Erros e fritura de oposição com organizada: como foi queda de diretor do SP
Brindado com memes que exaltavam sua capacidade de negociação há alguns meses, quando garantiu a contratação de Maicon do Porto (POR), Gustavo Vieira de Oliveira deixou o comando do futebol do São Paulo. Por trás da decisão, evidentes problemas na montagem do elenco para o segundo semestre, com maus resultados em campo, aliados a um ambiente político extremamente hostil, com pressão simultânea de oposição, torcidas organizadas e até conselheiros da situação.
Veja pontos que desgastaram o agora ex-diretor executivo de futebol e que foram preponderantes para sua queda.
Planejamento não se sustentou: do céu ao inferno
Após um primeiro semestre produtivo, com semifinais da Libertadores, Gustavo chegou a ficar em alta: as contratações de Calleri e Maicon, a chegada de Bauza, a volta de Lugano e o desempenho da equipe fecharam os primeiros meses com saldo positivo no futebol.
A direção são-paulina, entretanto, não se preparou para a perda de peças que já sinalizavam que sairiam, como Calleri e Ganso. Vieram Cueva, Chávez, Gilberto e outros, mas o desempenho do time dentro de campo caiu.
Além disso, Gustavo começou a ter diversas divergências com o presidente Leco em relação às contratações de novos atletas. A intenção do diretor era manter o elenco, guardar dinheiro e reestruturar o time a partir de janeiro de 2017. Ele foi contra as chegadas de jogadores como Jean Carlos e Robson, e não aprovou a vinda de Buffarini, pedido expresso do ex-técnico Edgardo Bauza. Com isso, perdeu autonomia.
Bauza abandonou o trabalho para assumir a Argentina, mas não sem antes convencer a cúpula são-paulina a investir na vinda de Buffarini – o lateral teve começo irregular. Sem peças à altura, o São Paulo sofreu derrota contundente contra o Juventude, que disputa a Série C, e flerta com a zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
As organizadas: ruptura com diretoria, aproximação com a oposição
O presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, rompeu com as organizadas do clube, em julho, após confusão com torcedores comuns no entorno do Morumbi. Enquanto a direção se afastou das torcidas, a oposição se aproximou e teve papel importante no processo de fritura do diretor executivo.
Em junho deste ano, o empresário Abilio Diniz, influente no clube e que rompeu com Leco, se tornando opositor, admitiu ao UOL Esporte ter ajudado a financiar o carnaval da Torcida Independente. Dias antes da invasão ao Centro de Treinamento no último dia 27, Newton do Chapéu, candidado à presidência derrotado pela oposição, compareceu a um samba organizado pela torcida e compartilhou imagens nas redes sociais.
O último episódio envolvendo política e organizadas no clube ocorreu na última segunda-feira, em reunião do Conselho Deliberativo. O conselheiro e coordenador de oposição Antônio Donizeti, o Dedé, acusou o vice-presidente de comunicação José Francisco Manssur de passar seus dados pessoais à organizada, para que esta fosse agredi-lo. Manssur negou a acusação; procurado, Dedé orientou a procurar seu advogado, José Edgard Galvão.
Galvão tem ligações antigas com a Independente, já advogou para a torcida e comparece frequentemente à eventos por ela organizados. Foi também diretor na gestão de Carlos Miguel Aidar. Procurado pela reportagem, não atendeu aos telefonemas.
Campanha simultânea: fora Gustavo
Nas últimas semanas, membros da oposição do São Paulo compartilharam nas redes sociais um abaixo-assinado pedindo a saída de Gustavo Vieira de Oliveira. O mesmo documento foi compartilhado pelas redes oficiais da Torcida Independente e por Alexandre Bourgeois, CEO indicado ao clube por Abílio Diniz e que chegou a ocupar cargo nas gestões de Aidar e de Leco.
Na medida em que fez duras críticas a Gustavo, a torcida chegou a apontar Abílio Diniz como solução, e fez elogios ao empresário no dia 15 de agosto. Bourgeois, por sua vez, juntamente com outros opositores, foram às redes logo após à invasão do CT, indicando que o São Paulo teria aberto os portões propositalmente.
A pressão interna, por sinal, não vinha só da oposição. Vários conselheiros de situação também foram favoráveis à saída de Gustavo.
Futuro indefinido
Sem Gustavo, o São Paulo deve procurar nos próximos dias Marco Aurélio Cunha. Cunha já foi um dos líderes da oposição são-paulina, além de ter passagem de sucesso pelo departamento de futebol no Morumbi. A aposta pode trazer a receita para estancar a crise são-paulina.
Dentro de campo, os reforços Jean Carlos e Robson (meia e atacante) devem ser apresentados em breve. O time volta a campo no domingo quando recebe o Figueirense, no Morumbi.
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