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Róger Guedes já encantou Luxa e fez dupla com corintiano antes do Palmeiras

Róger Guedes e Lucca - Fernando Ribeiro/Criciúma - Fernando Ribeiro/Criciúma
Róger Guedes e Lucca se abraçam em jogo do Criciúma em janeiro de 2015
Imagem: Fernando Ribeiro/Criciúma

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

28/04/2016 06h00

Uma arrancada para o campo de ataque da Vila Belmiro, um drible seco no marcador seguido de um chute potente, com endereço certo, barrado pelo goleiro santista. O lance resume bem a trajetória fulminante de Róger Guedes no Palmeiras: em pouco mais de duas semanas, o atacante de 19 anos passou de recém-contratado a titular da equipe em uma semifinal de Paulista.

Até chegar a essa condição, o jogador contou com o apoio irrestrito da família, da esposa e de Grizzo, um dos maiores ídolos da história do Criciúma. Além disso, viu nomes conhecidos do futebol passarem pelo seu caminho, como Lucca, Iago Maidana, Vanderlei Luxemburgo e Petkovic.

Nessa lista também está Luizinho Vieira, treinador responsável por dar a primeira chance no time do Criciúma, ainda no fim de 2014, quando Róger havia acabado de completar 18 anos. Naquela ocasião, o atacante entrou em campo nas últimas três rodadas do Brasileirão, já com o time catarinense rebaixado.

Quem é esse menino?

Com a oportunidade nos pés contra o Flamengo, Róger arrancou elogios de Luxemburgo, que chegou a consultar o Criciúma depois da partida disputada no Castelão, em São Luís. No lance, o camisa 20 passou por três jogadores rubro-negros, rente à linha lateral, e serviu Cléber Santana, que balançou a rede (assista ao lance acima).

Palmeiras-Róger Guedes - Cesar Greco/Ag Palmeiras - Cesar Greco/Ag Palmeiras
Imagem: Cesar Greco/Ag Palmeiras

"Deixei ele no banco depois que o Criciúma me deu carta branca para usar a base. O Róger entrou e fez a jogada do gol de empate. Depois teve um contato do Flamengo via Luxemburgo para saber quem era ele", relembrou Luizinho, que o escalou no time titular diante do Sport, na penúltima rodada do campeonato.

Foi no jogo derradeiro, entretanto, que o jovem atacante conseguiu projeção maior, na Arena Corinthians. Róger empatou o jogo de calcanhar após cobrança de escanteio do hoje corintiano Lucca, parceiro de ataque na maioria das partidas em que teve chance de jogar pelo Criciúma (o gol abre o vídeo acima).

Segundo Luizinho, os dois não eram tão próximos fora de campo, pois a proximidade era maior com os colegas da base, como o zagueiro Iago Maidana, contratado pelo São Paulo em setembro após uma negociação polêmica.

"O Lucca é mais velho. O Róger vinha com a base, é natural que estivesse mais rodeado por esses atletas. A trajetória dele sempre junto com a do Maidana. Eles se davam bem, são jogadores da mesma idade", ressaltou Luizinho à reportagem do UOL Esporte.

Pai de família aos 19 anos

Róger tem uma ligação muito forte com a família. Não à toa, o jogador aproveitou as duas folgas concedidas pelo Palmeiras nessa semana para voltar a Criciúma e passar algumas horas com o pai, Neco, e a mãe, Marisa. Os pais ainda puderam rever o neto, Ryan, de apenas cinco meses.

A criança é fruto do relacionamento com Sindianara, namorada de Róger há quatro anos. O casamento aconteceu no começo do ano passado. De acordo com Neco, mulher e filho acompanharam o jogador e passaram a viver em São Paulo desde a assinatura do contrato com o Palmeiras.

A ideia da família é visitar Róger na capital paulista sempre que puder. "Acompanhamos a mudança deles e ficamos tranquilos, pois ele está bem, perto da arena. Ele é muito novo ainda, é um molecão, muito apegado à família e muito caseiro", disse Neco.

Padrinho campeão da Copa do Brasil

Além de receber o apoio constante do pai — o maior incentivador da carreira —, Róger tem um padrinho famoso, titular no maior título da história do Criciúma. Trata-se do ex-meia Grizzo, campeão da Copa do Brasil de 1991, sob o comando de Felipão.

Róger Guedes-Palmeiras - Cesar Greco/Ag Palmeiras - Cesar Greco/Ag Palmeiras
Róger Guedes estreou como titular do Palmeiras contra o Santos, na Vila
Imagem: Cesar Greco/Ag Palmeiras

Grizzo e Róger nasceram na mesma cidade (Ibirubá, a 300 quilômetros de Porto Alegre). O ex-jogador começou a carreira no time de várzea Vila Nova, no fim da década de 1970, cujo dono é Neco até os dias atuais. A amizade entre as famílias, então, atravessou gerações.

"Sempre acompanhei o Róger. Ele é diferenciado, desde os seis anos, quando jogava salão. Ajudei a incentivar, a mexer com o emocional dele. Ele me ouviu bastante por eu ser amigo do pai dele há tempos", ressaltou Grizzo, que hoje é treinador do time sub-20 do Criciúma.

Dificuldades em 2015 e nova ascensão em 2016

Para Grizzo, Róger continuará tendo chances no time titular do Palmeiras. O ex-meia jogou com Cuca no Juventude, em 1995, e foi comandado pelo atual técnico alviverde no Avaí, em 1999. "O Cuca é ousado. Eu tinha certeza que ele ia gostar do Róger. Fiquei muito contente com a chance que ele teve contra o Santos na semifinal", disse.

Para mostrar o bom futebol de 2016, Róger teve de superar um período complicado no ano passado. Depois da chegada do técnico Petkovic, o atacante perdeu espaço e teve de voltar ao time sub-20. Sem entrar em campo regularmente, Róger ganhou seis quilos — todos perdidos na última pré-temporada.

"O Criciúma estava com mais de 40 jogadores no elenco. Ele ficava na cidade, não viajava, não tinha sequência. Ele engordou um pouco, mas recuperou depois que o Roberto Cavalo assumiu no fim do ano passado", disse Grizzo.

"Ele só me deu trabalho na base na parte individual. Eu queria mais coletivo. A personalidade dele é acima da média, de assumir o jogo, técnica e fisicamente. Ele tem arrancada. Nunca me preocupei com a parte emocional. Ele não vai sentir nada. Eu o coloquei como titular contra o Corinthians e ele foi bem", ressaltou Luizinho.
Segundo o pai do atleta, Cuca vem cuidando bem do jovem atacante nos últimos dias. "Ele conversa bastante com o Cuca. E o grupo acolheu muito bem ele. O Róger tem muito potencial, depende só dele", finalizou Neco.