série A, perdeu fôlego na reta final e sequer terminou entre os quatro primeiros colocados.
Agora, o fantasma a ser espantado se chama Copa Libertadores da América. Cleiton mistura as boas lembranças – até o palmeirense mais desatento se recorda do golaço anotado na partida contra o Colo Colo em 2009 – com o incômodo pela queda precoce nas quartas de final para o Nacional-URU.
Nesta entrevista exclusiva, Cleiton Xavier garante a permanência, apesar do tempo de jogo diminuto em 2016, e fala sobre a expectativa de trabalhar com Eduardo Baptista. Os elogios de companheiros de profissão ao novo técnico animam um dos mais experientes atletas do elenco.
Confira abaixo a entrevista exclusiva com Cleiton Xavier:
UOL Esporte: Acredito que a primeira pergunta a ser feita é esta: você fica no Palmeiras para 2017?
Cleiton Xavier: Meu desejo e cumprir meu contrato, que é do Palmeiras. Tenho mais um ano e espero cumprir. Espero conseguir mais um título. Foram dois anos e dois títulos, espero que o ano de 2017 seja abençoado também.
UOL Esporte: Imagino que mal tenha dado para comemorar direito o título pela tragédia da Chapecoense. Como você recebeu a notícia?
Cleiton Xavier: Realmente foi muito triste. A gente tinha acabado de ser campeão. Fiquei sabendo a notícia de manhã. Estava dormindo quando aconteceu, acordei e vi que tinha recebido várias mensagens e ligações. É lamentável; ficamos felizes um dia e no outro veio este baque tão grande. Queremos apenas desejar sorte às famílias, que tenham força.
UOL Esporte: Você é um cara que atuou na Europa, sempre viajou muito. Você tem medo?
Cleiton Xavier: Medo não. É a nossa profissão. A gente que viaja tanto; acho que por isso ficamos tão abatidos. Sabíamos que poderia ser o nosso time; pessoas comuns que tem os seus trabalhos. Infelizmente precisou disso para as pessoas terem mais cuidado.
UOL Esporte: Será difícil então sentir o melhor gostinho possível deste título?
Cleiton Xavier: É difícil. Toda vez que a gente lembra do Brasileiro, vem a lembrança da final contra a Chapecoense, e as lembranças acabam não sendo muito boas. É lógico que levaremos o título para a vida, vamos comemorar uma hora ou outra porque merecemos muito levar este título.
UOL Esporte: Sobre o título é impossível não te associar ao time de 2009. Saiu o fantasma de vez?
Cleiton Xavier: Graças a Deus! Carregava este peso aí de 2009. Só eu e o Omar [Feitosa, preparador físico] somos sobreviventes desta época. Poder ser campeão agora foi muito bom. É um peso a menos.
UOL Esporte: Você e o Omar conversavam muito sobre isso?
Cleiton Xavier: Nem tanto, na verdade. Conversamos uma ou duas vezes. A equipe estava focada no título, independente de 2009. Se a gente for colocar em números, 98% do grupo não estava aqui; esqueceram a história de 22 anos sem o título, a história de 2009, esqueceram tudo isso. Nós ficamos somente focados no nosso campeonato. Deu resultado.
UOL Esporte: Você superou o fantasma do Brasileiro. Agora tem o da Libertadores pela frente...
Cleiton Xavier: É sempre bom jogar a Libertadores. É um campeonato difícil, no qual todas as equipes querem ganhar. Acho que o Palmeiras está merecendo este título há alguns anos. Em 2009 ficou um gostinho de que poderíamos ir mais além. Agora é se preparar bem.
UOL Esporte: Qual foi o principal diferencial do Palmeiras?
Cleiton Xavier: A união do grupo. Isso foi fundamental. Desde quando o Cuca chegou, ele adotou uma estratégia de utilizar todo mundo, às vezes de fazer rodízio com os jogadores. O grupo assimilou bem, cada um sabia da sua importância e conseguimos chegar ao nosso objetivo.
