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Ex-Chapecoense, Vílson chora muito no Corinthians: "formei irmãos ali"

Do UOL, em São Paulo

30/11/2016 11h50

Escolhido no Corinthians para falar sobre o acidente aéreo que vitimou a Chapecoense na terça-feira, na Colômbia, o zagueiro Vílson se emocionou bastante em entrevista coletiva no CT Joaquim Grava. Ele defendeu a equipe catarinense em 2015 e dividiu elenco com boa parte dos 19 atletas que morreram. Definiu os companheiros como "irmãos".

Vílson levou uma camisa da Chape para atender os jornalistas e deu detalhes da proximidade que tinha com alguns dos que perderam a vida. Se mantinha em grupo de WhatsApp com atletas de seu ex-clube e disputava campeonatos de videogame com alguns deles.

"Cara, difícil até falar. Ontem e hoje o pensamento é só neles, nos familiares. Por ser uma cidade pequena a gente estava sempre unido, o presidente Sandro Pallaoro fazia confraternizações, queria grupo e família unidos. É uma dor muito grande, sonhos interrompidos de um grupo muito alegre e feliz. Era o que eu via ano passado, a alegria de vencer continuou forte esse ano e eles mostraram nos jogos, na Sul-americana. Formei irmãos ali, porque era uma luta pelos mesmos ideais. A gente fica muito triste pelo acontecido", comentou Vílson.

"O momento (da Chapecoene) era muito bom, a gente fica sem saber o porquê de uma coisa dessas. Sem palavras", declarou.
"A gente sempre fazia campeonato de videogame, com o Gil, Ananias, Neto, Bruno Rangel, que eram mais próximos. Fisioterapeutas... Falei com o Billy Bil e o Guilherme, fisioterapeuta que não estava na viagem. Minha esposa também estava muito triste, ligou para a esposa do Thiego... Ele estava muito feliz. Ligou para a esposa do Anderson Paixão também", revelou Vílson.
"Foi um baque para todos. Eu estava dormindo e umas 6h o celular começou a apitar, muitos amigos fora do futebol mandando mensagem, minha mãe também. Eu vim para o treino no automático, não sabia o que fazer, para quem ligar. Meu irmão estava em casa e veio comigo para o treino. Ai cheguei aqui e vi o Lucca muito triste, que é amigo do Cléber Santana. O Marlone jogou com o Ananias. É tTudo muito triste, ninguém tinha cabeça para treinar, sem condições. O Oswaldo nos reuniu, passou conforto e decidiu para ir embora", comentou.

Em meio a muita emoção, Vílson revelou os minutos seguintes à notícia recebida. "Nessas horas é que paramos para repensar nossa vida. A primeira coisa que fiz foi dar um abraço no meu filho. No começo do ano me apresentei na Chapecoense, poderia estar junto nessa tragédia. Depois que a gente é pai pensa duas vezes nas coisas que fazemos. Por isso abracei meu filho, minha esposa, minha mãe, e temos que dar valor às pessoas próximas. Estamos em oração pelo Neto, esperamos que ele saia dessa bem, com saúde, vivo. Temos um grupo no Whatsapp e nos falamos domingo, estávamos rindo, brincando, e hoje muitos deles não estão mais aqui. Temos que dar valor a quem está do nosso lado. Sei que vocês perderam companheiros de imprensa, então é para todos", disse.

"Eu nunca tive pânico, mas sempre tive medo de avião, na hora de pousar e decolar. Sem dúvida é uma coisa muito próxima da gente. Ficamos apreensivos e com certeza depois disso não tem como não pensar nos meus companheiros", complementou Vílson. Ele ainda comentou rapidamente sobre a situação do Corinthians na sequência do episódio.

"Foi uma tragédia muito grande, sabemos da dor. Mas temos que pegar isso como força. Há mais de 30 milhões de torcedores querendo uma vaga na Libertadores. Hoje estou aqui pelos meus companheiros da Chapecoense, eles me ajudaram e me projetaram a vir para o Corinthians. Então tenho que jogar por eles, pegar essa alegria de exemplo e colocar em campo", citou.