De estádio a Oswaldo. Quais ações de Roberto de Andrade que minaram Andrés
A entrevista do ex-presidente Andrés Sanchez à TV Gazeta confirmou a piora do clima político do Corinthians após a contratação de Oswaldo de Oliveira. Decisão exclusiva do mandatário Roberto de Andrade, a opção por Oswaldo foi apenas uma das ações que diminuíram a influência de Sanchez dentro da atual gestão corintiana.
Em janeiro, Andrés havia se desligado da função de superintendente de futebol, e deu sinais de que a relação com o presidente que ajudou a eleger não estava boa. Nos últimos meses, decisões de Roberto de Andrade, como a escolha do novo treinador, acabaram por minar a força do antecessor dentro do clube e deixam uma interrogação quanto ao futuro.
Arena Corinthians
Espécie de chefe do estádio corintiano na gestão de Mário Gobbi, Andrés teve a força diminuída com a entrada de outros dirigentes para lidar com questões da Arena. Algumas gestões na parte financeira, por exemplo, foram executadas pelo diretor Emerson Piovesan. A negociação pelos naming rights, ainda sem sucesso, foi liderada pelo superintendente de marketing Gustavo Herbetta. Além disso, profissionais foram contratados para tentar aumentar o faturamento do estádio, como o gerente comercial Bernardo Pontes.
Divisões de base
As diferenças entre os dois principais líderes políticos do clube nesse setor começaram por conta da renovação de contrato do jovem Vitinho, 16 anos. Andrés chegou a ordenar a demissão de funcionários envolvidos nas negociações, mas foi desautorizado por Roberto. A saída do ex-diretor Fábio Barrozo, braço direito do ex-presidente, diminuiu a influência de Sanchez, assim como as polêmicas que desgastaram a imagem de Mané da Carne, muito ligado a Andrés, e causaram a demissão de José Onofre, ex-diretor do departamento amador. Outro ponto de desgaste envolve o assessor Augusto Melo, de atuação criticada pelo ex-presidente: ele chegou a ser um dos afastados pelo atual mandatário, mas voltou ao cargo contra a vontade de Sanchez.
Mercado de transferências
O desgaste causado na venda de Malcom ao Bordeaux-FRA e na renovação de Lucca reduziram a força do empresário Fernando Garcia no mercado de transferências. O então treinador Tite chegou a criticar Garcia pública e internamente, em contato com os atletas. A diminuição do espaço de Garcia desagrada ao ex-presidente, um dos defensores da parceria comercial entre clube e Fernando. Se no início da temporada representava 10 nomes no elenco, hoje o agente trabalha com seis atletas comandados por Oswaldo: Walter, Vílson, Guilherme Arana, Uendel, Marlone e Lucca.
Contratações de treinadores
Sugerida pelo ex-presidente Andrés em negociação com o empresário Carlos Leite, a contratação de Cristóvão Borges não surtiu o efeito desejado para suceder Tite. Na sequência, Sanchez defendia que Eduardo Baptista, da Ponte Preta, fosse o escolhido para a temporada que vem. Ele não foi ouvido por Roberto de Andrade, que insistia na tecla da experiência como critério importante para a função e, pessoalmente, escolheu Oswaldo de Oliveira para ser o próximo treinador.
A consequência da escolha de Oswaldo: o afastamento de aliados
Dois nomes politicamente ligados a Andrés podem se afastar da gestão de Roberto de Andrade após a escolha do treinador. O diretor de futebol Eduardo Ferreira, que já ensaiava sua saída havia alguns meses, aproveitou o fato para se desligar oficialmente da função. O apoio de Sanchez havia sido decisivo para que ele fosse indicado por Roberto. Na sequência, o vice-presidente André Luiz de Oliveira, aliado histórico de Andrés, também avisou que deve se afastar da posição no último ano da atual administração, embora ainda não confirme a decisão.
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