UOL Esporte: Na sua visão, jogou menos do que merecia no Campeonato Brasileiro?
Cleiton Xavier: Não, cara. Joguei o que acho que tinha que jogar mesmo. Lógico que todo jogador quer jogar todas as partidas, mas nem sempre vai dar para jogar. O mais importante é você sentir que foi útil. Tem uma base que jogou mais, outra foi revezando, mudando durante os jogos de acordo com o adversário. Foi supertranquilo em quanto a isso.
UOL Esporte: Você contribui com gols decisivos contra Corinthians, Internacional e Vitória, por exemplo. Isso tornou o título mais especial, não?
Cleiton Xavier: Sem dúvida foi mais especial. Quando você se sente importante, ajuda de alguma maneira, faz um gol dá um passe, salvando um gol, como o gol que o Zé [Roberto] salvou contra o Cruzeiro; para mim, aquele gol salvo foi um gol a favor que nos deu um passo importante para o título. Cada detalhezinho que você pode ajudar vai somar bastante no final.
UOL Esporte: Sem Cuca, o técnico campeão, o quanto perde este Palmeiras?
Cleiton Xavier: É difícil. O Cuca já conhece o elenco. De repente, vai mudar pouca coisa. Perder o treinador agora no início do trabalho, agora vamos ter que começar tudo do zero. O treinador vai ter que conhecer o clube, funcionários, jogadores. Temos que acatar a decisão do Cuca; se ele for para outro lugar, outro clube, a gente torce par a ele ir bem.
UOL Esporte: Eduardo Baptista. Conhece pessoalmente? Ouviu referências de outros jogadores?
Cleiton Xavier: Não o conheço pessoalmente. Venho acompanhando o trabalho dele, tenho amigos que falam bem do trabalho dele no Flu, na Ponte Preta. Sabemos que é um excelente treinador. Vamos abraça-lo e seguir a nossa caminhada.
UOL Esporte: Falamos do Cuca há pouco. E qual o tamanho da falta que fará o Gabriel Jesus?
Cleiton Xavier: Vai fazer muita falta. Qualquer peça que tirar fará falta. Palmeiras deve estar correndo atrás disso, não sei se de um substituto, alguém bem parecido. É difícil perder o Jesus, para mim o melhor do campeonato, 19 anos e ter toda a cabeça que ele tem. Ficamos felizes por ele ter conquistado tudo isso e ir para um grande time da Europa, é o 9 da seleção brasileira. Vamos seguir a nossa vida.
UOL Esporte: Teve algum momento marcante no Brasileiro?
Cleiton Xavier: Mais marcante foi a sequência que tivemos em que todo mundo falava que era a mais difícil do campeonato, cinco jogos com dois clássicos [Fluminense, São Paulo, Grêmio, Flamengo e Corinthians]. Concentramo-nos e tivemos reuniões entre nós mesmos. A partir daquele momento deu para sentir que a equipe estava focada. Foi o momento mais especial da competição para nós.
UOL Esporte: Foi o elenco que mais ‘deu liga’ da tua carreira?
Cleiton Xavier: Sim, sem dúvida. Não é fácil lidar com tanta gente assim e com multicampeões que muitas vezes nem iam para o jogo. Você olhava e pensava: ‘olha o grupo que estou fazendo parte’. Mesmo com tantos nomes, não vimos desavenças, sempre respeitando o companheiro.
UOL Esporte: Pronto para ser campeão, este elenco se mostrou. Para a Libertadores, a mesma coisa?
Cleiton Xavier: É difícil falar do ano que vem. Muita gente não tem situação definida, não sabemos quem pode sair e quem pode chegar. A maioria destes jogadores está preparada.
UOL Esporte: A sua situação está definida mesmo?
Cleiton Xavier: [risos] Tranquilo. Mais um ano de contrato ainda, quero cumprir.
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